Documentos revelam quadro de falência das Forças Armadas brasileiras
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Documentos revelam quadro de falência das Forças Armadas brasileiras

Celso Amorim Brasil
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(Infodefensa.com) R. Caiafa, Belo Horizonte (Brasil) – Tradicional jornal brasileiro de circulação nacional, o “Estadão” revelou nesta semana cópias de documentos sigilosos produzidos pelos estados maiores do Exército, Marinha e Força Aérea e apresentados a Presidente Dilma em recente reunião do gabinete militar. Contendo balanços atualizados do estado dos equipamentos, armamentos, meios e sistemas das três forças armadas brasileiras, estes documentos revelaram uma situação de absoluta precariedade.

Forças armadas modernas, aptas e capazes necessitam de pesados e contínuos investimentos, ou seja, o sucesso do soldado no front depende de esmerado planejamento e execução de longo prazo nos bastidores políticos, sem desvios ou retrocessos. Exatamente o contrário da prática brasileira, em se tratando dos políticos e governo federal. O resultado das décadas de abandono, das compras de oportunidade equivocadas e da falta de planejamento estratégico e execução de longo prazo podem ser conferidos nos números a seguir:

Exército Brasileiro: segundo o documento, o EB alinha 5.318 viaturas em carga, sendo que quase dois terços do total são velhos e obsoletos caminhões, jipes, veículos utilitários diversos e viaturas oficiais para transporte administrativo. Da frota de veículos blindados, cerca de 40% encontra-se parada. Dos cerca de 80 helicópteros que a Aviação do Exército dispõe, somente 39 estão em condições de vôo e operacionais. Para piorar o quadro, o “Estadão” denunciou nesta quarta feira que a previsão de dotação orçamentária para o Exército Brasileiro realizar seu trabalho na região amazônica e nas extensas fronteiras do país (SISFRON) sofreu uma redução significativa para o ano de 2012.

O pedido do Exército era para uma verba de quase um bilhão de reais em 2012, no entanto, o orçamento enviado ao Congresso Brasileiro pelo governo federal prevê o empenho de apenas 105,5 milhões de reais, ou um décimo do total pretendido. As primeiras vítimas deste tipo de situação são os radares de controle do espaço aéreo a baixa altura para os pelotões de fronteira amazônicos e a intricada rede de sensores de vigilância fronteiriça previstos, que sofrerão atrasos nas entregas. Some-se a isso a completa inoperância dos grupos de artilharia antiaérea espalhados pelo país e equipados com armamentos obsoletos e totalmente desgastados, o que compromete inclusive a qualidade da instrução ministrada e a efetividade militar do sistema.

Marinha do Brasil: Da frota de mais de 100 navios de todos os tipos que a força alinha, somente 53 estão funcionais. Dos cinco submarinos, apenas dois estão navegando e operacionais. Boa parte da frota está nas mãos de mecânicos que fazem milagres para manter em funcionamento navios muito velhos e desatualizados. A nau capitânea da frota, o Porta Aviões São Paulo, encontra-se retornando a ativa após quase cinco anos de extensos trabalhos de reparo e conserto nas suas máquinas, eixos propulsores e sistemas hidráulicos. Mesmo assim, as catapultas (aparelhos responsáveis por lançar aviões) estão avariadas, e na atualidade, o São Paulo é apenas um porta helicópteros, pois o navio é incapaz de lançar aeronaves de asas fixas, restringindo em muito sua operacionalidade e valor dissuasório. E mesmo que as catapultas estivessem consertadas, não teriam o que lançar. Dos 23 jatos A-4K adquiridos do Kuwait em 1998, dois estão sendo mantidos em condições de vôo (um mono e um biplace) para manter a proficiência dos aviadores navais, 12 estão sendo modernizados na EMBRAER e o restante da frota está sendo canibalizada para gerar um estoque de peças e componentes para os demais.

Força Aérea Brasileira – A licitação para a compra de um novo jato de combate já se arrasta por três governos e duas mudanças de nome e requerimentos. O atual FX-2 tem seu desfecho previsto para 2012, mas vozes dentro do governo já sinalizam com um possível adiamento devido à crise econômica internacional, especialmente na união européia. O fato é que dos 110 jatos de primeira linha da FAB, distribuídos entre 43 A-1A/B AMX, 54 Northrop F-5EM-FM e 12 Mirage 2000C/D, estes últimos serão desativados em 2014-16, os F-5EM a partir de 2020 e os A-1 AMX a partir de 2022, estando todos fora do inventário até 2025, segundo o planejamento do alto comando da força. Uma frota bastante envelhecida e que foi modernizada já no limiar da sua vida útil. A FAB precisa adquirir novos jatos.

Mas os problemas não se resumem aos caças. Dos 81 helicópteros que a Aeronáutica possui, apenas 22 estão voando, o que corresponde a 27% do total. Em março deste ano, época do último levantamento, eram 27 helicópteros em operação. No caso dos aviões de transporte de tropa, dos 174 que a FAB possui, 67 estão em operação, ou seja, 38%. Em março, 100 aviões deste tipo estavam voando. Aviões de instrução e treinamento caíram de 74 para 49 em funcionamento, segundo os dados divulgados pelo “Estadão“ com base em documentos oficiais. Nos bastidores, os militares da FAB reclamam e pedem reforço orçamentário. Apontam que quase 90% dos aviões têm mais de 15 anos de uso, enquanto numa força operacional o recomendável é que, no máximo 50% das aeronaves tenham mais do que 10 anos de uso.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, que está há apenas três meses no cargo, queixou-se dos baixos investimentos do Brasil no setor e pediu apoio dos parlamentares para a modernização das Forças Armadas.

Segundo o ministro brasileiro, proporcionalmente ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil é um dos países que menos investem em defesa entre os integrantes do Brics, grupo que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O orçamento atual da defesa no País representa 1,39% do PIB, enquanto a Índia investe nesta área 2,8% de seu PIB, e a China, 2,2%. Segundo os militares brasileiros de alta patente ouvidos pelo “Estadão”, estes dados esvaziam as pretensões do governo federal de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de inibir a participação do país em missões especiais da ONU.



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