Brasil implanta sua frota na comissão 'Aspirantex 2017'
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Brasil implanta sua frota na comissão 'Aspirantex 2017'

Aspirantex 2017 Brazilian Navy por Roberto Caiafa 86a
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Entre os dias 12 de janeiro a 02 de fevereiro, a Marinha do Brasil realiza a comissão Aspirantex 2017, um exercício naval destinado a aprimorar os conhecimentos e auxiliar nas escolhas profissionais de cerca de 200 aspirantes embarcados, entre homens e mulheres, egressos do 2º ano da Escola Naval.

Atuando na área marítima compreendida entre o Rio de Janeiro (RJ) e Mar Del Plata (Argentina), a comissão Aspirantex 2017 está nesse momento em visita aos portos de Mar Del Plata e Montevidéu (Uruguai).

Na sequência do exercício, serão visitados os portos brasileiros de Itajaí e São Francisco do Sul, ambos localizados no estado (província) de Santa Catarina, bem ao sul do Brasil.

Para a realização da operação, o comandante em chefe da esquadra, Vice-Almirante Celso Luiz Nazareth constituiu o Grupo Tarefa (GT) 701.1, designando o comandante da 1ª Divisão da Esquadra, Contra-Almirante Valter Citavicius Filho para liderar, coordenar e conduzir os exercícios que envolvem o emprego de diversos meios operativos da Força Naval Componente.

As metas do exercício envolvem o aprestamento dos meios da Esquadra e também contribuir para a escolha da opção de corpo e área de habilitação dos aspirantes do 2º ano da Escola Naval, sediada na cidade do Rio de Janeiro.

O GT 701.1 está composto, nessa primeira fase do exercício, pelo Navio Desembarque de Carros de Combate Almirante Sabóia (G-25), onde a reportagem de Infodefensa encontra-se embarcada, Navio Doca Multipropósito Bahia (G-40), a Corveta Barroso (V-34), o Navio Tanque Almirante Gastão Motta (G-23) e as fragatas Type-22 Greenhalg (F-46) e Rademaker (F-49).

Na segunda fase, que começará dia 24 de janeiro, também irão se juntar ao GT 701.1, em apoio as operações, o submarino Tupi (S30), o navio-patrulha Benevente (P61) e unidades aéreas do Comando da Força Aeronaval e aeronaves da Força Aérea Brasileira.

Está prevista a participação do navio-patrulha-oceânico Amazonas (P-120), mas no dia 19 de janeiro esse meio foi destacado para auxiliar na recuperação dos destroços de um avião civil que caiu no litoral do Rio de Janeiro (região de Paraty, famoso balneário de luxo).

Entre os passageiros que faleceram na queda do avião está o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Javascki, relator em uma das maiores investigações sobre corrupção já feitas no Brasil, a Operação Lava-Jato, que envolve diversos políticos, empresários e funcionários públicos da alta administração federal.

Aspirantes e as Operações Navais

Na desatracação do porto, no Rio de Janeiro, o GT 701.1 realizou a navegação em canal varrido (livre de minas) e enfrentou a oposição de submarino (S30) estrategicamente posicionado na saída para o mar aberto, sendo apoiados nessa tarefa por um helicóptero antissubmarino SH-16 Sea Hawk do Esquadrão HS-1 "Guerreiro" e aeronave de patrulha marítima e guerra ASW/ASUW Lockheed P-3AM da Força Aérea Brasileira.

Já em mar aberto, as operações aéreas dos helicópteros navais embarcados no NDM G-40 Bahia e nas fragatas Type-22 serviram para adestrar as tripulações dos navios dotados de convoo, nas fainas de lançamento e recolhimento desses meios.

Em paralelo a essas atividades, foram realizados treinamentos de CAV (controle de avarias), onde danos em combate e incêndios a bordo (simulados) foram combatidos por equipes compostas pelos aspirantes, orientados pelos tripulantes dos navios.

Exercícios de Postos de Abandono , circulação interna a bordo e correta localização e operação das balsas salva vidas, dentre outros, demonstraram aos alunos da Escola Naval os perigos das atividades a bordo.

Em todos os dias de mar, durante a primeira fase, foram realizados inúmeros exercícios de Postos de Combate, visando verificar a prontidão operacional e aptidão das equipes de bordo, e tarefas como detecção de ruídos (A/S), Leap Frog/Light Line, manobras táticas e operações aéreas.

O tiro noturno contra granada iluminativa (GIL) e o tiro diurno contra alvo conhecido como "Killer Tomato" foi executado com o uso dos canhões automáticos de 20 mm, 40 mm e metralhadoras pesadas de 12,7 mm existentes a bordo dos navios.

O NDCC G-25 Almirante Sabóia demonstrou excelente pontaria nas duas ocasiões, anotando diversos impactos certeiros nos alvos. Os outros navios do GT 701.1 não ficaram atrás, apresentando um desempenho satisfatório de tiro em ambas as ocasiões.

Os navios também se exercitaram no trânsito com oposição de superfície, a maior ameaça representada por mísseis superfície-superfície lançados pelo "inimigo".

Do toque para Postos de Combate, passando pelo impacto do míssil (simulado) e o acionamento do CAV, é impressionante o profissionalismo e rapidez com que as equipes executam suas tarefas.

Esses eventos a bordo dos navios contam com a participação direta dos aspirantes, seja no preparo e planejamento, seja na execução como instruendos, ou indiretamente, como observadores, caso do tiro diurno e noturno com munição real.

Comandante de Operações Navais a bordo

O Comandante de Operações Navais da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Sérgio Roberto Fernandes dos Santos, chegou a bordo do NDCC G25 Almirante Sabóia após transporte desde terra por um helicóptero UH-15/H225M da Aviação Naval (ver entrevista exclusiva).

Na sequência das atividades, o CON realizou uma visita ao NDM G-40 Bahia, onde conversou com os aspirantes embarcados, mesma atividade realizada anteriormente no NDCC G-25 Almirante Sabóia, quando da sua chegada a bordo.

Light Line/ Transferência de Carga Leve

Uma das mais tradicionais fainas (tarefa) da vida no mar, o Light Line consiste na aproximação e lançamento de uma retinida (cabo leve), e na posterior troca deste por cabos cada vez mais pesados, capazes de suportar a Transferência de Carga Leve (TCL) entre os dois navios, que navegam lado a lado, mantendo velocidade e proa constantes.

Uma típica tarefa feita em equipe, é toda comandada através de toques de comando por apitos e emprego de sinaleiros, tudo isso enquanto os navios permanecem próximos.

A TCL dessa vez envolveu um marco histórico. Na faina realizada entre o NDCC G25 Almirante Sabóia e a fragata F-49 Rademaker, aconteceu a primeira travessia TCL realizada por uma mulher, a aspirante Amanda Passos.

Primeiro, foi feito um teste com uma carga inerte equivalente a uma vez e meia o peso da aspirante, e após, a passagem real entre navios.

Na proa do NDCC G-25 e da F-49, tripulantes em linha ou dispostos em um "carrossel" realizaram a tração e movimentação dos cabos, a comando do Senhor Mestre do Navio, normalmente o militar de marinharia mais antigo.

Comprovando a perícia das tripulações e a segurança dessa atividade, a aspirante Amanda Passos foi até a F-49 e voltou a bordo do G-25 incólume.

Mergulhadores de Combate!

O exercício denominado SURFEX 983 constou do emprego de um destacamento GRUMEC ao qual foi ordenado abordar um navio "suspeito", no caso o G-25, com o emprego da técnica Fast Rope, a partir de um helicóptero UH-15.

Em uma das portas da aeronave, um GRUMEC armado com fuzil sniper PGM Ultima Ratio, em calibre 7,62 mm, provê a segurança pelo ar do destacamento.

Quando o UH-15 chega sobre o convoo, os GRUMEC descem pelo cabo e rapidamente assumem posições na proa do navio, avançando decididamente em direção ao passadiço. Do ar, e circulando sobre o navio, o UH-15 provê a cobertura aérea.

Após rápida subida pelas escadas externas, é dada a ordem para que TODOS no passadiço deitem-se no chão, para verificação (revista) e apreensão de armamento, caso seja encontrado.

Na simulação, dois fuzis de assalto são encontrados com os "tripulantes", e o imediato do navio e seus oficiais são detidos para averiguação posterior, assim como os tripulantes que estavam armados. O material é confiscado e anexado nos autos de abordagem.

Os GRUMEC, tropa de elite da Marinha do Brasil, egressos do Batalhão Tonelero, apresentaram uma novidade nesse treinamento.

Além do emprego de fuzis de assalto HK 416 em calibre 5,56 mm, foi possível observar os novos uniformes e equipamentos adotados (ainda em testes), como capacetes táticos, todos camuflados em vários tons de cânhamo, bem diferente do material anteriormente empregado.

Após a finalização da apresentação, aconteceu uma palestra para os aspirantes a bordo, onde dúvidas sobre a carreira nas Forças Especiais da Marinha foram sanadas, e a vida desses militares foi apresentada pelo comandante do destacamento aos aspirantes. Por questões de segurança, nenhum dos GRUMEC pode ser identificado, e seus rostos nas fotos estão distorcidos intencionalmente.

GT 701.1 no Uruguai

Na chegada ao porto de Montevidéu, o NDCC G-25 Almirante Sabóia, líder do grupo de navios, saudou a terra com a tradicional salva de 21 tiros protocolares, prontamente respondida de terra pelos uruguaios.

Após a faina de atracação, que envolveu diversos rebocadores e um prático, foi realizada a bordo solenidade de recepção do Embaixador do Brasil no Uruguai, Sr. Hadil da Rocha Vianna, e dos adidos militares, oficiais coronéis da Força Aérea Brasileira e Exército Brasileiro, além de autoridades uruguaias lideradas pelo Comandante-em-Chefe da Armada daquele País, Almirante Leonardo Gustavo Alonso Chiappara.

No dia 23 de janeiro, o GT.701.1 suspenderá de Montevidéu e Mar Del Plata, reunindo-se em alto mar para empreender a segunda parte da Aspirantex 2017.

Na fase complementar da comissão, ocorrerão treinamentos e exercícios como Transferência de Óleo no Mar (TOM) e reabastecimento de aeronave em voo (In Flight Refueling ou IFR) e Trânsito com Oposição de Submarinos, dentre outros.

O destino final do GT 701.1 será a cidade do Rio de Janeiro/Base Naval da Ilha do Mocanguê.

Galeria com 65 imagens da Aspirantex 2017

Por Roberto Caiafa, texto e imagens, diretamente de Montevidéu, Uruguai, para Infodefensa.



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