ADB-3x01 de Airship do Brasil excede o seu primeiro voo 1
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ADB-3x01 de Airship do Brasil excede o seu primeiro voo 1

El dirigible ADB-3-X01 de Airship de Brasil. Foto: Roberto Caiafa.
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América Latina tem o seu primeiro dirigível e o Brasil foi o país que teve sucesso. A Airship do Brasil realizou o voo público inaugural do ADB-3-X01, primeiro dirigível (lighter than air ou LTA) tripulado desenvolvido na América Latina, em suas instalações/hangar localizado na Chácara das Rosas, município de São Carlos, interior do Estado de São Paulo, e Infodefensa estava lá. A visita resultou em dois importantes relatórios que depois reproduz a primeira parte.

O evento contou cerca de 800 pessoas, dentre convidados, autoridades, empresários do Cluster Aeroespacial do Estado de São Paulo e imprensa.

Destaque para as presenças do prefeito de São Carlos, Airton Garcia, do presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Guilherme Campos, do presidente da Transportes Bertolini, Dr. Irani Bertolini, e o presidente da Airship do Brasil, Dr, Paulo Vicente Caleffi.

O desenvolvimento do projeto ADB-3-X01 teve a participação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A (Eletronorte), que muito agregaram na customização para o emprego do dirigível no Sistema Elétrico.

Com 49 metros de comprimento e 17 metros de altura, o modelo ADB-3-X01 tem um payload de uma tonelada, usado para transportar diversos equipamentos para uso no sistema elétrico, na versão civil, ou sensores ópticos/radar, equipamentos de comunicações, holofotes (incluindo luz infravermelha), na versão militar.

O tipo tem uma gôndola (posto de pilotagem) com espaço para cinco passageiros mais o piloto, construída com estrutura em aço revestida com fibra de vidro moldada a vácuo.

A aviônica de navegação e pilotagem Garmin apresenta duas telas principais LCD coloridas para o comandante, sentado a esquerda. O motor, um Lycoming IO 540 K2 A5, entrega 300 HP de potência e pode acelerar o dirigível até 85 km/h.

A visibilidade é ampla em todas as direções, exceto para trás e para cima.

Para flutuar, é usado o princípio/conceito de suspensão aerostática, onde 90% da flutuabilidade é obtida através do uso de gás hélio inerte acondicionado dentro do chamado "envelope", o charuto do dirigível, os 10% restantes são obtidos com a eficiência dos controles aerodinâmicos montados a meia nau e na cauda, efetivos a partir de uma certa velocidade, e somente quando o motor de tração está acionado.

A sustentação aerodinâmica é gerada graças ao formato especial do casco, que funciona parcialmente como asa, e depende da velocidade atingida e do ângulo de incidência comandado para o veículo em relação ao escoamento do ar em torno do mesmo.

Enquanto o dirigível não alcança essa condição ele pode apenas subir e descer.

Um duto coletor da exaustão do motor Lycoming (montado em configuração pusher) serve para aquecer e inflar os "balonetes" internos, dispostos em volta do envelope. Na entrada do duto existe uma válvula.

Quando o piloto quer inflar mais os balonetes (subir), a válvula é aberta e o fluxo de ar quente do motor é liberado para o interior destes, o contrário para conseguir descer.

Com esse procedimento se obtém o controle de pressão no interior do envelope e o controle aerostático (subida e descida do dirigível). Isso representa uma enorme economia de combustível, e mais manobrabilidade e estabilidade.

O grande avanço nas ferramentas computacionais para modelagem estrutural e aerodinâmica fez com que o projeto se tornasse altamente dimensionado, com consequente redução de peso e aumento da carga paga da aeronave.

Sistemas de controle com motores vetorados (nos quais o empuxo é direcionado de acordo com a manobra a ser executada) permitiram que as manobras em voo, na navegação e em missões ganhassem precisão.

O uso do hélio como gás sustentador, mesmo sendo aproximadamente 9% menos eficiente do que o hidrogênio e relativamente escasso (é retirado por fracionamento de gás natural), tornou-se a alternativa mais viável e segura para a sustentação dos dirigíveis, já que não é inflamável nem poluente.

Avaliado em cerca de US$ 20 milhões, o modelo ADB-3-3 (baseado no protótipo ADB-3-X01 mas com capacidade de carga expandida três toneladas) deverá ser comercializado no segmento civil ao final de 2018, segundo previsões da ADB.

O dirigível é bastante versátil, atuando no treinamento de pilotos, voos de reconhecimento vigilância e patrulhamento, propagandas (publicidade em grandes eventos), apoio e manutenção de linhas de transmissão de energia elétrica, prevenção de queimadas, controle de fronteiras, busca e salvamento e o transporte de pequenas cargas ou passageiros para áreas de difícil acesso e sem infraestrutura aeroportuária.

“Nós temos um acordo com as Forças Armadas que prevê o monitoramento da Calha Norte, na região amazônica”, conta o gaúcho Paulo Caleffi, presidente da Airship, “Mas esta parceria também prevê o treinamento de pilotos e a disponibilização do dirigível para eventuais missões, como já ocorreu com outros produtos da empresa durante o período dos Jogos Olímpicos Rio 2016, junto à Força Aérea Brasileira”.

Segundo Caleffi "A ADB já iniciou o procedimento de "procurement" e aguarda autorização na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para iniciar a construção do primeiro exemplar do ADB-3-3, prevista para ser concluída em um prazo de 12 meses. Dessa forma, e através de tecnologias desenvolvidas localmente, o Brasil torna-se o quinto País a dominar o ciclo completo para construir esse tipo de aeronave, juntamente com Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido e China", completa o executivo.

Uma empresa 100% brasileira

A Airship do Brasil Indústria e Serviços Aéreos Especializados desenvolve, fabrica, comercializa e opera aeronaves e soluções utilizando tecnologias mais leves que o ar (lighter than air - LTA).

Companhia 100% nacional pertencente ao Grupo Bertolini, a ADB é reconhecida por incorporar em seus projetos tecnologia avançada. Conta, ainda, com um escritório de relações institucionais na capital federal, Brasília (DF).

A empresa é focada no desenvolvimento de equipamentos mais leves que o ar voltados para o transporte de carga, patrulhamento de infraestruturas, serviços de sensoriamento e monitoramento. Oferece ainda serviços de apoio logístico, segurança, vigilância, publicidade, geofísica aérea, meteorologia e meio ambiente.

Inicialmente, as instalações da ADB foram baseadas na cidade de Barueri (2005), mas a companhia mudou-se para São Carlos em 2010. Seus primeiros produtos foram os dirigíveis não tripulados radiocontrolados (modelos ADB-1 e ABD-2), introduzidos a partir de 2009. A empresa também atuou no desenvolvimento de balões cativos de vigilância empregados nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Em 27 de março de 2015, a ADB inaugurou suas instalações as margens da rodovia Presidente Washington Luiz (49 hectares), um investimento de R$ 10 milhões, vertidos principalmente na área de pesquisa e projetos. Também foram empenhados créditos de R$ 9 milhões oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), primeira parcela de um financiamento acordado em R$ 103 milhões.

A fábrica foi dimensionada para atender a uma encomenda de sete dirigíveis ADB-3-3 (mais a construção e o desenvolvimento do protótipo ADB-3-X01) colocada pela Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), sociedade anônima de economia mista e subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobrás).

Com sede no Distrito Federal, a Eletronorte gera e fornece energia elétrica aos nove estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).

O ADB-3-3 (payload ampliado para três mil quilos) vai atuar na manutenção de linhas de transmissão de energia elétrica em lugares remotos e de difícil acesso por terra, modificando por completo uma doutrina de emprego que hoje se utiliza de uma complexa e dispendiosa logística de helicópteros e/ou balsas.

Esse primeiro modelo dará lugar, mais a frente, ao gigantesco ADB-3-30, o primeiro dirigível cargueiro do seu tipo no mundo com capacidade de suspender até 30 toneladas.

Atingindo quase 150 metros de comprimento, diâmetro do envelope de 35 m e altura de 50 m (equivalente a um prédio de 18 andares), ele será capaz de realizar a inspeção, manutenção e construção de linhas de transmissão elétrica; prover logística pesada pelo ar em regiões sem infraestrutura para outros modais de transporte; levar grandes containers com carga sensível entre pontos distantes nos chamados vazios logísticos, etc.

Só existem 22 dirigíveis similares ao brasileiro certificados nos Estados Unidos e três na Europa, e nenhum com as dimensões a capacidades do proposto ADB 3-30.

O modelo despertou o interesse de outra nação que também possui grandes vazios territoriais/logísticos, o Canadá, através da Universidade de Manitoba. Essa prestigiosa instituição de ensino assinou acordo de desenvolvimento conjunto com a Air Ship do Brasil.

O projeto foi mencionado pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos da América, que incentiva a ideia.

O ADB-3-30 irá revolucionar completamente o trabalho de construção das linhas de transmissão de energia elétrica em locais de difícil acesso ou isolados, pois ao invés de transportar pequenas partes de uma torre, como um helicóptero de médio/grande porte faria, para serem encaixadas e montadas (com todo o risco inerente a esse tipo de operação), ele simplesmente transporta a torre inteira, pré montada em um sítio especialmente preparado, até o seu local de instalação!

Nas manutenções, o ADB-3-30 poderá "descer/subir" pessoal e equipamentos até a torre danificada através da gôndola sem a necessidade de contato com o solo, eliminando dispendiosas operações de apoio TASA por terra, necessárias para apoiar helicópteros voando a dezenas de quilômetros de sua base, em meio a um ambiente inclemente.

Esse colosso vai demandar a criação de uma nova e maior fábrica, segundo executivos da ADB e investidores parceiros.

Na fábrica atual, a máquina de corte existente, CNC a laser, pode cortar peças de 50 metros de comprimento, ainda muito pouco para as partes previstas, muito maiores, do ADB-3-30. A grande "sacada" na construção de dirigíveis é justamente diminuir a quantidade de emendas (feitas com solda a quente) no tecido do "envelope".

Imagens: Roberto Caiadfa/Airship do Brasil/Lockheed-Martin Company

Continua em 'O Exército Brasileiro está comprometida com utilidade militar de ADB-3-X01 (e2)'



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