C. Queiroz Abimde: "Sofremos, sim, mas agora esperamos por melhores dias"
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C. Queiroz Abimde: "Sofremos, sim, mas agora esperamos por melhores dias"

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Eleito para o cargo no início de 2016, Carlos Frederico Queiroz de Aguiar é o presidente da Abimde pela 3ª vez.

Nos mandatos anteriores da sua administração buscou-se a consolidação da credibilidade da instituição, e o aumento da sua representatividade, quando cresceu mais de 1.000% em números de associados, na atualidade a demanda é a criação de um diálogo amplo com a sociedade brasileira.

Os ciclos anteriores de representatividade da instituição mostraram a qualidade e competência da ABIMDE como interlocutores do setor, a capacidade de gerir interesses comuns associativos de classe, mantendo parcerias profícuas e de longo prazo com diversos governos, bem como produzir resultados em âmbito nacional para o setor.

O objetivo declarado da ABIMDE, nesse novo ciclo, é aproximar a agenda da instituição da opinião pública e conseguir a inserção definitiva dos conceitos de Defesa e Segurança Pública na cultura nacional, algo ainda muito incipiente. O Infodefensa.com conseguiu conversar com a Queiroz para conhecer em profundidade o mercado brasileiro e os objetivos da associação.

O Brasil perdeu importância ao insistir em uma economia baseada na matéria-prima (commodities) em detrimento da produção de itens com alto valor agregado?

Não concordo com essa hipotética perda de importância estratégica. O que ocorre hoje é que, em decorrência da crise política e econômica dos últimos anos, o País se impôs um recuo tático para reorganizar a casa. No entanto já há sinais evidentes da reafirmação da nossa importância estratégica junto aos nossos parceiros econômicos e isso fica evidenciado nas diversas feiras internacionais, que temos participado, e não deverá ser diferente na FIDAE, a ser realizada em abril no Chile e na qual as empresas brasileiras, com o apoio da Apex, estarão fortemente representadas. O interesse continuado dos países em relação aos nossos produtos e mercados está também sendo traduzido pelo alto interesse de países compradores em participar da RIDEX 2018 (na qual está inserida também a mostra BID 2018), que será realizada em junho na cidade do Rio de Janeiro, organizada pela Engeprom em associação com ABIMDE/SIMDE e com o apoio total do Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Defesa, Ministério da Segurança, SAE e das Forças Armadas.

Os dois tipos produtivos podem ser complementares?

E importante que se diga que não se pode fazer uma contraposição entre exportação de commodities e produção de alto valor agregado. Nós somos um dos poucos países do mundo que podemos atuar na vanguarda nos dois campos. Precisamos fazer valer esse potencial (bastante desenvolvido em commodities) para produtos de alto valor agregado como os do setor de defesa.

Qual o papel reservado a indústria em áreas como segurança, controle de riquezas naturais e reequipamento das Forças Armadas e de Segurança?

A Base Industrial de Defesa, que inclui as indústrias fabricantes de materiais de defesa e mais as instituições de ciência, engenharia, tecnologia e ensino, estão prontas, do ponto de vista da capacidade e do alinhamento ao que melhor existe de tecnologia no mundo, para auxiliar o Estado brasileiro em suas prioridades estratégicas nessa área. Está aí para exemplificar isso a presença da Base Industrial de Defesa em projetos estruturantes como o Sisfron (Sistema de Vigilância de Fronteiras) e o Sisgaaz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul). Da mesma forma acontece no setor de segurança, cuja parceria com a BID é antiga e de sólida confiança recíproca.

Falta um apoio mais efetivo aos programas de pesquisa & desenvolvimento da Base Industrial de Defesa brasileira?

Tratar uma questão pontual sem enxergar o todo é um equívoco que embaça a visão e nos impede de vislumbrar soluções. O que temos vivido é uma crise econômica profunda, que agora parece dar sinais de abrandamento. Sofremos, sim, grande baque na escassez de recursos para esses programas, mas temos esperança de que, com a retomada do crescimento econômico e com a tomada de consciência da nação para importância de programas de defesa e segurança para o exercício da soberania e da cidadania, haveremos de viver dias melhores.

Você está no comando de Abimde e Carlos Erane de Aguiar da Comdefesa Fiesp.

É necessário separar as coisas para que não se tenha impressão de pertencerem à mesma constelação. Fui eleito presidente da ABIMDE em 2015 para cumprir um mandato de três anos que se encerra em dezembro de 2018. Anteriormente, já havia sido presidente por dois mandatos: 2007/2009 e 2009/2011, num tempo em que o mandato era de dois anos. O Sr. Carlos Erane de Aguiar foi eleito para a presidência do SIMDE em 2015, em mandato que se encerra também em dezembro de 2018.

Mas o que motivou as mudanças?

No final de 2017, as circunstâncias dadas por um ambiente de crise econômica e política no país e que tiveram reflexos no setor, impuseram ao Conselho da Entidade a necessidade de revitalizar o quadro da organização. Procuramos fazer isso sem açodamento e, agora, no mês de março o Conselho escolheu para a vice-presidência executiva, o jornalista José Cláudio Manesco, com ampla vivência no setor corporativo sindical, governamental e empresarial e que desde 2007 tem atuado junto à ABIMDE, tendo colaborado no processo de conversão da MP 544 na Lei 12.598, que criou a Empresa Estratégica de Defesa. Ele substitui o diretor técnico Armando Lemos - que cumpriu muito bem esse período de interinidade, no qual houve um aprimoramento interno da instituição para fazer frente às necessidades de melhor atender às associadas – e que agora volta às suas funções originais.

E Comdefesa?

Voltando à questão do Comdefesa, é importante rememorar que o destino levou prematuramente o saudoso Jairo Cândido e para sua sucessão o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, lançou mão de quem já era presidente do SIMDE e membro eleito de sua diretoria, o Sr. Carlos Eranes de Aguiar, para cumprir uma lacuna bastante difícil de ser preenchida, soando mais como uma missão do que a um desejo.

O que se pode esperar desse binômio familiar de dirigentes em 2018?

O que posso lhe assegurar é que o setor de defesa com a ABIMDE, SIMDE e diversos Comdefesas (ligados às Federações das Indústrias de cada Estado) espalhados pelo país deverão seguir juntos, de forma estruturada, em busca do fortalecimento de nossas empresas e de nossas instituições científicas, tecnológicas e de ensino. As pessoas são transitórias e a relação de parentesco, ora observada, é meramente circunstancial. O que importa é uma plataforma unificada setorial, a fazer sentido para suas instituições e, principalmente, para o País.

Em que Abimde está trabalhando agora?

Abimde está trabalhando no aprimoramento das chamadas Medidas Viabilizadores para o setor de defesa e segurança. Essas medidas tiveram sua primeira edição em 2011, foram aprimoradas em 2013 e agora estamos num processo de revisá-las. A ideia é que sirvam de base para uma unificação do discurso de todo o setor nesse ano de eleições, no qual será importante que os diversos segmentos políticos da nação entendam o que somos e o que representamos em termos econômicos, sociais e de desenvolvimento tecnológico.

Alguma mensagem para o setor?

Quero convidar a todos para que participem da RIDEX, Rio International Defense Exhibition e BID Brasil, Mostra da Base Industrial de Defesa do Brasil, que irão reunir agentes das áreas de Defesa, Segurança e Offshore em evento a ser realizado no Rio de Janeiro, nos dias 27, 28 e 29 de junho de 2018. A programação incluirá palestras, exposição de novidades da indústria de defesa e segurança, além de demonstrações de lanchas, navios e aeronaves na Baía da Guanabara.



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