Brasil fecha um ano cheio de marcos e mudanças
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Brasil fecha um ano cheio de marcos e mudanças

Inauguração da fábrica Gripen no Brasil. Foto: Roberto Caiafa.
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Apesar dos cortes nos orçamentos militares e contingenciamentos de recursos experimentados pelos principais programas militares brasileiros entre 2016 e 2017, o ano de 2018 chega ao fim com um saldo positivo para as três forças.

Em fevereiro, o Ministério da Defesa mudou seu titular, saiu Raul Jungmann, assumiu o general-de-exercito R1 Joaquim Silva e Luna.

O futuro ministro da Defesa, general R1 Fernando Azevedo e Silva, anunciou no final de novembro os nomes dos novos comandantes das Forças Armadas:

Marinha: almirante Ilques Barbosa Júnior; Exército: general Edson Leal Pujol; Aeronáutica: tenente-brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez.

Na Marinha, Ilques Barbosa Júnior substituirá Eduardo Bacellar Leal Ferreira; no Exército, Edson Leal Pujol assumirá no lugar de Eduardo Villas Bôas; e na Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez substituirá Nivaldo Luiz Rossato.

Os atuais comandantes das Forças Armadas estão nos cargos desde janeiro de 2015, nomeados pela então presidente Dilma Rousseff.

Exército Brasileiro

O risco de desgaste institucional que a Força Terrestre assumiu em fevereiro de 2018, junto com o protagonismo da Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro (tomado por corrupção endêmica em todos os setores da vida pública) foi bem administrado (apesar da inevitável perda da vida de militares e civis).

O fato é que o Gabinete de Intervenção Federal (GIF) conseguiu melhorar os índices de segurança no Estado do Rio de Janeiro, mas ainda há muito a ser feito.

Policiais militares e civis foram afastados, reformas profundas foram introduzidas nas corporações, regras de engajamento no combate ao crime urbano passam por um amplo debate com a sociedade e investimentos em novos equipamentos, tecnologias e armamentos estão ajudando as Forças de Segurança cariocas a se recomporem pouco a pouco.

Entre as entregas, resultado de quase R$ 500 milhões investidos, constam fuzis de assalto, pistolas semi-automáticas, munições diversas, pistolas tasers (Guarda Municipal), vestuário, equipamentos táticos, radiocomunicações, reforma de instalações, atualização de sistemas computacionais, integração de plataformas e substituição de material obsoleto, requalificação de pessoal militar e treinamento operacional/logístico em parceria com Exército, Força Aérea e Fuzileiros Navais, reformulação de toda a Inteligência, e a aquisição, governo a governo, de viaturas IVECO Lince MK2 usadas, do Exército Italiano.

Em agosto, durante exercício de tiro real da Brigada de Artilharia Antiaérea, foram confirmadas novas encomendas de mísseis MANPADS do tipo Saab RBS-70, em setembro, durante a entrega de mais viaturas do Programa Astros 2020, Infodefensa confirmou que o programa do míssil de cruzeiro MTC-300 não só está em curso como o alcance da versão brasileira para defesa nacional tem alcance significativamente maior.

Outro programa, o míssil anti-carro MSS 1.2 AC, sob responsabilidade da SIATT, completou mais uma campanha de desenvolvimento com sucesso. Considerado obsoleto por alguns pelo fato de usar guiamento laser bean rider, o MSS 1.2 AC pode destruir praticamente todos os tipos de veículos blindados em serviço no continente, exceção feita aos modernos Leopard 2A4 chilenos.

Também em agosto, o Exército comunicou oficialmente a sua desistência em participar da Missão de Imposição de Paz na República Centro Africana (RCA). O fato é que quando as três forças foram inspecionadas pela ONU, verificou-se que não estavam adequadamente equipadas para atuar em um cenário “hot” como a RCA.

No setor de material, o EB recebeu mais de 100 veículos blindados, entre obuseiros autopropulsados M-109, veículos remuniciadores para os obuseiros, veículos postos de comando e posto rádio/ambulância, veículos oficina/resgate especializados e outros materiais chegaram ao País após serem adquiridos nos Estados Unidos via FMS.

O Programa Estratégico do Exército Brasileiro Guarani anotou a entrega do exemplar de nº 300, e mais estações remotas de armamento ARES REMAX e seus simuladores de treinamento foram adquiridos para estes blindados 6x6.

A modernização dos blindados M-113 completou mais um lote expressivo de veículos. O Programa Astros 2020 recebeu um lote de viaturas chave do programa, como o veículo equipado com radar diretor de tiro e veículos oficina/resgate, dentre outros.

O 16º GLMF (nova unidade operadora Astros 2020) deverá se juntar ao seu equivalente já existente, o 6º GLMF, compondo assim o Forte Santa Bárbara (O 16º usando chassis TATRA e o 6º usando chassis Mercedes).

Na fronteira, o projeto-piloto do SISFRON (fronteira com a Bolívia) atingiu 100% de operacionalidade de sistemas, equipamentos e integrações, fase que anotou atraso de quase três anos para ser alcançada.

Programas Estratégicos como o OCOP propiciaram entregas de novos materiais de engenharia, de comunicações, inclusive satelitais, de saúde, de apoio ao combate, material logístico, embarcações para uso na Amazônia, etc.

Na área de exercícios internacionais, destaque para o Viking, realizado pela primeira vez simultaneamente na Europa (Suécia) e na América do Sul (Brasil) simulando um ambiente de operação de imposição da paz das Nações Unidas/United Nations.

No relacionamento com os vizinhos, o ano foi dominado pela questão da Guiana, e depois, pelo êxodo de populares venezuelanos, tornando a vida na pacata cidade brasileira de Pacaraima algo muito difícil desde então.

Essa situação deu origem a Operação Acolhida, e assim, o Governo Brasileiro, através das Forças Armadas e com o apoio de órgãos do Governo começou a receber, identificar, inspecionar sanitariamente e encaminhar milhares de venezuelanos imigrantes para Estados mais no interior do Brasil, após receberem documentos brasileiros.

Após um intenso treinamento das primeiras equipagens ainda na Itália, os primeiros quatro Iveco Lince MK2 foram recebidos pelo Exército no início de novembro, e imediatamente colocados nas operações do Gabinete de Intervenção Federal na cidade, sendo operados meio a meio por militares dos Fuzileiros Navais e do Exército Brasileiro.

Força Aérea Brasileira

O Embraer KC390 movimentou 2018 na Força Aérea Brasileira, juntamente com o caça F-39 Gripen E/F.

No início do ano foi decidido que a ALA 2 (Anápolis) receberia os novos modelos de aeronaves, tornando aquela base aérea a mais estratégica da FAB (quando estiver completa).

O Grupo Kilo é o responsável por planejar a entrada em serviço do KC-390 na FAB, assim como o Grupo Fox faz o mesmo com relação ao sofisticado F-39 Gripen E/F.

O “Escândalo Novaer” estourou em fevereiro com demissões em massa na unidade da empresa em São José dos Campos, no interior do Estado de São Paulo.

No final de 2017 o Governo dos Emirados Árabes Unidos enviou um cargueiro ao Brasil, a pedido de uma empresa de Defesa daquele País, e os dois protótipos do B-250 Bader (desenvolvidos em segredo pela Novaer em menos de dois anos por encomenda da Calidus LLC) foram embarcados e levados para exposição no Dubai Air Show.

Logo após, a Novaer entrou em crise e ocorreram as demissões. Não se sabe o status atual da empresa.

O compromisso SAR que o Brasil tem na FIR Atlântico foi reforçado com a chegada do terceiro bimotor SC-105 Amazonas configurado como C-SAR, ampliando as capacidades brasileiras nessa área.

A empresa paulistana Air Mod anunciou no início de março um contrato de modernização para aeronaves T-27 Tucano de um cliente estrangeiro, movimentando o mercado de upgrades desse modelo com uma proposta de excelente custo x benefício.

Em abril, durante a FIDAE 2018, o KC-390 foi o protagonista de uma feira com poucas novidades como o F-35 Lightning (estático), e onde a aviação de transporte militar esteve forte e muito bem representada em todos os seus tamanhos.

APEX/ABIMDE apoiaram o Pavilhão Brasil e empresas brasileiras que expuseram seus produtos e serviços no evento em Santiago. Nos bastidores, a fusão entre a Boeing e a Embraer, então sem uma definição, deram o tom a feira.

No programa KC390 surgiu um fato novo, o interesse da Boeing em levar uma linha de montagem para os Estados Unidos, de modo a enquadrar o avião na Lei Buy American Act, isso logo após o voo inaugural do 1º exemplar de produção, no Brasil. Essa manobra surpreendente faria parte da proposta de compra da Embraer pela Boeing.

O míssil de 5ª geração A-Darter, uma iniciativa Brasil-África do Sul, foi declarado pronto para o mercado (encomendas) em outubro. Junto com o Iris-T, será o armamento de curto alcance de matriz ativa off-boresight dos caças Gripen E/F da FAB.

O exercício multinacional Cruzex 2018, que recebeu 14 países, mais de 100 aeronaves de combate e cerca de quatro mil militares, movimentou a ALA 10 (Base Aérea de Natal) no final do ano.

Além da estreia da Aviação Naval operando em missões padrão OTAN/NATO junto com a FAB e demais nações participantes, como aeronaves de ataque ao solo, o exercício anotou a inédita presença da Fuerza Aerea de Peru e seus Mirage 2000P, voando lado a lado com a Fuerza Aerea de Chile.

Marinha do Brasil

O ano começou com a chegada das quatro seções do submarino S-40 Riachuelo ao Estaleiro Naval de Construção, para a integração final e união do casco (feito realizado em fevereiro) e posterior lançamento em dezembro.

Ao mesmo tempo, a Marinha anunciava o recebimento das propostas das empresas interessadas na licitação das Corvetas Classe Tamandaré (quatro exemplares novos).

A CAE foi selecionada e iniciou os trabalhos para a construção e entrega, para a Aviação Naval, de um simulador de voo do helicóptero SH-16 Seahawk do Esquadrão HS-1 Guerreiro, na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (RJ).

Três navios de apoio oceânico foram recebidos e incorporados ao final do mês de abril.

No início de maio, o Esquadrão de Aeronaves de Ataque e Interceptação VF-1 recebeu seu primeiro AF-1 Falcão biplace modernizado (N-1022).

Essa aeronave foi bastante voada em intensos treinamentos até a realização da Cruzex 2018, estreia da Aviação Naval no exercício, ao final de novembro de 2018.

Em julho, a Marinha apresentou as instalações funcionais do reator nuclear montado em terra do submarino de propulsão nuclear, que está paulatinamente sendo preparado para o início de seus testes de qualificação no interior de São Paulo (Iperó/ARAMAR).

Em agosto, foi entregue a Esquadra com grande destaque o PHM Atlântico (A-140), ex-HMS Ocean na Royal Navy.

Capaz de carregar 800 Fuzileiros Navais e seus equipamentos, mais os meios de transportá-los até as praias, o A-140 juntou-se ao navio doca multipropósito G-40 Bahia, meio de capacidade semelhante e menor porte.

A dotação de Carros Lagarta Anfíbio recebeu o reforço de 26 blindados novos do tipo, mais modernos, que foram entregues ao longo de 2018 e apresentados em dezembro oficialmente (totalizando 49 CLANF no acervo do CFN – os outros 23 também serão modernizados ao novo padrão).

Setembro anotou a entrega de mais um AF-1 Falcão monoplace modernizado, dois meses antes da Cruzex 2018. A inauguração de mais uma centrífuga (cascata de urânio) também foi outro importante marco do Programa Nuclear da Marinha do Brasil.

Em outubro a Ares/Elbit Systems entregou sensores Athena dentro do programa de modernização das fragatas Classe Niterói, da Marinha do Brasil.

Logo após, foi anunciado o short-list final da licitação da Corveta Classe Tamandaré, com um fato novo, de três consórcios previstos, a lista aumentou para quatro finalistas com a presença do Naval Group, que oferece o conceito Gowind.

Em meados de dezembro, ocorreu a entrega do submarino S-40 Riachuelo na Base e Estaleiro Naval de Itaguaí, primeiro dos quatro convencionais encomendados ao Naval Group. Espera-se a entrega do primeiro submarino de propulsão nuclear em 2029.



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