O Projeto de Modernização das aeronaves E-99 para o padrão M concluiu, na última semana, nas instalações da Embraer em São José dos Campos, interior de São Paulo (SP), o processo de pintura da primeira unidade que será entregue brevemente para a Força Aérea Brasileira (FAB).
A conclusão dessa etapa é um marco para o projeto e confirma mais um passo na direção da atualização tecnológica dos vetores da Força.
O projeto E-99M foi iniciado em 2012 é conduzido pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) junto à Embraer e fornecedores internacionais, como a SAAB, Aeroelectronica International (AELI) e Rohde & Schwarz.
Além do processo de modernização e atualização dos sistemas de missão e subsistemas relacionados, o projeto também possui acordos de transferência de tecnologia que possibilitarão avanços tecnológicos na área de defesa da indústria brasileira.
O Gerente do projeto, tenente-coronel aviador Fabio Pires Vieira, esclareceu a importância da conclusão de mais uma etapa do projeto. “A conclusão dessa etapa é um indicativo importante de que, apesar de todas as adversidades enfrentadas em função das restrições impostas pela pandemia da COVID-19, a entrega da aeronave para emprego operacional ocorrerá este ano, conforme planejado”, afirmou.
O emprego das aeronaves AEW&C é indispensável em um cenário de operações aéreas, em face da flexibilidade de posicionamento da aeronave juntamente com a capacidade do detecção de tráfegos à baixa altura, permitindo realizar a cobertura radar das áreas de interesse do Comando da Aeronáutica (COMAER), além do controle das aeronaves, independentemente da estrutura de Comando e Controle existente no solo.
A modernização dos sensores aeroembarcados da aeronave E-99 permitirá à Força Aérea Brasileira ampliar a sua capacidade de execução de missões de Controle e Alarme em Voo, Reconhecimento Eletrônico, dentre outras.
A modernização focou em aspectos técnicos de performance e atualização dos sensores da aeronave, mas não previu a instalação de uma sonda para reabastecimento em voo (IFR), um recurso vital para aumentar o alcance e a persistência desses aviões em longas missões de controle do espaço aéreo.
Essa função chegou a ser testada pela fabricante brasileira em parceira com a Força Aérea Brasileira em 2003, durante as provas de avaliação e certificação da aeronave, mas o recurso não foi incorporado na versão brasileira.
Em 2017, a Índia testou com sucesso uma sonda IFR e adotou esse equipamento para seus quatro aviões, portanto, instalar a sonda com sucesso é possível tecnicamente.
Nas fotos do FAB 6762, é possível identificar novas antenas na fuselagem, o que comprova a instalação de capacidades inéditas na aeronave E-99M, deixando-a visualmente bastante parecida com ERJ-145 AEW&C indiano.
O Embraer 145 AEW&C foi desenvolvido pela Embraer no final da década de 1990 como uma aeronave para apoiar o projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia).
O avião modicado voou pela primeira vez em 1999 e três anos depois entrou em operação com a Força Aérea Brasileira, com a designação E-99 “Guardião”.
O avião usado pela FAB é equipado com o radar multimissão Ericsson PS-890 Erieye, de antena plana e varredura eletrônica ativa.
Antes de ser modernizado para um padrão similar ao novo Global Eye no E-99M, o Erieye apresentava 192 módulos auto-direcionáveis de transmissão e recepção de sinais que permitem rastrear aeronaves de diferentes portes, mísseis de cruzeiro e embarcações.
Segundo o fabricante, com a aeronave a 7.600 metros de altitude o equipamento (sem a modernização) é capaz de realizar varreduras com alcance de 350 km ao seu redor e pode acompanhar os movimentos de até 300 objetivos (esses números aumentam com a modernização e são classificados como sigilosos).
O Brasil é o maior operador do Embraer 145 AEW&C, com cinco exemplares na frota.
Em seguida vem a Grécia, com quatro aparelhos, seguido de Índia e México, cada um com três aeronaves em serviço.
Imagens: tenente-coronel Marcones/COPAC.