A brasileira Xmobots Aeroespacial e Defesa lançou no último dia nove de junho um drone baseado no protótipo FW 150 (prefixo PP-XKB) e denominado Drargo.
Após obter aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para voos experimentais com drone classe 2 (com peso máximo de decolagem entre 25 kg e 150 kg), a aeronave, de aproximadamente 115 kg, inicia nesta semana um projeto piloto que prevê a entrega de produtos de saúde em áreas remotas pelo país.
Ainda em fase inicial, o projeto, que conta com a colaboração de técnicos da ANAC, tem por objetivo futuro o transporte de carga de pequeno e médio porte em distâncias de até 1.000 Km e em operações além da linha de visada visual (beyond visual line of sight - BVLOS), quando o operador não precisa ter contato visual direto com a aeronave.
De acordo com o cronograma da XMobots, o processo deverá ser concluído ainda em 2022.
Até a conclusão de todo o trabalho, a empresa precisará atestar, por meios de ensaios técnicos, que o projeto está em conformidade com as regras gerais para operação de aeronaves não tripuladas de uso civil — o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial (RABAC-E) nº 94, publicado pela Agência em maio de 2017.
O Superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC — área responsável pela análise e condução dos projetos de certificação de aeronaves remotamente pilotadas, Roberto Honorato, se mostra otimista com os projetos apresentados à Agência para o desenvolvimento comercial de atividades que tem o drone como meio de transporte.
Na sua avaliação “o serviço de delivery realizados com essas aeronaves é o que tem o maior potencial de crescimento a curto e médio prazo, e um dos mais promissores também”.
FW-150 Drargo
De design inovador, o Drargoapresenta uma fuselagem maciça que oferece grande volume (seção transversal) adequada para transporte de cargas, e sob ela está montado um robusto esqui fixado a parte posterior, em baixo. O motor de cruzeiro, do tipo pull, está instalado na parte traseira da fuselagem.
As asas altas, montadas bem no meio da fuselagem, apresentam enflechamento moderado e pontas do tipo winglet.
Debaixo de cada asa, uma complexa peça suspensa em cabide abriga quatro poderosos motores elétricos ascencionais basculantes, dois a vante em cima e embaixo e dois a ré, em cima e em baixo. Esses propulsores são usados apenas nas operações de decolagem e pouso vertical do FW-150 Drargo.
Quando o drone faz a transição para o voo estabilizado, os hélices desses oito motores são basculados para oferecerem mínimo arrasto aerodinâmico enquanto o motor maior, na parte traseira, impulsiona o drone a frente.
Sistema XUTM
Na parte dorsal do Drargo está localizada o que aparenta ser a baia de equipamentos do sistema de navegação e recepção/emissão de sinais de comunicações que utilizam o sistema XUTM, desenvolvido pela Xmobots.
Desde 2015 a XMobots pesquisa a integração de drones no espaço aéreo Brasileiro.
Em 2019 a companhia propôs ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo uma arquitetura, serviços e plano de implantação faseado de um UTM Brasileiro.
Ao contrário de alguns projetos de UTM já apresentados em alguns países do mundo – extremamente futuristas, abordando realidades diferentes da atual aplicabilidade dos drones -, o BR-UTM e o XUTM foram construídos com base em cenários mais realistas e, principalmente, compatível com as demandas atuais de uso de drones profissionais no Brasil.