N. González Thales: "Com o Strev Brasil terá maior autonomia para desenvolver mísseis próprios, foguetes e munições de artilharia"
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N. González Thales: "Com o Strev Brasil terá maior autonomia para desenvolver mísseis próprios, foguetes e munições de artilharia"

Nadia González. Foto: Thales
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Nadia Gonzalez assumiu a vice-presidência do Grupo Thales para a América Latina em meados de março último com a missão de crescer 10% ao ano até 2025.

Anteriormente, a executiva ocupava a função de diretora geral da Thales na Bolívia, e durante quase uma década esteve em posições de liderança na Gemalto, empresa de tecnologia adquirida pelo Grupo Thales em 2019.

Para conhecer um pouco mais sobre as atividades da Thales e da sua subsidiária Omnisys no Brasil, Infodefensa entrevistou a executiva logo após a cerimônia de inauguração da expansão das instalações em São Bernardo do Campo (São Paulo).

A inauguração da expansão da fábrica no ABC Paulista incorporou um centro de reparos de aviônicos e sistemas de controle de voo como principal investimento. O que mais a expansão da Omnisys significa para o mercado brasileiro e latino americano?

Significa compromisso de manter investimentos em um ambiente de pandemia com novas oportunidades de negócios e ampliação de setores onde já atuamos. Aumentamos nossa participação no mercado brasileiro e latino americano para atender à crescente demanda de serviços de aviônicos, radares, sistemas de defesa e entretenimento de bordo. Com investimentos de aproximadamente R$ 15 milhões, a expansão ampliou em mais 1.400 m² às instalações existentes, permitindo aumentar a capacidade oferecida nos segmentos que já atuamos. Além disso, com a futura inauguração do novo Centro de Serviços para Aviônicos, a unidade terá uma área total de 10.000 m², confirmando o compromisso Thales de encurtar o tempo de espera e custos das companhias aéreas com serviços de reparo e manutenção. A entrega do Strevi para o Exército Brasileiro pela Omnisys também é um marco importante no desenvolvimento de novos sistemas de armas estratégicas para o Brasil. Em outra importante área, aumentamos nossa participação em projetos sociais trabalhando em parceria com a prefeitura de São Bernardo do Campo.

Na América Latina a maior parte dos resultados da Thales está ligada à área de Identidade Digital e Segurança – o que inclui serviços de gestão de identidade e tecnologias de proteção de dados. Com a compra da Gemalto e outras empresas do setor, o processo de expansão está consolidado?

A Thales comprou a Gemalto no início de 2019. Se analisarmos que mais de 50% do faturamento da Thales na América Latina está ligado a esse mercado de “digital identity”, veremos que esse é, não por acaso, um dos quatro pilares de negócios focais do grupo, os outros três são a defesa e segurança, aeroespacial/espaço e transportes. Podemos oferecer serviços e soluções de todas as linhas de negócio, de satélites a submarinos, até produtos de proteção de dados, de acordo com as demandas e necessidades específicas de cada país.

A encomenda de um satélite geoestacionário de defesa e comunicações pelo Brasil abriu novas e estratégicas possibilidades para o País. Existe algum tipo de negociação para a encomenda de um segundo satélite do tipo SGDC?

Nadia: O contrato do satélite SGDC é um grande sucesso devido a sua condição dual civil e militar e uma robusta transferência de tecnologia, entre outras características, e sim, temos uma expectativa muito grande de que saia um segundo satélite, no entanto ainda não está muito claro quando isso deverá acontecer e como vai acontecer. Em acontecendo, estaremos prontos para atender os requerimentos do Governo Brasileiro empregando nossas capacidades já instaladas no País mais as melhorias introduzidas na expansão.

O Strev é um sistema de rastreio recentemente entregue pela Omnisys ao Exército Brasileiro. Essa é uma tecnologia que pode ser considerada estratégica para o Brasil?

A Omnisys realizou recentemente a entrega do Sistema STREV ao Exército Brasileiro, e seu primeiro uso está previsto para acontecer durante a campanha de ensaios que irá validar um novo tipo de míssil tático superfície-superfície desenvolvido pela indústria brasileira. Com essa tecnologia estratégica, as Forças Armadas brasileiras terão maior autonomia para desenvolver não só seus tipos de mísseis como outros armamentos, incluindo aí foguetes e munições de artilharia. Poucos países no mundo possuem essa capacidade.

O Centro de Excelência em Sonares nacionalizou componentes do sonar de casco King Clip MK2, mas esse produto da Thales acabou sendo preterido por outro equipamento na licitação das escoltas Tamandaré. O que a Thales planeja para o futuro desse Centro?

A questão da escolha do sonar de casco das escoltas Classe Tamandaré pela Marinha do Brasil não nos cabe comentar, mas isso não impede de trabalharmos outras oportunidades pois a demanda por navios equipados com esse tipo de sensor vai continuar existindo nos próximos anos, incluindo a realização de negócios com outras marinhas do continente, e estamos muito atentos a esse mercado.

A Thales e a Omnisys controlam grande parte do mercado de radares para controle de tráfego aéreo e defesa aérea, no Brasil, e também exportam essas soluções para alguns países. Como estão a continuidade desses contratos?

O tema Defesa no Brasil apresenta uma continuidade bem diferente de outros países da região, costumeiramente mais afetados nesse setor por crises econômicas e políticas. No Brasil temos uma melhor condição para o estabelecimento de parcerias e desenvolvimentos conjuntos com transferência tecnológica e de conhecimento, e essa estabilidade nos permite manter investimentos como o que realizamos com os radares de controle de tráfego aéreo e defesa aérea, além de sensores para outras aplicações, inclusive estamos para entregar em breve mais uma estação radar para a Força Aérea Brasileira na fronteira centro-oeste*. Nossas capacidades em conjunto com o Brasil incluem também outras ferramentas de Defesa importantes como o sistema de rastreio já citado, a defesa cibernética, inteligência artificial, sensores optrônicos, sistemas de comunicações, comando, controle e gerenciamento tático do campo de batalha, dentre outros desenvolvimentos.

Defesa Cibernética no Brasil pode seguir os passos dados no México, por exemplo?

Nádia: Sim, temos um Centro de Expertise em Cyber Segurança no México que também compreende uma Cyber Academia onde formamos operadores de sistemas através de complexas simulações. Estamos planejando trazer essa Cyber Academia para o Brasil configurando-a para as necessidades brasileiras, de modo que as experiências e informações obtidas aqui complementem o conhecimento existente no México e vice-versa. Trabalhar de forma integrada em Cyber Segurança é algo primordial para obtermos ferramentas de segurança das informações cada vez mais ágeis e robustas.



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