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As notícias mais importantes em 2021, Terra, Mar e Ar – Infodefensa Brasil

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Imagem: Ministério da Defesa do Brasil
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O ano de 2021, independente de muitos outros fatos, foi marcado pelo combate a pandemia do Covid-19 em todo o Brasil, e as Forças Armadas Brasileiras tiveram um papel importante nessa luta. A logística militar de terra, mar e ar executou centenas de milhares de missões de transporte e evacuação de infectados, descontaminação de aparelhos públicos, transporte de vacinas, medicamentos, suprimentos vitais como oxigênio, respiradores, máscaras, protetores faciais, itens descartáveis e diversos outros insumos.

A Base Industrial de Defesa e Segurança colaborou ativamente modificando suas linhas de produção para atender a demanda por equipamentos de proteção para os profissionais de saúde e demais pessoas diretamente envolvidas no combate a pandemia, e centenas de milhares de itens cruciais foram fabricados no Brasil, amenizando a dependência de insumos importados, especialmente aqueles produzidos na China.

Massivas campanhas de vacinação em todo o território nacional tiveram o apoio decisivo das Forças Armadas, seja no transporte, estocagem e distribuição dos imunizantes, seja na organização de hospitais de campanha e outras instalações destinadas a receber e vacinar a população brasileira. Essa missão ainda não tem data definida para seu encerramento, e a estrutura montada continua trabalhando, especialmente nos pontos mais afastados do território nacional.

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Outro fato importante que merece destaque, a inédita troca dos três comandantes militares de terra, mar e ar, de uma só vez, por determinação presidencial, no mês de abril. 

Ao invés de uma crise institucional grave se instalar, os novos comandantes escolhidos assumiram pregando a continuidade do trabalho dos comandantes exonerados independentemente de quantas trocas houvessem, pois isso não mudaria a forma profissional e disciplinada dos militares brasileiros para lidar com essa situação.

Força Aérea Brasileira

A Força Aérea começou o ano de 2021 ainda repercutindo a chegada do 1º caça Saab F.39E Gripen, o FAB 4100, e o início da campanha de voos de ensaios em Gavião Peixoto.

Paralelamente, continuaram as atividades de desenvolvimento de itens importantes do programa, como o Data Link BR2 digital criptografado com tecnologia brasileira, ou o IFF Mod4 (identificação amigo/inimigo).

A base aérea de Anápolis, que vai operar os F.39 (e já opera os KC-390), deu continuidade as obras de adaptação da infraestrutura existente para receber mais caças F.39E Gripen que começam a chegar a partir de 2022.

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Os vitais E-99 Guardião, de alerta aéreo antecipado, comando e controle, começaram a ser devolvidos ao serviço ativo após passarem por uma extensa modernização que eliminou obsolescências e compatibilizou esses vetores estratégicos para operarem plenamente com os F.39 Gripen (três aeronaves entregues de cinco).

A Saab SAM, em São Bernardo do Campo (SP), começou a produzir e entregar aero estruturas e componentes de compósitos dos caças brasileiros, esse material sendo despachado para a Suécia onde foram instalados nas quatro primeiras aeronaves operacionais que agora estão no processo de preparação para o transporte até o Brasil por via marítima.

O KC-390, além do seu protagonismo combatendo o Covid-19 em todo o País, também demonstrou suas capacidades internacionalmente. No início do ano, o exercício Culminating, realizado nos Estados Unidos, resultou no emprego de um exemplar do tipo para o transporte e lançamento de tropas paraquedistas brasileiras, a noite e operando com dezenas de outras aeronaves de diversos modelos dentro de um cenário tático repleto de ameaças aéreas e em solo. A missão foi um sucesso.

Quando ocorreu a explosão no porto de Beirute, imediatamente o Governo Brasileiro enviou um KC-390 carregado de material de saúde e insumos importantes para auxiliar no socorro as vítimas. Mais uma vez, a missão foi cumprida. O mesmo aconteceu no apoio a Comissão de Aeroportos da Amazônia (Comara), quando o transporte levou máquinas pesadas, material de construção e diversos outros itens necessários a construção e reforma de pistas dos Pelotões de Fronteira.

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Quando em abril, logo após assumir, o novo comandante da Força Aérea deu as primeiras declarações sobre uma possível redução nas encomendas de jatos KC-390, começava uma queda de braço com a fabricante Embraer, que prontamente se posicionou de forma contrária a decisão, afirmando inclusive que iria aos tribunais para conseguir receber os valores do contrato assinado entre as partes, não admitindo sequer a redução do número de KC-390. A crise escalou quando o comando da FAB declarou que o número de cortes seria de 13 aeronaves, quantidade bem maior que a anunciada anteriormente em abril.

O quinto KC-390 se encontrava pronto em Gavião Peixoto, aguardando pagamento para ser entregue. A queda de braço entre FAB e Embraer desacelerou quando esse quinto avião foi finalmente recebido em Anápolis. Mas a Embraer permanece irredutível, a empresa foi contratada para fabricar 28 aviões e ponto final.

Nas fronteiras do centro-oeste (Paraguai e Bolívia), foram colocados em operação três radares de controle do espaço aéreo fabricados no Brasil. Consequência direta disso, as interceptações e abate de aeronaves não colaborativas e/ou hostis, a serviço do crime transnacional, aumentaram exponencialmente naquela região, comprovando a eficácia da defesa aérea e seus interceptadores e radares em solo.

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Na Academia da Força Aérea, ocorreu a chegada dos quatro primeiros Embraer T-27 Tucano modernizados ostentando esquema de pintura pixelizado e equipados com novo cockpit digitalizado, novos rádios e outros sistemas no estado da arte, permitindo que esses aviões operem por mais 15/20 anos.

No setor espacial, ocorreu o primeiro teste em bancada do propulsor S-50, que funcionou como esperado, e também ocorreu o primeiro voo do glider hipersônico 14-X a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, instalação que atualmente está na lista de interesse de várias start-ups espaciais dos Estados Unidos, da Ásia e da Europa. Ponto alto do ano, o lançamento do satélite brasileiro Amazônia 1 pela Agência Espacial Indiana serviu para mostrar que o Brasil foi superado por larga margem por países como a própria Índia, na corrida para construir lançadores de satélites confiáveis e comercialmente lucrativos.

Quanto ao armamento da FAB, 2021 assistiu há chegada dos mísseis BVR MBDA Meteor e WVR Diehl Iris-T, mísseis anti-superfície Harpoon, kits de bombas guiadas e outros armamentos modernos, em que pese a lacuna deixada pelo A-Darter, cuja industrialização ainda é uma incógnita.

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Por fim, e não menos importante, a FAB decidiu desativar esquadrões e aposentar aeronaves, como forma de direcionar recursos para o Gripen e KC390, programas prioritários. 

Saíram de cena o Esquadrão Pacau, que operava caças F-5EM a partir de Manaus (aeronaves distribuídas entre os outros operadores de F-5EM em Canoas e Santa Cruz), e o Esquadrão Carcará, especializado em Reconhecimento e missões Elint/Sigint/Comint, cujas aeronaves do tipo Learjet já apresentavam grande defasagem tecnológica. 

Mais unidades e mesmo bases aéreas deverão ser desativadas em 2022, dando continuidade aos planos de reestruturação da Força. 

A falta de performance supersônica na região amazônica, com suas distâncias enormes, é uma fraqueza defensiva que precisará ser revista em algum momento nos próximos anos.

Exército Brasileiro

O ano de 2021 começou com a Brigada de Infantaria Paraquedista participando do exercício Culminating, nos Estados Unidos com grande sucesso. A recíproca acontece agora no final do ano, quando tropas americanas da 101ª Airborne Division participaram do exercício Core realizado na região sudeste com apoio da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

No setor de blindados e viaturas especializadas, ocorreram mais entregas de obuseiros autopropulsados M-109 A5, viaturas remuniciadoras sobre esteiras e caminhões especiais para a Engenharia de Combate. A VBTP-MSR 6x6 Guarani anotou a entrega do blindado de número 500, e dos 32 LMV Iveco 4x4 encomendados no 1º lote, 16 deles foram entregues, enquanto os outros 16 devem ser entregues logo no início de 2022. 

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No final do ano, militares da Malásia vieram conhecer o Guarani 6x6 na esteira de uma licitação local que pretende adquirir até 400 desses veículos, e o blindado brasileiro está entre os competidores. O Guarani também foi avaliado pela Argentina, que teve em mãos um exemplar e realizou exigentes testes, deixando os militares argentinos positivamente impressionados não só pela performance do Guarani como do SARC Remax.

Falando em Remax, a quarta geração desse sistema de armas foi mostrada em primeira mão por Infodefensa, e a partir de agora, as novas aquisições de SARC para o Exército só deverão acontecer especificando essa nova versão, equipada com novos e melhores optrônicos e sensores ativos/passivos de detecção laser (opcional), maior capacidade de munição dos magazines e habilidade em acoplar alvos independentemente da linha de visada do atirador, trazendo maior eficácia na operação.

O Programa Forças Blindadas, originalmente Nova Couraça, realizou estudos que determinaram o lançamento de licitações para a modernização dos EE-9 Cascavel 6x6, equipando-os inclusive com lançadores de mísseis anticarro guiados, além de visão noturna para motorista e comandante do carro, novos rádios digitais e C2 padronizado, do mesmo tipo usado pelo Guarani, LMV, M-109, etc.

Os antiquados carros de combate Leopard 1A5 BR também deverão receber uma atualização dos sensores, sistemas de comunicação e C2, e o giro da torre passa a ser elétrico, dentre outras modificações.

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Em um lance arrojado, o Exército também determinou a escolha e compra de uma inédita viatura blindada sobre rodas 8x8 de Cavalaria, ou VBC CAV. No final de março próximo deverá ser anunciado o vencedor entre os competidores CIO Centauro II, GDLS LAV 700 e Patria AMV Tank Destroyer, considerados por observadores locais como os favoritos para vencer a disputa. 

O resultado da modernização do EE-9 Cascavel também deverá ser anunciado antes do final do primeiro trimestre de 2022, o que deixará o setor de blindados bastante movimentado pelos próximos anos.

Uma compra que pode ter relação com a modernização de blindados foi a escolha do Rafael Spike, míssil anticarro guiado, para uso pelo Exército Brasileiro. A compra inclui 100 mísseis, lançadores para a tropa de infantaria, simuladores e material de apoio e treinamento. Para ser lançado de um blindado, esses mísseis precisariam ser integrados a uma estação de lançamento remotamente operada, a ser desenvolvida.

O PEE Astros 2020 avançou bastante em 2021 com a entrega do Strev, equipamento crucial para validar a campanha de disparos do míssil de cruzeiro AV-MTC 300, arma de dissuasão continental que é considerada a bala de prata do Exército para qualquer situação estratégica. Essa campanha de disparos deverá transcorrer ao longo de todo o ano de 2022.

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No setor de pessoal, em uma decisão histórica que levará mais tropas do Exército para a região nordeste, foi escolhida a cidade de Recife (Abreu e Lima) para sediar a Escola de Sargentos das Armas (ESA). A nova escola ficará na Área de Proteção Ambiental Aldeia-Beberibe, no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (Cimnc). Apesar dos habituais reclames sobre impactos ambientais que essa obra poderia causar, o Exército manteve-se firme na decisão, que levará empregos e desenvolvimento econômico a uma área historicamente carente de investimentos por parte do Estado Brasileiro.

No Programa Combatente Brasileiro (Cobra), os testes com o novo uniforme inteligente foram coroados de êxito. Empregados por tropas profissionais como a Brigada de Infantaria Paraquedista, esses uniformes realizam o chamado controle térmico corporal dos militares, gerando maior conforto e conferindo maior resistência as adversidades climáticas, dentre outras vantagens.

O PEE Defesa Antiaérea alcançou um marco importante, a disponibilização do novo radar M200 Vigilante, desenvolvido pela Embraer e pelo Exército. A versão apresentada, de baixa altura e 200 km de alcance, utiliza quatro antenas planas phased array para busca e aquisição de alvos, e uma antena giratória de 360º para realizar o guiamento de tiro até esses alvos. Projetado para complementar os radares Saber M60 em operação, o Vigilante deverá equipar unidades da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea espalhadas por todo o Brasil. Esse sistema radar será seguido, em 2023, pelo novo M200 Multimissão, talhado para tarefas de média altura e consequentemente maior, mais pesado e com mais demanda por energia, gerada por um APU embutida. Será para esse radar que o Exército irá escolher o seu míssil superfície-ar (SAM) de longo alcance, no médio prazo.

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Marinha do Brasil

O ano de 2021 para a Marinha do Brasil começou com o anúncio de novas aquisições para o SubPrograma ProAdsumus, do Corpo de Fuzileiros Navais. Foram adquiridos 90 novos caminhões Unimog 5000 QT, cujas entregas já foram iniciadas, e a Marinha do Brasil e o governo dos EUA fecharam um acordo para a obtenção de 12 viaturas blindadas leves sobre rodas 4×4 JLTV (Joint Light Tactical Vehicle), com entregas previstas a partir de 2022.

O Prosub teve de lidar em 2021 com vários atrasos no cronograma de entregas. 

A campanha de disparos de torpedos e mísseis pelo S-41 Riachuelo, prevista para o fim de 2021, não ocorreu ou não teve a sua realização divulgada pela Marinha. De fato, o risco de um gap industrial em Itaguaí levou a ICN a demitir pessoal, com a consequente diminuição no ritmo dos trabalhos. 

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Na questão nuclear, o Labgene, reator nuclear de testes em terra, avançou na sua montagem em 2021 com a entrega de componentes críticos para o seu funcionamento. 

A Marinha do Brasil, receosa de não manter sob seu controle a fiscalização dos requisitos nucleares para instalações, pessoal e material, criou há três anos uma Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (Ansnq).

Após a sanção presidencial da Lei nº 13.976/2020, de 7 de janeiro de 2020, a Ansnq tornou-se órgão regulador e licenciador de meios navais, o que abrange a obtenção, a operação e o descarte do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear (SN-BR). 

A primeira licença parcial para o submarino convencional de propulsão nuclear foi concedida no final de 2021. A Ansnq é subordinada à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (Dgdntm).

Cena incomum: a F46 navega junto com o submarino S30 Tupi Fotos: Roberto Caiafa

No setor operativo da esquadra, ocorreu a desativação da veterana fragata F46 Greenhalgh, o que deixou a diminuta frota de escoltas ainda mais desfalcada de meios operativos modernos. Falando em escoltas, o consórcio Águas Azuis, formado por Embraer Defesa e a alemã ThyssenKrupp, começou a firmar contratos de construção de equipamentos que farão parte da primeira de quatro fragatas da classe Tamandaré, como eos relativos à propulsão e à casa de máquinas.

Os navios patrulha MaracanãMangaratiba, cuja construção foi retomada pela Marinha após decisão judicial, estão bem adiantados e devem ser comissionados em 2022 e 2023, respectivamente.

Na Aviação Naval, ocorreu a entrega de várias aeronaves modernizadas, dentre elas dois AF-1 Falcão, um monoplace e um biplace, um helicóptero AH-11B Wild Lynx, empregado nas escoltas, e ocorreu a tão aguardada entrega do 1º AH-15B ASuW, armado com mísseis Exocet e dotado de uma sofisticadíssima suíte de sensores ofensivos e defensivos. 

Lançamento de AM39 Exocet pelo AH-15B da Marinha do Brasil.

Também ocorreram as primeiras tratativas para a entrega doUAV/SARP Scan Eagle, cujo cronograma sofreu alguns ajustes nos prazos. 

Para a Marinha, a obtenção do Scan Eagle será importante na renovação dos meios aeronavais, e os resultados alcançados na operação desses ARP permitirão que a Aviação Naval avance no integração operativa do novo trinômio navio-aeronave-ARP. 

Dezesseis Militares do 1° Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (NI-EsqdQE-1) passaram por um treinamento de três meses para capacitar o pessoal na operação do sistema. 

Concluído no mês de novembro, foram aplicados os cursos de Piloto Embarcado e de Técnico de Manutenção do Sistema de Aeronaves (SARP-E) ScanEagle, realizados no estado de Washington (EUA), nas instalações da empresa Insitu – Boeing.

O apoio as pesquisas científicas brasileiras na Antártica vai receber um reforço significativo com o NApAnt, ou Navio de Apoio Antártico, escolhido em 2021 e tendo como vencedor o estaleiro Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) - Sembcorp Marine Ltd. Acredita-se que a entrega desse importante ativo científico aconteça até 2025.

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