(Infodefensa.com) Roberto Caiafa, São Paulo – A EDS apresentou (Roll Out) o KC390 na unidade de Gavião Peixoto, no último dia 21 de outubro corrente. Acompanhe com INFODEFENSA.COM a entrevista coletiva realizada ao final do evento, um dia especial para a Família Embraer e para o Brasil.
Primeira parte da entrevista:
Em que estágio se encontra o interior da aeronave, ao qual a imprensa não teve acesso. os trabalhos estão tão avançados quanto no exterior?
Schneider: Eu acabei de vê-lo. Os cockpits estão prontos, todos os painéis estão ligados, e o avião está instrumentalizado para as verificações da campanha de ensaios. Mas o avião está pronto, funcionando e com toda a parte de instrumentação de teste instalada.
465 nós e 23 toneladas de peso. Estas formam as marcas de desempenho anunciadas icialmente. No entanto, esses números cresceram um pouco. Ocorreram modificações nos motores para torná-los mais potentes?
Gastão: Esses números vão ser confirmados pela campanha de ensaios em voo, mas deve-se ter em mente que 26 toneladas é com relação a carga concentrada, mantendo um grande controle do CG da aeronave [exemplo, transporte de um blindado 6x6 Guarani]. Nessas condições, é possível chegar a 26 toneladas. Quando temos uma carga distribuída pela aeronave, como até sete pallets militares, são 23 toneladas métricas.
Muito se fala em posicionamento extremamente agressivo com relação aos preços do KC-390. Durante o Roll Out se falou muito em melhor preço de custo do ciclo de vida. O avião conseguirá manter seu preço como um grande atrativo para a sua aquisição?
Schneider: O avião terá, sem dúvida alguma, uma posição extremamente competitiva no mercado. Não só pelo que ele representa em termos de conceito, trazendo capacidades multimissão inovadoras, aviônica extremamente moderna, controles de voo fly-by-wire, a capacidade de carga, a capacidade de cumprir com rapidez a missão, pois tem maior velocidade (mach 0.80), seu baixo custo de ciclo de vida, etc. Todas essas condições fazem do KC-390 um produto extremamente robusto e confiável. Evidente que preço depende do que o cliente deseja colocar na aeronave, ele sempre poderá variar a partir de uma base, cada negociação será bem específica, então não falamos de preço. Como conceito, sim, o avião será extremamente competitivo.
Com relação a empregos, o que o Projeto KC-390 já gerou e poderá gerar de empregos brasileiros?
Schneider: Olha, o programa envolve cerca de 50 empresas brasileiras, e na Embraer, só a fase de desenvolvimento significou 1.500 empregos diretos, e numa relação de 5x1, 7.500 empregos indiretos. Quando a produção atingir seu ápice ideal, a partir de 2018, serão mais 1.110 diretos e 5.500 indiretos adicionais.
O KC-390 foi desenhado para ser operado em pistas semipreparadas. Existe alguma limitação com relação a ingestão de FOD (foreign object damage), considerando tratar-se de um motor turbofan? E qual a função de uma janela de sensores logo acima do radome, no nariz do avião?
Gastão: Existem diferenças entre pista não pavimentada e pista não preparada. A segunda opção envolve um aeródromo com piso recheado de irregularidades, mesmo que ela não tenha objetos soltos que possam ser ingeridos pelo motor. No caso de pista contaminada com objetos, o KC-390 apresenta algumas proteções. Primeiro, a altura entre o motor e o chão, são mais de dois metros, segundo o desenho dos trens dianteiros, eles foram dimensionados e posicionados de forma que, ao desviarem objetos soltos, esses tenham uma trajetória que não vá de encontro ao motor. E por fim, o impulsor turbofan tem uma alta taxa de diluição de ar, traduzindo, uma grande massa de ar que é sugado não passa diretamente pelo core (miolo compressor) do motor, mais uma vez evitando danos, então existem proteções eficientes e estamos confiantes nesse aspecto. Quanto a janela de sensores, trata-se do Enhanced Vision System (EVS), câmera termal e sensores de TV integrados a um colimador de cabeça alta na cabine (o head-up display de série), permitindo aos pilotos operarem com segurança em condições muito degradadas de visibilidade. Esse sistema é produzido pela AEL Sistemas de Porto Alegre.
Em que estágio encontra-se a construção de um segundo protótipo, e quantas aeronaves serão utilizadas na campanha de testes e ensaios em voo?
Schneider: O segundo protótipo encontra-se em fase adiantada de montagem, essa dupla sendo utilizada na campanha de ensaios em voo prevista para durar cerca de dois anos, tanto no desenvolvimento quanto na certificação, que será dupla, uma para a versão básica, civil, e outra militar, considerando o avião completo. Espera-se que o initial operational capability (IOC) seja atingido já nas primeiras entregas, previstas para o final de 2016 (Força Aérea Brasileira), um horizonte produtivo inicial de sete-oito anos para atender essa encomenda, que incluirá também os dois protótipos, elevados ao padrão de série e incorporados e FAB (perfazendo assim 30 KC-390 para o Brasil).
Fotos: Roberto Caiafa / Infodefensa.com