Marinha do Brasil conclui projeto do KC-2 12 anos depois e sem ter recebido nenhuma aeronave
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Marinha do Brasil conclui projeto do KC-2 12 anos depois e sem ter recebido nenhuma aeronave

Em 2011, a Marinha adquiriu quatro unidades para modernização e implantação do porta-aviões São Paulo, mas nenhuma chegou a voar
C 1A da MB
Mais um programa ligado ao Ex-NAe São Paulo que afunda junto com o navio. Arte: MB
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Após 12 anos de anúncios, hiatos, atrasos, cancelamentos, novos anúncios e mais hiatos, finalmente chegou ao fim oficialmente a não realizada carreira da aeronave KC-2 Trader COD na Aviação Naval da Marinha do Brasil. 

Prevista para ser operada como parte integrante da Ala Aérea Embarcada do Navio Aeródromo São Paulo, recentemente afundado em algum ponto do litoral do brasileiro após uma novela judicial que arrastou-se por meses, a aeronave do projeto Turbo Trader deveria cumprir missões de reabastecimento em voo (REVO) apoiando os caças A-4 Skyhawk/AF-1 Falcão, e realizar uma miríade de missões complementares além das tarefas COD (Carrier On-Bord Delivery) habitualmente executadas por esse tipo de aeronave.

Capa KC 2 marinha cancelado

Pretendido como um COD, o KC-2 acabou quando o NAE São Paulo deixou de existir. Fotos: MB

Em uma lacônica publicação está escrito "Portaria 21/MB/MD de 10 de fevereiro de 2023, extingue o Grupo de Fiscalização e Recebimento das Aeronaves COD (Carrier On-board Delivery) / AAR (Air-to-Air Refueling). 

O COMANDANTE DA MARINHA, resolve:

Art. 1° Extinguir o Grupo de Fiscalização e Recebimento das Aeronaves COD (Carrier On-board Delivery) / AAR (Air-to-Air Refueling) (GFRCOD), criado pela Portaria n° 339/MB, de 12 de dezembro de 2011, alterada pela Portaria n° 34/MB, de 26 de janeiro de 2012, tendo em vista a transferência de suas tarefas para a Diretoria de Aeronáutica da Marinha.

Art. 2° Ficam revogados os seguintes dispositivos:

I – Portaria n° 339/MB, de 12 de dezembro de 2011, publicada no Diário Oficial da União n° 240, de 15 de dezembro de 2011, Seção 2, página 10; e

II – Portaria n° 34/MB, de 26 de janeiro de 2012, publicada no Diário Oficial da União n° 30, de 10 de fevereiro de 2023, Seção 1, página 9.

Art. 3° Esta Portaria entra em vigor em 10 de fevereiro de 2023.

MARCOS SAMPAIO OLSEN

Um investimento perdido?

Na época (2011), acreditava-se ainda que o NAe São Paulo poderia ser reformado e operar por mais 15/20 anos. 

Nunca chegou nem perto disso. Terminou afundado em águas profundas como sucata.

As aeronaves Trader, escolhidas dentre aquelas estocadas em Mason, no Arizona (Marsh Aviation), seriam capazes, após as modificações, de realizar missões de apoio logístico, compreendendo o transporte de material e pessoal; o lançamento de paraquedistas (missões de forças especiais); e, principalmente, o reabastecimento em voo das aeronaves AFI-1B/C, modernizadas na Embraer, contribuindo assim para a ampliação da capacidade de defesa aérea de uma Força Naval ou de Fuzileiros Navais (na falta de um NAe, e com seus caças operando em uma única base aeronaval, a necessidade de um reabastecedor para a Marinha dar maior alcance aos seus jatos tornara-se crônica).

KC 2 Cockpit

Concepção do painel com aviônica digital da AEL Sistemas. Imagem: AEL Sistemas

Adicionalmente, a aviônica desse bimotor reconstruído seria digital e de desenvolvimento brasileiro, baseada naquela criada para a modernização dos aviões de transporte Embraer C-95 Bandeirantes da Força Aérea Brasileira, porém reforçada para o exigente ambiente naval de operações.

Esse conjunto de pretensões arrastou-se por 12 anos. 

Enquanto o próprio navio onde essa aeronave deveria operar desaparecia em águas profundas, a empresa contratada para reformar os aviões era processada pelo Governo Norte-Americano por prestar apoio aos motores dos OV-10 Bronco das FANBV da Venezuela, sendo descredenciada, e seu presidente vendo-se na "obrigação" de arcar com US$ 250 mil dólares de multas para escapar das acusações dos Federais norte-americanos.

Por fim, em 2019, quando era anunciado um giro de motor em uma aeronave protótipo (Nº 27) e provável primeiro voo, o programa entrou novamente em completa estagnação com o advento da Pandemia do COVID-19, terminando finalmente por ser abandonado oficialmente ao final do primeiro trimestre de 2023 sem entregar nenhuma aeronave operacional. 

A previsão de entrega era 2021.

Acrescentar ainda que não se sabe qual é o estado e qual será o destino das células adquiridas, dos novos motores (caso tenham sido comprados motores turboélice pela Marinha) e demais ações que foram iniciadas para suportar a aeronave. 

A AEL Sistemas, de Porto ALegre, já possui há algum tempo os rigs de testes e integração da aviônica desse projeto, ma agora esses recursos, com a descontinuação do programa, deverão ser reaproveitados em outras atividades da empresa.

C 1A da MB1

O mais próximo de voar que o Nº 27 chegou foi um teste de motores em 2019. Foto: MB



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