Uma comitiva das Forças Armadas Brasileiras e integrantes da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod/Ministério da Defesa), em visita oficial a Turquia, visitou em 27 de julho as instalações industriais da empresa turca de defesa Baikar, fabricante de sofisticados drones mundialmente conhecidos, dentre eles o Bayraktar Kizilelma, com capacidade stealth, e o Bayraktar TB-2/TB-3, sistema que já alcançou a marca de 600 mil horas de voo se somadas as experiências de todos os usuários do modelo. A visita brasileira, que na prática inicia realmente a cooperação, é o desdobramento da expressiva participação turca na LAAD 2023.
A comitiva brasileira posa para a foto com executivos da Baykar. Foto: Baykar
O Ministério da Defesa (MD), por meio da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod), ja havia assinado Acordo de Cooperação sobre indústria de defesa com a presidência das indústrias de defesa da Turquia.
A iniciativa garantiu condições apropriadas para pesquisa, desenvolvimento, produção e modernização do setor, intercâmbios, participações em eventos comerciais e outras agendas consideradas reservadas. Mas com o que Brasil e Turquia podem se beneficiar mutuamente?
Renato Werner Queiroz, especialista em tecnologias de defesa e representante da Baykar para América Latina. Foto: Roberto Caiafa
Segundo Renato Werner Queiroz, especialista em tecnologias de defesa e representante da Baykar para América Latina, a resposta é simples: drones. "O Brasil, através da Embraer, é mundialmente reconhecido por fabricar excelentes aviões, e agora, e-VTOLS. A Turquia, através da Baykar, é mundialmente reconhecida como líder de inovação tecnológica no emprego militar de drones, do “pequeno” TB-2/TB-3 ao “furtivo” Kizilelma, seus projetos rapidamente adquiriram uma sólida reputação. Então, a cooperação tem o seu start propondo a união entre o expertise brasileiro na fabricação de aviões de diversos tipos e performances com a excelência turca em aeronaves robot autônomas, pilotadas remotamente e capazes de executar missões de combate mais as tradicionais tarefas de reconhecimento, vigilância, inteligência e designação de alvos" afirma Werner.
Os encontros de trabalho para o início da cooperação Brasil Turquia envolveu grandes equipes de cada País. Foto: Baykar
E Renato continua a explicar "Podemos fornecer soluções que permitirão aos militares brasileiros engajar alvos com diferentes tipos de mísseis e armamentos inteligentes, projetados na Turquia, e atualmente inexistentes nos portifólios do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira. As Forças Armadas Turcas hoje empregam uma tática denominada Davi x Golias, Tecnologia de Defesa Disruptiva onde os drones Baykar, devido a inteligência artificial presente, tanto nos drones em si quanto nos mísseis de pequeno porte, atingem os alvos com precisão cirúrgica e destroem carros de combate robustos (e caríssimos) de potências bélicas inimigas com apenas um disparo" conclui o especialista em Defesa.
O Comandante-Geral de Apoio da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, recebe uma maquete do drone Bayraktar Akıncı. Foto: Baykar
Programas das Forças Brasileiras
As convergências ficam mais evidentes quando se sabe que o Ministério da Defesa brasileiro e as três forças nacionais estão conduzindo importantes programas de aquisições de drones/VANT/UCAV. O Exército já está operando um híbrido de curto alcance capaz de pousos e decolagens verticais armado com um pequeno míssil (em integração), mas falta algo mais pesado, capaz de designar e atacar alvos em solo empregando armamento de maior poder de fogo e a grandes distâncias.
A Marinha já possui o seu UAV tático de reconhecimento e exploração capaz de operar bem em diversos navios da Esquadra empregando um interessante sistema de recuperação, mas inexiste a capacidade de atacar alvos de superfície usando um drone de combate navalizado armado com mísseis de longo alcance.
Na Força Aérea, as capacidades ISR/Istar estão bem desenvolvidas, mas falta um vetor de ataque autônomo de grande capacidade, exatamente o perfil do Bayraktar Akıncı.
O Almirante de Esquadra Arthur Fernando BETTEGA Corrêa, Diretor-Geral do Material da Marinha, recebe uma maquete do drone #Bayraktar TB-3 de emprego naval embarcado. Foto: Baykar