Na última sexta-feira, 18 de março, a entrada com um pedido de recuperação judicial impetrado pelos advogados da Avibras Aeroespacial e Defesa no Fórum de Jacarezinho, no interior de São Paulo, estipulado em R$ 570 milhões, resultou na demissão imediata de 420 de seus qualificados empregados, reduzindo a força de trabalho dessa Empresa Estratégica de Defesa para 990 pessoas.
Segundo os advogados da Avibras, a pandemia do Covid-19 teve um papel primordial na situação, pois impossibilitou negócios, já que as feiras e eventos internacionais de Defesa foram cancelados por dois anos praticamente, e prejudicou o suporte aos contratos vigentes, muitos deles exigindo treinamento presencial de pessoal com longas viagens aéreas, algo que praticamente inexistiu nas fases mais críticas da pandemia.
De fato, mercados tradicionais da empresa cambiaram seus investimentos em Defesa priorizando ações emergenciais de saúde, praticamente paralisando os negócios, que são em sua maioria, contratos de exportação.
Essa é a terceira vez que a empresa renegocia suas dívidas judicialmente em pouco mais de sessenta anos de existência. A situação já foi vivenciada anteriormente em 1990 e em 2008.
Em 2022, o principal motivo que empurrou a Avibras nessa direção ainda é o mesmo, a forte dependência de exportações, um mercado bastante volátil, e o descaso com a regulamentação de uma política fiscal ajustada as particularidades do setor, considerado estratégico na teoria e pouco valorizado na prática por políticos e burocratas federais.
A falta de uma política consistente de encomendas para o reequipamento das Forças Armadas, por parte do Governo brasileiro, tem como resultado a fragilidade financeira da Base Industrial de Defesa, que ainda sofre uma pesada tributação por parte desse mesmo Governo.
O Míssil Tático de Cruzeiro AV-MTC. Imagem 3D: Gabriel Macfo
Astros 2020
Na mesma semana, o míssil tático de cruzeiro AV-MTC, armamento mais sofisticado do programa estratégico do Exército Brasileiro Astros 2020, desenvolvido pela Avibras, foi disparado com sucesso no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, em Natal (RN), marcando o início da campanha de ensaios finais para a certificação do mais sofisticado sistema de armas solo-solo atualmente em desenvolvimento na América do Sul.
O Brasil encomendou inicialmente 100 unidades do míssil, a serem entregues a partir de 2023. Tudo isso consta na portaria Nº 431-EME, de 10 de outubro de 2017, que aprova a diretriz de implantação do programa estratégico do exército ASTROS 2020