Brasil mostra as capacidades de sua empresa de reação rápida certificada pela ONU

A recente homologação de uma Companhia de Reação Rápida (Quick Reaction Force) Nível 3 pela Organização das Nações Unidas, no Brasil, demonstrou mais uma vez o profissionalismo do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.

Os 220 homens e mulheres (10% do efetivo minimamente deve ser feminino) apresentados na Ilha do Governador estão treinados, equipados e dotados de meios e recursos para cumprirem missões de imposição da paz em qualquer cenário, incluindo confrontação com forças adversas, e o Programa Pró Adsumus tem e continuará tendo um importante papel nesses resultados.

A Companhia de Reação Rápida (Quick Reaction Force) Nível 3 - Imagem Roberto Caiafa

Com uma organização administrativa dividida em corpo de comando, grupo de combate e grupo de apoio ao combate/logística, essa tropa dispõe de fuzis M-16 A2, alguns deles com lançadores de granadas acoplados, metralhadoras médias e pesadas, submetralhadoras, pistolas, carabinas, fuzis de precisão sniper/caçador, enfim, o pacote tradicional de uma tropa profissional bem armada.

O que diferencia a QRF são os meios de alta mobilidade operados por essa força, incluindo 10 blindados sobre rodas MOWAG Piranha IIIC 8x8 armados com torres manuais para armas de 7,62mm/12,7mm, dois blindados anfíbios CLANF, caminhões QT UNIMOG cisterna, frigorífico, oficina, cisterna combustível, transporte de tropa e transporte logístico, dentre outros, veículos Land Rover 4x4 e pelo menos duas viaturas de Engenharia, sendo uma retro-escavadeira e uma pá escavadeira.

Uma vista da TOB ou Temporary Operational Base (Barracas Alaska) - Imagem: Roberto Caiafa

Esse material é operado a partir da TOB ou Temporary Operational Base (Barracas Alaska), onde os 250 militares vão viver durante a missão contando com um centro de comando e controle equipado com o novo sistema C4I dos Fuzileiros Navais, barracas alojamento para até 16 militares, instalações de banheiros e chuveiros com sistemas fechados de alimentação de água e coleta do efluente gerado, um sofisticado sistema de filtragem de água capaz de fornecer até 12.000 litros de água por hora, apoiando toda a base e distribuição para o pessoal fora da base/refugiados, cozinhas modulares auto-rebocadas capazes de suprir três refeições por dia para os 250 integrantes da QRF, e um moderníssimo hospital de campanha equipado com centro cirúrgico, consultório odontológico e demais especialidades, além de contar com uma viatura Piranha 8x8 ambulância equipada como UTI móvel para receber dois pacientes simultaneamente.

Para completar o alto grau de preparo da QRF, estão disponíveis pessoal treinado em usar trajes anti-explosão para manuseio de artefatos explosivos, equipamentos para identificar e desarmar bombas e até mesmo robôs sobre rodas com braços biônicos capazes de manusear objetos complexos e comandados a distância com uso de câmeras e controle remoto.

Viatura Mowag Piranha IIIC 8x8 ambulância/UTI - Imagem: Roberto Caiafa

Uma força equipada dessa forma está altamente preparada para entrar em combate ou atuar junto a forças civis, e apresenta grande poder de fogo e velocidade para executar, caso exista esse cenário, operações anfíbias de ataque ou retirada de nacionais, dentre outras possibilidades demandadas pela autoridade ONU no comando da Missão.

Inspeção da ONU

O Ministério da Defesa do Brasil (MD) recebeu, no mês de abril, uma notificação inédita da Organização das Nações Unidas (ONU), elevando a capacitação da tropa da Marinha do Brasil para o nível 3.

Isso significa que os militares brasileiros atingiram o patamar máximo exigido pela entidade para que um país possa participar das missões de paz envolvendo contingentes das Forças Armadas.

Com o anúncio, a tropa da Marinha do Brasil passou a ser a primeira do Estado brasileiro a ocupar uma posição neste nível, deixando-a em uma posição vantajosa para um futuro desdobramento em missões de paz da ONU.

Desde que o Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz das Nações Unidas (UNPCRS) foi criado, em 2015, essa foi a primeira vez que uma Força Singular conquistou esse status.

Em julho de 2021, inspetores da ONU estiveram no Rio de Janeiro para avaliar o desempenho do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Emprego Rápido (Quick Reaction Force).

O relatório final da visita da ONU destacou que “os Fuzileiros Navais do Brasil possuem mentalidade expedicionária, móvel e ágil; altos padrões de prontidão operativa e de pessoal; forte comando e controle; elevada moral e disciplina e são bem treinados”.

O Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga - Imagem: Roberto Caiafa

“Fomos a primeira tropa do Estado brasileiro a atingir este nível de capacitação da ONU. Somos, atualmente, a única QRF (Companhia de Emprego Rápido) no nível 3 no Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz da ONU. Isso representa um marco para o nosso País e também uma grande responsabilidade”, disse o Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga.

PRÓ ADSUMUS

O Programa PRÓ ADSUMUS prevê, ao longo dos próximos anos, a aquisição de meios como novos modelos de metralhadoras, morteiros, mísseis anticarro, viaturas operativas para emprego em qualquer terreno, carros de combate, material de artilharia antiaérea e de campanha, radar de controle aero-tático e material de transposição de obstáculos.

As entregas previstas do Programa Pró Adsumus (Imagem: CFN)

Para os Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, o Programa vai garantir a prontidão e a capacidade expedicionária do CFN, restabelecendo e ampliando as capacidades da Brigada Anfíbia, nucleada na Força de Fuzileiros da Esquadra, bem como dos Batalhões de Operações Ribeirinhas, Grupamentos de Fuzileiros Navais e Batalhões de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica.

Com isso, será possível alinhar as viaturas e sistemas de armas e de comando e controle do CFN ao estado da arte do material militar.

É fundamental a existência de forças de pronto emprego, em permanente prontidão operacional e capacidade de projeção de poder nas áreas de interesse estratégico, para atender a uma extensa gama de missões. 

Corpo de Fuzileiros Navais: treinamento exigente forma tropa profissional - Imagem: Roberto Caiafa

Nesse diapasão, o CFN de hoje já possui inegável valor estratégico, mercê de capacidades e características desenvolvidas ao longo de sua história. 

E, por se tratar de uma força anfíbia, com características expedicionárias, necessita de sistemas de combate com alta confiabilidade, atendendo a estritos requisitos operacionais e preferencialmente já testados por outras Forças Armadas.

Uma força estratégica também deve possuir estruturas flexíveis e versáteis, ser dotada de grande mobilidade estratégica e ter capacidade de pronta resposta em situações nas quais a rapidez e a oportunidade constituam fatores preponderantes para seu emprego.

O moderno Hospital de Campanha da TOB - Imagem: Roberto Caiafa