L. Macaferri (Thales Brasil): "O Strev tem atraído o interesse de vários clientes ao redor do mundo"
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L. Macaferri (Thales Brasil): "O Strev tem atraído o interesse de vários clientes ao redor do mundo"

Macaferri Thales Brasil
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Durante a 7ª Mostra BID Brasil, a Thales e a Omnisys deverão apresentar um novo modelo de radar secundário de defesa aérea pronto para emprego com IFF (identification friend or foe), com tecnologia 100% brasileira, novidades sobre a possível primeira exportação do Sistema Transportável de Rastreio de Engenhos em Voo (STREV), e informações sobre sistemas de armas navais para equipar os futuros Navios Patrulha Oceânicos previstos pela Marinha do Brasil. Para falar sobre isso e muito mais, Infodefensa entrevistou o Diretor-Geral da Thales no Brasil, Luciano Macaferri Rodrigues.

Qual a importância da Mostra BID para o Grupo Thales/Omnisys?

Para nós é a mais importante feira do ano em 2022, tanto que estaremos presentes nesta edição (estivemos em todas) com um estande ampliado, repleto de soluções para terra, mar e ar, sejam soluções Thales de suas unidades espalhadas pelo mundo ( e suportadas no Brasil pela Omnisys) ou tecnologias nativas Omnisys.

Começando pela Força Aérea Brasileira, temos novidades com relação aos radares de Defesa Aérea, como os recentemente implementados na fronteira Centro Oeste (Bolívia/Paraguai)?

Os radares LP23SST-NG (primário) e RSM970S-NG (secundário)  que a Omnisys forneceu a Força Aérea e Ministério da Defesa são o resultado de anos de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e foram adquiridos com a colaboração de outras instituições da esfera Federal, como o Ministério da Justiça. O sucesso desses radares, evidenciado pelas inúmeras interceptações de aeronaves não colaborativas, vai receber mais um reforço, especialmente em termos defensivos, com o lançamento de um novo radar secundário, totalmente pronto (provisões) para emprego com o sistema IFF atualmente sendo desenvolvido para emprego com o caça F.39 Gripen. Também estamos negociando novas exportações de radares Omnisys para um cliente ainda não revelado (acredita-se que na África – nota do autor). Além das capacidades militares de contra medidas eletrônicas e resistência a interferências que esses radares já possuem, eles agora terão a função de altimetria, acusando também a altitude dos alvos não cooperativos, um adendo 3D valioso.

Radar de vigilu00e2ncia au00e9rea

E sobre a concorrência ADS-B, vencida pela Thales, o que o senhor pode comentar sobre a proposta da empresa?

O ADS-B é um sistema de vigilância, emissor e receptor, que atende necessidades de vigilância cooperativa de superfície e de aproximação precisa de aeronaves em um determinado espaço aéreo. O sistema ADS-B Thales, totalmente nacional, apresenta grande flexibilidade e escalabilidade para adaptar o desempenho em ambientes operacionais complexos, inclusive possuindo interface com o sistema ATM (Air Traffic Management).

Ads b thales

E quanto aos radares 3D do tipo Ground Master, existe alguma atualização para o Brasil?

A Força Aérea Brasileira deverá lançar no início de 2023 uma licitação para adquirir radares 3D compactos de ultra portabilidade e mobilidade para renovar o material do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), e a Thales vai oferecer a família de radares 3D Ground Master (GM 200 e 400), para atender a essa licitação. Importante ressaltar que as características de ultra mobilidade desses radares 3D vão de encontro também as necessidades do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. E claro, o suporte a esses equipamentos no País será de responsabilidade da Omnisys.

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O radar Groundmaster 400. Foto: Thales

Falando de Exército, a campanha única de disparo do AV-MTC 300 realizada em 2022 contou com a fundamental participação do Strev. Para um sistema lançado oficialmente em 2019, antes da Pandemia, esse não é um resultado meteórico, considerando o fator tempo?

Lançado em abril de 2019, o Strev cumpriu todo o cronograma de desenvolvimento sem atrasos, em plana pandemia, o que foi um grande desafio para a equipe da Omnisys, e alcançamos cada meta contratada, um trabalho muito bem feito em conjunto com o Exército Brasileiro, com a entrega final em fevereiro de 2022. Como um projeto 100% Omnisys, mostrou-se competitivo, efetivo e funcional nos diferentes locais onde foi utilizado, seja Cachimbo, Marambaia ou Barreira do Inferno. O sucesso do STREV atraiu o interesses das outras forças, por exemplo, a Força Aérea vai precisar contratar um estande operacional voltado para o Gripen e seu armamento, e o Strev vai ter um papel importantíssimo nessas atividades, assim como esse equipamento vai auxiliar também programas de desenvolvimento da Marinha do Brasil em andamento.

Esse sucesso doméstico do Strev não o qualifica para ser exportado?

Sem dúvida. De fato, o Strev atraiu o interesse de vários possíveis clientes ao redor do mundo. Inclusive, já estávamos na fase final de negociações para assinar o primeiro contrato de exportação do equipamento neste ano de 2022. Porém, a crise econômica e a instabilidade cambial internacional atrapalhou a evolução dessa venda, mas para 2023 deveremos anunciar essa primeira exportação desse sistema, com o detalhe de ser um equipamento STREV fabricado do zero, e não modernizado e reconstruído, como foi o caso do análogo brasileiro. Outra vertente do Strev é ofertarmos o sistema como um pacote de modernização para clientes internacionais, a África do Sul por exemplo, poderia nos contratar para atualizar seu Centro de Testes em Overberg, ou poderíamos “alugar” capacidades Strev para clientes pontuais.

Capa entrega strev

Esquema de funcionamento do STREV

Cyber Segurança tem sido a cada dia uma preocupação cada vez maior. A Thales é líder mundial em soluções Cyber. O que a empresa traz para a 7ª Mostra BID Brasil?

Esse tema hoje está nas mãos do Exército Brasileiro. Para darmos uma dimensão da importância de possuirmos defesas Cyber, o STREV, que acabamos de citar, tem um sistema de proteção Cyber da Thales, por que mesmo ele não sendo parte de uma rede conectada, as informações geradas pelo sistema, gravadas em hard disks, estão protegidas contra qualquer tentativa de acesso externo não autorizado (cópia ilegal), e essa proteção vem de uma robusta criptografia que somente o dono da chave decodificadora (Exército) consegue realizar a leitura do que está nos hard disks.

A questão dos drones tornou-se uma ameaça crescente. Ter a capacidade de identificar um ataque drone tornou-se essencial. A Thales traz essas capacidades para a 7ª Mostra BID Brasil?

Nos produzimos tanto os drones em si quanto oferecemos soluções anti-drone ou counter-UAV. De fato, estamos atualmente testando um radar counter-uav, que está sendo desenvolvido no Brasil e capaz de realizar a detecção de drones, tanto escoteiros (single) quanto em grupos (enxames), capaz de detectar, classificar e disponibilizar informações essenciais para ações posteriores, que podem ser pelo abate físico por impacto ou pela incapacitação eletrônica dos sistemas a bordo. Trata-se de um radar holográfico montado na cabeceira da pista do aeroporto de São José dos Campos. Portanto, a solução de detecção de drones e disponibilização dessas informações está em construção aqui no Brasil.

A Thales deve trazer a 7ª Mostra BID Brasil sua proposta de morteiro raiado de 120mm embarcado?

Sim, estaremos apresentando na feira a nossa proposta de um morteiro de 120mm 2R2M semi automático, raiado, capaz de ser instalado em viaturas 6x6 do tipo Guarani sem a necessidade de grandes intervenções no chassis da viatura. Esse requerimento do Exército pode ser plenamente atendido com a nossa solução, e o Programa Guarani tem avançado muito bem, inclusive a escolha do Centauro 8x8 agrega muito a esse cenário, e de forma muito positiva.

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Morteiro 120mm 2R2M da Thales. Foto: Thales

Falando de Marinha, quais as soluções navais que as empresas Thales e Omnisys’ trarão a 7ª Mostra BID Brasil?

Nós apresentaremos com muito orgulho o Projeto do Radar Auto Diretor Ativo ou Seeker empregado no MANSUP. A fase 3 dessa tecnologia foi contratada recentemente, que é a qualificação final antes de iniciar-se a produção. Também vamos apresentar o nosso MAGE ET/SLR-1 (medidas de apoio a guerra eletrônica) selecionado para equipar as fragatas classe Tamandaré, selecionada pela Marinha do Brasil.

Com relação ao Programa de Navios Patrulha Oceânicos, que a Marinha promete lançar em 2023, o que a Thales pretende mostrar na feira para atender a esse programa em termos de sensores e armamentos?

Na seara sensores, a Thales oferece a Marinha do Brasil o seu radar AESA compacto NS50 que possui desempenho de radar multi-eixo 4D de eixo duplo real definido por software, sendo especificamente projetado para ser usado em plataformas navais menores, como os OPV em tela. O NS50 faz parte de uma nova família de radares 4D que entrega capacidade de navegação, direção de tiro e vigilância em um único mastro ou cúpula. Essa é a capacidade multi-bean, algo imprescindível para que os OPV´s da Marinha do Brasil possam enfrentar com sucesso as atuais e futuras ameaças navais.

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O radar AESA compacto NS50, da Thales

E quanto a oferta de sistemas de armas para equipar esses navios?

A Thales, em parceria com a Nexter, desenvolveu a solução RAPIDFire, demonstrada durante a Euronaval 2022. Projetado para proteger plataformas de ameaças aéreas de baixo nível, incluindo drones, é um dos poucos sistemas de defesa aérea disponíveis na atualidade que podem adquirir, identificar e destruir de forma autônoma e automática uma ameaça usando dados de designação de alvo fornecidos por um sistema de gerenciamento de combate. Com um rack pronto de 140 cartuchos de munição 40mm, correspondendo a cerca de 30 interceptações, o sistema oferece poder de fogo eficaz contra drones e enxames de drones, evitando o atrito de mísseis superfície-ar em caso de ataque de saturação. Toda  a parte de comando e controle, sensores ópticos e inteligência é fornecida pela Thales, enquanto a Nexter produz a arma de 40mm e fornece diferentes tipos de munições capazes de destruir drones, mísseis e outros tipos de ameaças.

Rapidfire finalA estação de armamento naval RAPIDFire com canhão de 40mm NEXTER

O que a Thales apresenta na feira para cobrir essa demanda?

Os ROV´s da Thales são bastante indicados para atender as demandas de Guerra de Minas e segurança submarina de bases navais, especialmente quando empregada a tecnologia TSAM, ou Towed Synthetic Aperture Multi-View Sonar, que é um sonar de abertura sintética rebocado por embarcação não tripulada (USV) com lançamento e recolhimento comandado remotamente (LARS). Esse sonar possui alta capacidade de deteção e identificação de ameaças submarinas na primeira passada de sensoriamento, e entrega esses dados em tempo real com grande definição de imagens e sistema de proteção dos dados obtidos.

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O TSAM, ou Towed Synthetic Aperture Multi-View Sonar, que é um sonar de abertura sintética rebocado



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