Portugal faz parceria com a Embraer para a produção do A-29N Super Tucano NATO
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Portugal faz parceria com a Embraer para a produção do A-29N Super Tucano NATO

A aeronave será montada e equipada com sistemas de missão e comunicação exclusivos para membros da aliança
Supertuga CAPA
Super Tucano NATO produzido em Portugal e entregue a Ucrânia? Montagem: Infodefensa.
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O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que recebe o presidente do Brasil, Luis Inácio da Silva, em visita oficial de quatro dias, confirmou no último sábado (22/04) uma parceria entre os dois países para a produção da aeronave A-29N Super Tucano pela Embraer no padrão que atende aos requisitos operacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). 

Luis Inácio vai visitar a Indústria Aeronáutica de Portugal, a OGMA, na segunda-feira (24) para assinar este novo protocolo. “O A-29 Super Tucano vai ser adaptado para os padrões da OTAN em Portugal, que também passará a acolher todo o processo de formação de pilotos na Europa e na África para este caça brasileiro”, disse o primeiro-ministro Costa neste sábado (22).

A palavra "produção" deve ser entendida no sentido de conversão para os requisitos e equipamentos NATO/OTAN, de aeronaves Super Tucano produzidas no Brasil (existe outra linha de montagem nos Estados Unidos, Flórida) e posteriormente enviadas CKD para a OGMA, onde serão montadas e equipadas com sistema de missão e comunicações exclusivos para menbros da aliança. 

O mesmo se aplica a questão dos aviões militares de transporte KC-390 adquiridos para a Força Aérea Portuguesa com relação a conversão. Produzidas no Brasil, são entregues em Gavião Peixoto para a FAP, que realiza o traslado das aeronaves em voo para a OGMA, onde posteriormente recebem os sistemas e equipamentos NATO/OTAN.

Super Tucano NATO

O A-29N Super Tucano NATO. Arte: Embraer

O valor estimado de um Super Tucano green, sem equipamentos, treinamento e suporte logístico, é de US$ 10 milhões, sendo o modelo capaz de cumprir missões de fiscalização de florestas, espaços aéreos, treinamentos intermediário/avançado e missões de combate com emprego de armamento inteligente Stand Off  e mísseis modernos, na versão NATO. 

Trata-se de um dos aviões mais exportados pela Embraer, cerca de 260 unidades já foram entregues e 15 forças aéreas usam ou já usaram o avião, incluindo a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).

Guerra na Ucrânia e Super Tucano NATO produzido em Portugal: conexões?

Vamos voltar no tempo ao SMi Close Air Support (CAS) realizado em Londres no ano de 2018. O então vice-presidente de vendas da Embraer para a Europa e Norte da África, Simon Johns, afirmava em julho de 2018, durante a conferência SMi Close Air Support (CAS) em Londres, que o Super Tucano poderia vir a equipar forças aéreas europeias como uma alternativa de baixo custo para a operação de jatos e helicópteros mais custosos.

Segundo Johns observava naquela ocasião, as mudanças incluiriam a integração de mísseis anticarro guiados do tipo Hellfire (AGM-114), da Lockheed Martin, bem como foguetes guiados a laser.

Simon Johns EmbraerO vice-presidente de vendas da Embraer para a Europa e Norte da África em 2018, Simon Johns. Foto: Linkedin

A Embraer também vislumbrava naquela ocasião um ótimo potencial de vendas na Ucrânia, que passava por dificuldades na obtenção de financiamento para adquirir uma nova aeronave de combate. Os militares ucranianos consideraram o EMB-314 uma opção acessível que acrescentaria considerável poder de combate. 

Além disso, os pilotos militares que voaram a aeronave elogiaram bastante a capacidade do Super Tucano de operar próximo à linha de frente de forma ágil e flexível o suficiente para responder as ameaças em tempo hábil.

Para atingir tal desempenho, o avião ucraniano seria entregue equipado com receptor de alerta radar (RWR) e sistema de alerta de aproximação de mísseis (MAWS), mais lançadores de chaffs e flares, equipamentos indispensáveis para operar de forma mais segura em um ambiente exigente como o espaço aéreo do leste europeu.

Pilotos Ucranianos voaram o Super Tucano no Brasil e em Portugal

Em agosto de 2019, uma delegação de pilotos militares da Força Aérea da Ucrânia, liderados pelo seu comandante, Colonel General Sergii Drozdov, visitaram a Base Aérea de Campo Grande e lá voaram com pilotos brasileiros a versão biplace (dois lugares) do Super Tucano da Força Aérea Brasileira. Coincidentemente, a maioria desses pilotos eram qualificados no jato de ataque Sukhoi SU-25 Frogfoot, incluindo aí o próprio Drozdov.

Colonel General Sergii Drozdov

O Colonel General Sergii Drozdov, comandante da Força Aèrea da Ucrânia em 2019 e piloto de SU-25. Foto: UAF

A história fica mais complexa, e o interesse ucraniano, evidente, quando estes repetem a dose e voam novamente o Super Tucano em avaliações operacionais, dois meses a frente, em outubro de 2019, só que dessa vez em Portugal, segundo o portal de notícias Top War.

Aí temos a inconsistência de datas, já que artigo de Infodefensa mostrando os testes do Super Tucano na Base Aérea Nº 5 Monte Real, em Portugal, diferentemente da publicação Top War, são de novembro de 2020, ou seja, praticamente um ano depois!

Das duas uma, ou TOP WAR errou na questão das datas corretas por 11 meses, mas acertou no conteúdo, ou a Embraer e a FAP já estariam conduzindo voos de familiarização/instrução para clientes europeus interessados em uma futura versão do Super Tucano NATO usando o demonstrador de fabricante Embraer EMB-314E Super Tucano, matrícula PT-ZTU (número de construção 31400232) antes mesmo do advento da Pandemia do Covid-19.

Existe a foto do piloto ucraniano embarcando na aeronave citada, em Monte Real (via Top War), assim como a foto da mesma aeronave operando em Monte Real, 11 meses depois. Não se trata de especulação, é factual documentado.

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Na imagem, o que seria um piloto ucraniano embarcando no demonstrador PT-ZTU em Monte Real, outubro de 2019.  Foto via Top War

A questão é entender a sequência correta de eventos que culminaram na apresentação do A-29 Super Tucano NATO durante a LAAD 2023.

Uma coisa é certa nessa história, a Ucrânia é cliente interessada na compra dessa aeronave.

Ao decidir-se pela produção/conversão do modelo em Portugal, a Embraer libera essas aeronaves "NATO" de qualquer restrição existente ou que possa ser imposta pelo Governo Brasileiro, que possui o controle sobre as aeronaves em produção no território nacional ou integrando a frota da Força Aérea Brasileira. 

Adicionalmente, essa linha de ação isenta o Estado Brasileiro de qualquer custo diplomático. Ao mesmo tempo, Portugal atende  uma demanda da FAP, a necessidade de operar aeronaves CAS para garantir superioridade aérea e tempo de reposta ágil em missões ar-solo nas intervenções de além-mar a soldo das Nações Unidas, nas chamadas Missões de Paz, e ainda reforçar sua capacidade de treinamento e conversão para a primeira linha, algo bem necessário com a aposentadoria dos antiquados Alpha Jet em janeiro de 2018.

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O A-29N Super Tucano conta com estação eletro-óptica giro-estabilizada com telêmetro laser, IR e cameras de longo alcance. Foto: IDS

Outro dado importante, a cadeia logística montada em torno do Super Tucano NATO. Em setembro de 2022, a Embraer e o Grupo Industrial GMV anunciavam um Memorando de Entendimento para cooperação nas áreas de desenvolvimento e integração de sistemas para produtos e serviços de defesa, principalmente no âmbito do programa da aeronave A-29 Super Tucano. 

O Memorando apontava ainda potenciais parcerias em processos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, com o objetivo de ampliar o relacionamento comercial de longo prazo entre as empresas durante as fases de concepção, design, desenvolvimento, produção e suporte... do Super Tucano NATO.

150127 avion super tucano embraer 740x641 1O A-29N Super Tucano pode operar com mínima infra estrutura de base e pista. Imagem: EDS

Finalmente, muitos poderiam alegar que o Super Tucano NATO não poderia ser vendido a Ucrânia, pois oficialmente esta não é uma nação da Aliança. É um argumento simplista, na medida em que praticamente todo o armamento de relevância empregado no campo de batalha pelos ucranianos contra o invasor russo é de origem e fabricação... NATO.

Assim, temos no presente momento, e como gran finale dessa história, a visita do presidente Luís Inácio a Portugal, durante quatro dias, iniciada na última sexta-feira, 21 de abril.

A programação de atividades entre os dignatários das duas nações inclui um voo no KC-390 da FAP entre Porto e Lisboa, de onde o presidente brasileiro seguirá para a empresa OGMA, subsidiária da Embraer no país, que fica em Alverca. Segundo a mídia de comunicação lusitana RTP, o presidente brasileiro anunciará "investimentos importantes em Portugal" envolvendo a indústria aeronáutica na segunda-feira, 24.

Super tucano 2017 08O A-29N Super Tucano pode lançar armamento inteligente como bombas guiadas. Imagem: EDS



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