Aviação Estratégica da FAB perde um KC-30 e compromete sua conversão com MRTT
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Aviação Estratégica da FAB perde um KC-30 e compromete sua conversão com MRTT

A Força Aérea Brasileira transformará pelo menos uma das duas aeronaves Airbus A330 ou KC-30 em aeronave de transporte VIP
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Aeronave Airbus A330 passando por conversão para MRTT em Getafe, Espanha. Foto: Roberto Caiafa
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A Força Aérea Brasileira tomou a decisão, ainda não confirmada oficialmente, de transformar pelo menos uma das duas aeronaves Airbus A330 ou KC-30 recém-adquiridas em aeronave VIP de transporte de autoridades (nível chefe de Estado), pedido que teria feito pelo atual presidente do Brasil, Luis Inácio da Silva, após voar na aeronave em suas últimas viagens internacionais.

Segundo diversas fontes da FAB consultadas pelo Infodefensa.com, essa decisão pode inviabilizar a conversão dessas aeronaves para o padrão MRTT, ou aeronaves polivalentes, de transporte e reabastecimento em voo.

Kc30 lula alquimimO presidente brasileiro desembarcando do KC-30 em Brasília. Foto: FAB

Os dois KC-30 entregues recentemente não têm a configuração típica dos aviões do governo brasileiro destinados ao transporte de autoridades. A grande e cara frota é de responsabilidade do Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea Brasileira.

Cada avião A-330 oferece 30 assentos cama na classe executiva e 222 poltronas na econômica, a mesma disposição de quando operavam voos de carreira. O KC-30 tem autonomia de 14.000 quilômetros, mais do que suficiente para fazer o trajeto direto entre Brasília e Washington, sem necessidade de paradas técnicas para reabastecimento.

A depender da configuração o KC-30 tem capacidade de voar diretamente do Brasil à China, segundo aviadores militares.  Trata-se do maior avião já operado pela FAB. Os dois KC-30 foram adquiridos e incorporados à FAB em 2022.  Os novos Airbus foram comprados da Azul Linhas Aéreas em abril por cerca de 80 milhões de dólares.

DSC 4409Aeronaves A310 e A330 MRTT no pátio da Airbus em Getafe. Foto: Roberto Caiafa

Segundo os planos anteriores sobre os KC-30, essas duas aeronaves seriam convertidas para a versão militar por completo tornando-se aeronaves de uso múltiplo, transporte e reabastecimento em voo (MRTT).

Essa modificação é feita ao longo de 18 meses de intensos trabalhos de reconstrução e reconfiguração do avião, nas instalações da Airbus em Getafe, Espanha. Infodefensa.com teve a oportunidade de visitar essas instalações e mostrar em detalhes como é o complexo trabalho de conversão de aeronaves civis em aeronaves militares altamente tecnológicas.

DSC 4354As instalações de Getafe podem converter duas aeronaves Airbus A330 para MRTT simultaneamente, e existe fila de espera. Foto: Roberto Caiafa

Nos planos do Alto Comando da Força Aérea para 2022, o contrato de conversão desses aviões seria assinado ao final daquele ano, o que não aconteceu, e com a troca de Governo em 2023, a aeronave só tornou-se relevante quando suas capacidades de longo alcance e alta densidade despertou interesse em políticos e autoridades do primeiro e segundo nível da alta administração federal interessados em usar as aeronaves para viagens internacionais com grandes comitivas.

Os dois KC-30 fazem parte da frota do Esquadrão Corsário, sediado na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Esta unidade ficou anos inoperante, sem realizar missões estratégicas por falta de aeronaves, com a aposentadoria dos ultrapassados KC-137, fato que retirou o REVO e a capacidade de transporte de longo alcance, essenciais para a FAB, que deve defender uma país de dimensões continentais como o Brasil.

52359606392 503c44e24c kO KC-30 FAB 2901, na configuração atual de linha aérea. Foto: Roberto Caiafa

A conversão para MRTT

As especificações técnicas da Aeronáutica sobre a configuração desejada para os seus dois KC-30 definem a disponibilização de dois pontos de reabastecimento em voo ou REVO na asa, do tipo Probe and Drogue, também chamados de Cesta e Sonda. Ambos devem operar simultaneamente e serem capazes de entregar combustível em diferentes altitudes, contando com isso com um set de bombas elétricas. 

Os aviões MRTT também possuem um painel de controle instalado na cabine de pilotagem para o sistema de reabastecimento, controlado por cameras em diferentes angulos, bem como possuir meios de observação visual da operação, com a função de acionamento do sistema de desconexão de emergência.

Airbus TTT simAutomatizada ao extremo, a operação conta com diversas cameras para o operador REVO manter contato visual durante o reabastecimento. Foto: Roberto Caiafa

A Força Aérea também especificou em sua intenção MRTT que o KC-30 apresente alcance mínimo de 2.778 km (1.500 milhas náuticas), sendo capaz de transferir pelo menos 100.000 libras (45,3 toneladas) de combustível e transportar no mínimo 50 passageiros e 10 toneladas de carga. 

Durante a conversão, caso venha a ser contratada, a capacidade REVO será entregue por dois pods Cobham 905E nas asas, capazes de transferir 1.300 quilos de combustível por minuto.  Estes são os mesmos equipamentos usados pelo KC-390 quando configurados como reabastecedores aéreos.

Os A330 ainda podem receber uma terceira estação de reabastecimento, instalada na fuselagem traseira ventral da aeronave. Esse terceiro posto pode usar tanto a solução lança telescópica flying boom quanto a alternativa probe and drogue, mas não foi especificado pela FAB por que aumenta substancialmente o valor da conversão de cada exemplar.

MG 0998 696x393A oferta de dois MRTT britânicos em 2019 foi uma ação conjunta da Airbus Military e Governo Britânico, através do Department for International Trade Defence & Security Organization (DIT DSO). Foto: Felipe Caixeta  

Oportunidade perdida?


Um RAF KC-2 Voyager (Airbus A330 MRTT) visitou o Brasil em maio de 2019 e foi inclusive testado com caças Northrop F-5EM em ações de longo alcance com o uso do REVO. Àquela altura a frota britânica contava com mais aeronaves do que a demanda e a RAF ofereceu formalmente duas aeronaves à FAB, em excelentes condições e prontas para uso.


Restrições orçamentárias e prioridades de recursos focados nos programas Gripen e KC390 naquele ano impediram a FAB de adquirir essas aeronaves, uma oportunidade perdida que parecia ter sido remediada com a compra de dois Airbus A330 para posterior configuração em MRTT.

A não execução desse contrato de conversão é uma fraqueza perigosa no planejamento estratégico da Força, com sérias implicações para a efetividades dos caças Gripen em missões expedicionárias fora do espaço aéreo brasileiro, ocasião em que uma aeronave KC-30 MRTT pode apoiar quatro aeronaves F.39E com combustível, transportar o pessoal de manutenção desses caças e mesmo peças e componentes de reposição, para uma operação fora de base sede.

MG 0998 696x392A oferta de dois MRTT britânicos em 2019 foi uma ação conjunta da Airbus Military e Governo Britânico, através do Department for International Trade Defence & Security Organization (DIT DSO). Foto: Felipe Caixeta



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