Na última terça-feira (18), a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Omnisys, subsidiária da Thales no Brasil, inauguraram moderna estação de radares em Corumbá para controle do espaço aéreo nacional, com a presença do presidente da República Jair Messias Bolsonaro.
A FAB assinou (em 2018), através da Ciscea (Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo), contrato com a Omnisys para o fornecimento e instalação de três estações no Centro-Oeste, todas localizadas em Mato Grosso do Sul, nas cidades de Porto Murtinho, Ponta Porã e Corumbá.
Essas três instalações serão utilizadas no combate a voos ilegais do narcotráfico e todo tipo de ilícito ou crime transnacional cometido em região de fronteira, além de reforçarem a capacidade de controle de tráfego aéreo civil, “fechando” as fronteiras do centro-oeste brasileiro eletronicamente pelo ar.
As estações utilizam radares primários e secundários produzidos no Brasil pela Omnisys.
Juntos, esses sensores terão capacidade de identificar aeronaves voando em baixas altitudes, muito comum no narcotráfico aéreo.
Os equipamentos podem alcançar entre 200 a 250 milhas, aproximadamente 450 km, permitindo uma vigilância maior, incluindo aeronaves de pequeno porte e em velocidades baixas, como helicópteros, ou aparelhos a velocidades mais altas e manobras elevadas, como aviões de caça.
O acordo de cooperação entre o Governo Federal e os militares, que viabilizou todo o programa, contou com repasse de R$ 140 milhões do Ministério da Justiça e Segurança Pública para a FAB.
O diretor geral da Thales no Brasil, Luciano Macaferri Rodrigues, falou sobre a tecnologia utilizada no projeto “Cada sistema é composto um radar primário LP23SST-NG e um radar secundário RSM970S. O primeiro tem a função inicial de detecção de alvos aéreos e apresenta grande área de cobertura, já o segundo funciona realizando a “interrogação” do transponder instalado na aeronave alvo para a recepção de dados criptografados com informações sobre altitude, proa, velocidade e outros itens. Se a aeronave detectada não responder a essa interrogação (IFF), ela automaticamente é dada como não colaborativa e pode ser alçada a condição de hostil, sendo passível de interceptação” explica o executivo.
Falando de uma forma mais técnica, Macaferri continua “o radar primário LP23SST-NG, associado a um radar secundário RSM970S, permite a detecção de alvos não colaborativos e colaborativos. Além disso, o radar LP23SST-NG produz informações de distância, azimute e de altitude dos alvos aéreos, trazendo benefícios operacionais tanto para o controle civil das aeronaves, quanto para a defesa aérea e, consequentemente, contribuindo para segurança pública na detecção de aeronaves não autorizadas, aumentando a capacidade de vigilância do espaço aéreo no território nacional e permitindo a constante garantia da segurança em voo. A mais, como capacidades militares, o radar LP23SST-NG pode emitir sinais em múltiplas frequências, monitora interferências, criando os chamados strobes, além de disponibilizar um extenso mapa com as frequências interferidas. O radar ainda detecta alvos rápidos e alvos lentos, no caso, também em baixa altitude, inclusive pairado” finaliza.
As interceptações de voos clandestinos, muitos deles a serviço do narcotráfico, geralmente são feitas por caças A-29 Super Tucano baseados em Campo Grande, com o apoio de um E-99 Guardião, aeronave radar que participa das atividades de controle do espaço aéreo brasileiro e está baseada na Ala 2 em Anápolis.
Quando classificadas como hostis, os invasores recebem ordens de pouso dos caças ou então assumem o risco de serem abatidos no chamado “tiro de destruição”, sendo metralhados em suas partes críticas como motores e superfícies de controle, causando a queda e/ou pouso emergencial.
O efeito da instalação dos radares na fronteira no combate ao tráfico de drogas pode representar um aumento no número de apreensões das Forças de Segurança.
A existência destes radares vai diminuir a frequência de voos transportando drogas no País.
Imagens: Omnisys/Roberto Caiafa