Exército Brasileiro chega à LAAD 2023 com reposição do Leopardo no horizonte
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Exército Brasileiro chega à LAAD 2023 com reposição do Leopardo no horizonte

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O drone brasileiro Nauru 1000C armado com míssil MBDA Enforcer. Foto: Roberto Caiafa
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Após um intervalo forçado de quatro anos, o Exército Brasileiro retorna a LAAD em 2023 com a compra de sua VBC CAV 8x8 definida com a vitória do favorito Centauro II, na esteira de um lento porém bem sucedido programa de modernização de meios que poderá inclusive atualizar os VBC CC Leopard 1A5 BR até um total de 52 viaturas, enquanto a Akaer venceu em 2022 um contrato para modernizar uma quantidade significativa de blindados 6x6 de reconhecimento Engesa EE-9 Cascavel.

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BAE Systems CV90 MK-IV IFV. Foto: BAE Systems

Outro programa que surge com força na LAAD 2023 é a aquisição da Viatura blindada de Combate Fuzileiros (VBC Fuz), cujos requisitos operacionais foram divulgados em 2020 (EB20-RO-04.057) e incluem, dentre os principais (absolutos) peso inferior a quarenta e cinco toneladas, guarnição de três militares (comandante do carro, atirador e motorista), e transportar no compartimento de combate no mínimo sete combatentes. 

Esse veículo sobre esteiras deverá ser armado com um canhão de no mínimo 25mm, com alcance útil de 3 km, e capaz de atingir alvos em movimento estando também em movimento com fator de acerto superior a 80%, em rajada ou em fogo intermitente. 

A munição deverá ser capaz de perfurar pelo menos 50mm de aço homogêneo a 1.000 metros de distância, o canhão sendo estabilizado nos dois eixos e a torre equipada com giro e elevação/depressão da arma elétricos. 

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O conceito modular do IFV Lynx, da Rheinnmetall. Imagem: Rheinnmetall

Um conjunto completo de sensores optrônicos dia/noite/termal deverão fazer parte de um sistema de controle de tiro de última geração, tudo gerido por um sistema de Comando e Controle em Combate E2C/Comunicações compatível com as VBC CAV 8x8, Guarani 6x6, IDV LMV, etc.

Essas características, para citar algumas, apontam para uma quebra de paradigma, pois a escolha da VBC FUZ poderá ser determinante na escolha da viatura blindada de combate carro de combate futuro (VBC CC futuro) substituto dos Leopard 1A5 BR atualmente em uso pelo EB e com contrato de apoio do fabricante (KMW) cessando em 2027. 

Não é novidade no mercado atual blindados originalmente lançados como veículos de combate de infantaria (IFV´s) ou AFV (armored fighting vehicles) evoluírem para se tornarem um MBT médio, ou MMBT na terminologia atual, e gerando bons produtos, especialmente para orçamentos que precisam entregar uma capacidade militar crível muito superior aos recursos disponibilizados. 

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O conceito "família" fica explícito nesse alinhamento de versões do CV-90 IFV/AFV. Foto: BAE Systems

A comunalidade de "família" que alguns projetos apresentam é uma opção atraente, se não a única, para Países como o Brasil, que precisam maximizar ganhos tecnológicos em curto espaço de tempo. 

Nos requisitos publicados para a VBC CC futuro (RO EB20-RO-04.056 e RTLI EB20-RTLI-04.062), além do armamento definido como 120mm, a questão peso é reveladora, já que o teto é de 50 toneladas (máximo). 

Isso indica que a torre HITFACT MKII da Leonardo, selecionada para o Centauro II, deverá ser integrada ao veículo vencedor do VBC CC futuro, como forma de padronização do armamento, tornando um MMBT de até 50 toneladas uma proposta letal com alta mobilidade e excelente relação peso x potência, equipado com o estado da arte em sensores e sistemas de comunicações/gerenciamento do campo de batalha.

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O Ajax AFV, da General Dynamics Land Systems UK. Imagem: GDUK

Esse viés de corte já elimina, de saída, uma série de opções mais pesadas, apontando claramente na direção de uma VBC CC futura oriunda do conceito modular de família. 

Simplificando, o ofertante que vencer a concorrência VBC FUZ terá quase certamente a vitória na escolha da VBC CC futuro. 

Essa lógica está nitidamente impressa no DNA de alguns veículos "família" atualmente em estudos pelo Exército Brasileiro, como o IFV Puma, da KMW, o CV-90, da BAE Systems, o Ajax, da General Dynamics Land Systems, o Lynx da Rheinmetall, para citar apenas produtos dos fabricantes mais em evidência. 

A lista é extensa e inclui fabricantes da Eurásia como a chinesa NORINCO ou a sul-coreana Hanwha.

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A proposta da ST Engineering para o 6x6 Guarani Porta Morteiro 120mm. Foto: Roberto Caiafa

Durante a LAAD 2023 e após, ações de bastidores estarão em curso para outros dois importantes contratos em discussão com o mercado.

São eles o morteiro raiado de 120mm semi-automático embarcado, destinado as viaturas 6x6 Guarani (100+ previstas), e o obuseiro sobre rodas de 155mm, com 36 unidades requeridas.

No caso dos morteiros, as propostas de empresas como Thales, Elbit Systems, RUAG, BAE Systems, Pátria e ST Engineering já são bem conhecidas, e envolvem produtos no estado da arte, alguns deles com o pré-projeto de integração ao Guarani já elaborado.

No caso dos obuseiros sobre rodas de 155mm, durante anos a disputa ficou entre o CAESAR francês e o ATMOS israelense, com o sueco Archer correndo por fora, para citar três ofertas conhecidas.

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O obuseiro de 155mm chinês SH-15, fabricado pela NORINCO para exportação. Fotos: NORINCO

Porém, eis que o obuseiro chinês SH-15, fabricado pela NORINCO, desponta no mercado de exportação com tubo 155mm/52 calibres e demais capacidades de todos os outros concorrentes, e com um preço de venda extremamente tentador.

Resta saber se a “tentação” supera o inevitável custo geopolítico de comprar material militar chinês em um momento onde as manifestações de autoridades norte-americanas contrárias sobre esse tema na América do Sul são, no mínimo, muito intensas.

A LAAD 2023 será também uma importante janela de estudos para compras de sistemas aéreos não tripulados maiores e mais pesados que os Nauru 1000C atualmente entrando em serviço com a Aviação do Exército e produzidos em São Carlos pela Xmobots

Essas compras são inevitáveis, e os estudos doutrinários em curso devem aproveitar a feira para direcionar decisões sobre aquisições nesse estratégico setor.

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Os primeiros Nauru 1000C já estão em serviço com o EB. Foto: AVEX

Em outra direção, o Exército Brasileiro chega a LAAD 2023 com o seu Programa Estratégico Astros praticamente concluído, exceto pelo efetivo início da industrialização serial do míssil de cruzeiro e o início da produção do foguete de 150 km guiado a laser. 

A fabricante do Astros e desses estratégicos armamentos, a Avibras Aeroespacial e Defesa, está no cerne de uma grande polêmica que envolve a sua possível venda ao capital estrangeiro na esteira de uma recuperação judicial, a terceira em sua história.

Há 10 dias do início da LAAD, a diretoria da Avibras publicou uma nota a imprensa onde confirma o interesse de diversos investidores “A Avibras está buscando ampliar seu capital através de investimentos diretos de empresas estratégicas e o governo acompanha de perto a evolução deste processo, que é complexo e sigiloso. Há vários investidores interessados, porém nenhuma transação ocorreu até o momento. Na busca de novos investidores, a prioridade da Avibras e do governo brasileiro é manter as operações da empresa no Brasil juntamente com seu capital humano, físico e intelectual, preservando assim a sua história de conquistas construída ao longo de mais de seis décadas”.

Como fica o míssil tático de cruzeiro com mais de 300km de alcance, o foguete guiado a laser de 150 km, para falar de Exército, e o Programa Espacial Brasileiro, para falar de Força Aérea, capítulos importantes dessa história deverão ser revelados durante a LAAD 2023. 

É aguardar para ver.

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Disparo do AV-MTC 300. Foto: EB



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