Brasil cancela a Pantsir
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Brasil cancela a Pantsir

Pantsir Plinio Lins
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Em outubro de 2015, um documento publicado no Diário Oficial da União (publicação do Governo Federal) informava sobre o cancelamento dos fundos ou recursos destinados para estudar, avaliar ou testar o sistema de defesa antiaéreo Pantsir, fabricado pela KBP Instrument Design Bureau .

Então uma sugestão de aquisição "governo a governo", essa compra começou a definhar com a deposição do governo Dilma Rousseff, e a nota publicada na revista semanal VEJA há alguns dias reconfirmou e o cancelamento da compra, algo noticiado por Infodefensa ao final de 2015.

Na ocasião, Infodefensa demonstrava a insatisfação das Forças Armadas brasileiras com uma escolha de cunho unicamente político e que, entre outros óbices, traria consigo desvantagens estratégicas como a falta de transferência de tecnologias associadas (especialmente dos códigos IFF, guiamento dos mísseis e integração/transmissão de dados entre posto de comando e bateria de mísseis).

A compra de um sistema "caixa preta" com acentuada dependência do fornecedor, uma empresa baseada em um País alvo de sérias sanções diplomáticas e econômicas por parte da comunidade internacional(e que ainda continuam), também foi outro fator de risco considerado.

Como Infodefensa questionou a época, o sistema Pantsir não atendia a questão da aerotransportabilidade, sendo baseado em caminhão 8x8 pesado, o que o tornava incapaz de ser embarcado em navios da Marinha do Brasil ( O Corpo de Fuzileiros Navais poderia ser um dos usuários) ou nos transportes da Força Aérea Brasileira.

Até mesmo seu deslocamento por terra, em autoestradas, se tornaria um problema devido ao seu peso, massa concentrada e tamanho avantajado. Portanto, para o Exército Brasileiro, envolvido com o Projeto Estratégico Defesa Antiaérea, o Pantsir era uma carta fora do baralho.

Desde o início, ficou claro que os militares brasileiros nunca desejaram o sistema Pantsir. A época, os comentários nos corredores do Ministério da Defesa apregoavam que sistemas mais capazes (e pesados) como o S-400 ou o novíssimo S-500 é que deveriam ser analisados, em caso da compra de material de origem russa se concretizar.

Na atualidade, o PEE Defesa Antiaérea anota entregas de mísseis SAAB RBS 70 V/SHORAD, blindados SPAAG KMW Gepard IA2, novas unidades de MANPADS IGLA-S e algumas ações pontuais de recuperação do cansado material de tubo em 40mm e 35mm.

Para a faixa de média altura, diferentes empresas brasileiras, associadas com parceiros estrangeiros desenvolvem sistemas antiaéreos que apresentam como principais características a transportabilidade pelo ar, modularidade de componentes, radar sólido do tipo AESA associado com sistemas de guiamento conectados através de link digital robusto e protegido, e mísseis de alto desempenho, compactos e preparados para disparo a frio direto de sua rampa de lançamento vertical, usando tanto tecnologia IR matriz ativa de 5ª geração quanto guiamento terminal autônomo radar com atualização do meio curso por link de dados digital.

Um dos gargalos técnicos do PEE Defesa Antiaérea é o estabelecimento de um sistema IFF nacional, análogo ao sistema MOD 4 Alfa (ainda usado na atualidade) e a integração em alto nível de sistemas provenientes de fornecedores diferentes.

Supondo que o radar adotado seja o M200 da BRADAR, em testes desde o início de 2015, esse sensor deverá ser capaz de "interrogar" seus alvos usando o IFF nacional, analisar as respostas, classificar os alvos, e fornecer as soluções de tiro usando um complexo sistema de link digital criptografado unificado para transmitir essas informações as baterias de tiro.

Os atuais sistemas de comunicação de dados militares como o Link 2BR da Força Aérea ou o SISCOMIS, usado pelo Exército, não conversam entre si, e deverão sofrer uma readequação assim que o sinal do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações estiver disponível, tornando factível as três forças falarem com o COMDABRA (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro) com segurança e agilidade.

Sem essas capacidades, o desenvolvimento e compra de qualquer sistema de defesa antiaérea estaria comprometido, relevando-o a simples defesa pontual de alguns poucos alvos de maior valor de forma ineficiente e incompleta.

O documento

A Medida Provisória nº 697 determina o cancelamento de empenho no valor de R$ 1,8 milhão, sinal (entrada) para a aquisição de parte do equipamento, avaliado em mais de meio bilhão de reais.

Na rubrica 05.572 o registro é bem claro: CANCELAMENTO (em caixa alta) no item ‘Projeto de Defesa Nacional’ no valor previsto para ‘sistema de defesa antiaérea’.

Imagens: Plínio Lins/Infodefensa/DOU



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