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Banco do Brasil suspende crédito e financiamento de exportações para a Base Industrial de Defesa
Apenas alguns dias após Infodefensa noticiar o Plano de Ação "Nova Indústria", divulgado pelo Governo Brasileiro com diversas diretivas para a Base Industrial de Defesa Brasileira reunidas no chamado "Missão 6", com destaque para os créditos de garantias para exportação, cuja falta tanto prejudica as empresas brasileiras, e o Banco do Brasil, única organização financeira que ainda realizava algum tipo de operação nesse setor, suspendeu essa atividade de forma abrupta e unilateral, honrando apenas contratos em vigor.
A notícia repercutiu de forma muito negativa no mercado de defesa brasileiro, especialmente para empresas do setor que estão com contratos em vigor com essa modalidade de operação contratado ao Banco do Brasil, caso da Mac Jee, para citar uma empresa com negócios em andamento com pelo menos quatro países (EUA, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bulgária).
Além da Mac Jee, também estão nessa situação delicada a gigante de munições CBC, dona da Taurus Armas, e a Avibrás Aeroespacial e Defesa.
Empresas de Defesa podem quebrar?
Segundo Rodrigo Campos, CEO da InsurBirds, especialista em Financiamentos e Economia de Defesa e pesquisador do Ecossistema Financeiro da Indústria de Defesa e Segurança, ouvido pela reportagem de Infodefensa "A recente decisão do Banco do Brasil (BB) de suspender financiamentos para a Indústria de Defesa e segurança não é apenas um revés para a "Missão 6" da Nova Indústria do Brasil recém lançada pelo Governo Federal, que busca autonomia tecnológica, mas também representa um desafio significativo para um setor que é um robusto motor de inovação e um grande contribuinte para o PIB nacional, com cerca de 4% de participação, além de ser um empregador significativo com aproximadamente 3 milhões de trabalhadores. A decisão do Banco do Brasil de suspender os financiamentos com recursos próprios destinados à Indústria de Defesa não ameaça apenas o progresso estratégico e tecnológico do Brasil, mas também evidencia uma compreensão limitada sobre a importância diversificada dessa indústria. Tal decisão parece refletir menos um alinhamento com uma agenda de investimentos "responsáveis" – que nem sempre são genuinamente assim – e mais uma carência de conhecimento sobre a relevância estratégica do setor".
E Rodrigo Campos continua "A garantia da soberania nacional e a manutenção da autodeterminação, que inclui a capacidade de preservar e, quando necessário, impor os interesses, estão intrinsecamente ligadas à força e resiliência da Indústria de Defesa, bem como à sua capacidade de equipar e suprir as Forças Armadas. Esta indústria reflete-se em todos os setores da economia, influenciando desde a inovação e tecnologia até a estabilidade política e econômica.
Exemplos recentes, como o Conflito na Ucrânia, demonstram claramente a importância de uma Indústria de Defesa robusta. Além disso, situações de tensão, como o recente impasse entre Guiana e Venezuela, servem como lembretes oportunos da necessidade de uma defesa nacional forte. Estes eventos reforçam a ideia de que a segurança e a soberania de um país são fundamentais para sua estabilidade e prosperidade.
O Brasil, dotado de imensas riquezas naturais, como minérios, petróleo, biodiversidade e reservas de água, necessita de uma Indústria de Defesa capacitada para proteger esses recursos vitais. Uma indústria sólida não é apenas um pilar de segurança, mas também um guardião dos tesouros naturais e econômicos do país".
Uma Conclusão Desconfortável
É vital compreender a Indústria de Defesa dentro de um contexto global, geopolítico e histórico. Os gastos militares globais continuam a aumentar. Eles deram um salto de 3,7% em 2022 em relação ao ano anterior, considerando a inflação. Chegaram ao patamar de 2,24 trilhões de dólares (R$ 11,3 trilhões), conforme o novo relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), um dos principais think tanks globais de segurança.
Na conclusão de Rodrigo Campos "É crucial que o BB e outras instituições financeiras reconheçam o papel vital da Indústria de Defesa brasileira e reconsiderem suas políticas de financiamento. Isso é necessário para assegurar que o Brasil não apenas mantenha sua soberania e autodeterminação, mas também continue na vanguarda da inovação tecnológica global, promovendo o desenvolvimento socioeconômico e a proteção de seus recursos valiosos.
Trata-se não apenas de responsabilidade com o futuro do país, mas também de um mercado altamente demandante que influencia significativamente decisões geopolíticas, impactando o futuro da economia mundial e as relações entre regiões e países.
Vendo o copo meio cheio, o recuo do BB abre espaço para bancos privados nacionais e internacionais. Assim, impõe-se à nossa Base Industrial de Defesa e Segurança o desafio de estar pronta para acessar essas opções por meio de modelos empresariais que transmitam aos credores a confiança necessária.
Uma abordagem holística e estratégica ao financiamento pode garantir que o Brasil não apenas mantenha sua capacidade defensiva, mas também se posicione como líder em inovação tecnológica", finaliza.
