Taurus e Imbel buscam estabelecer um novo órgão de certificação de armas
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Taurus e Imbel buscam estabelecer um novo órgão de certificação de armas

O general Mattiolli Imbel e Salésio Nuhs Taurus assinam o memorando. Imagen: Taurus
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A Taurus Armas (TASA4) informou, na manhã da última quarta-feira (03/02), a assinatura de um memorando de entendimentos não vinculativos com o intuito de estabelecer bases técnicas e comerciais com a IMBEL, empresa brasileira creditada pelo Ministério da Defesa como a primeira Empresa Estratégica de Defesa (EED).

O entendimento entre as companhias visa a “possível contratação de serviços de industrialização por encomenda (IPE) de produtos e serviços de portfólio da IMBEL, e implantação e operação, em conjunto, ou isoladamente, de um Órgão de Acreditação e Certificação”.

Além disso, o memorando abre caminho para a “pesquisa e desenvolvimento e produção de novos produtos; e, ainda, a comercialização conjunta de produtos e serviços de ambas as empresas”, diz o comunicado da companhia ao mercado.

O prazo inicial do memorando assinado será de cinco anos, podendo ser prorrogado por mais cinco ano.

Para que o entendimento seja renovado, deverá ser formalizado mediante a um aditivo contratual entre a Taurus e a IMBEL.

Resposta da Indústria

Nos últimos anos, tem sido uma constante nas entrevistas dadas pelos fabricantes de armas brasileiros e responsáveis por compras nas forças de segurança, leia-se CBC, Imbel e Taurus, entre as fábricas, e Polícia Militar de São Paulo e Departamento de Polícia Federal, entre as corporações, reclamações contundentes quanto ao gargalo burocrático existente no Exército Brasileiro quando o assunto é a demorada e pouco eficiente homologação e acreditação de novos armamentos em desenvolvimento pela indústria.

Para ilustrar essa demora, tomemos como base de comparação as informações publicadas recentemente no site da Imbel sobre o Fuzil IA2 em calibre 5,56 mm.

Projeto apresentado em 2008, o IA2 foi submetido à avaliação de protótipo de MEM no ano de 2011 para verificar a sua conformidade com os Requisitos Operacionais Básicos (ROB) nº 07/10-EME, de 03 de agosto de 2010 e com os Requisitos Técnicos Básicos (RTB) nº 04/10-DCT, de 28 de outubro de 2010, sendo considerado “CONFORME” com estes requisitos e homologado pela Portaria nº 001- DCT de 20 de janeiro de 2012.

Em maio de 2012, iniciou-se a avaliação do lote piloto do MEM Fz Ass 5,56 IA2 para verificar a conformidade aos Requisitos Operacionais Conjuntos (ROC) nº 01/11-EMCFA, de 30 de junho de 2011, e com os RTB nº 02/12-DCT, de 25 de julho de 2012. A avaliação foi concluída em dezembro de 2014 e o lote piloto do MEM foi considerado “conforme” com estes requisitos e o relatório homologado pela Portaria nº 007- DCT de 04 de fevereiro de 2015.

Ou seja, entre o projeto ser oficialmente apresentado e a arma estar pronta para industrialização em massa passaram-se sete anos. No caso do fuzil 7,62 mm, a demora é ainda maior, e a arma ainda não está oficialmente pronta após mais de uma década (!) do início da tramitação do projeto!

Conforme divulgado no site da Imbel, o fuzil 7,62 mm encontra-se na avaliação de protótipo de MEM no CAEx para verificar a conformidade aos Requisitos Operacionais Conjuntos (ROC) do fuzil médio das FFAA nº 02/11-EMCFA, de 30 de junho de 2011, e aos Requisitos Técnicos Básicos (RTB) nº 03/12-DCT, de 28 de outubro de 2010.

Necessário observar que a própria Imbel é uma empresa aderente ao Exército Brasileiro, portanto, a busca por um novo órgão de acreditação e homologação indicam claramente que a indústria brasileira de armas não vai mais apenas reclamar como fazia anteriormente, vai agir para resolver esse gargalo.

Em boa parte, esse movimento tem como responsável inicial o Programa de Modernização do Armamento da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Pmesp).

Maior força policial da América Latina, com 89 mil homens e mulheres, a PMESP orientou nos últimos anos todas as suas compras pelo viés de qualidade absoluta e modernidade conceitual comprovada, fato que por si só excluiu sumariamente a indústria nacional de todos os certames recentes.

Foram compradas pistolas Glock .40 (mais de 40.000 armas), espingardas semi/auto 12 Benelli M3 calibre 12 (Itália), fuzis FN SCAR L 5,56mm e FN SCAR H 7,62 mm (Bélgica), submetralhadoras B&T .40 (compatíveis com carregadores Glock .40), metralhadoras de apoio de fogo Negev 7,62 mm (Israel) e dois sofisticados fuzis de precisão (sniper) Steyr (Áustria) com acessórios de mira qualquer tempo da Hensoldt (Alemanha).

Com investimento de R$ 119,5 milhões, a modernização do arsenal das forças públicas de segurança do Estado de São Paulo resultou na aquisição de 50 mil pistolas .40; 1,3 mil fuzis e 1 mil armas de incapacitação neuromuscular (tasers).

Nenhuma empresa brasileira venceu qualquer um dos certames, nem mesmo para coletes de proteção balística, adquiridos na Índia e reconhecidos pela corporação como melhores que os produtos nacionais homologados.

Esse reconhecimento não é baseado em preferências pessoais, mas no elaborado trabalho do laboratório de análises e testes do Centro de Material Bélico da Pmesp, equipado e qualificado para testar armamentos diversos seguindo e excedendo normas OTAN e normas de renomados centros internacionais de testes independentes, acreditados e reconhecidos por governos e indústrias em seus respectivos países.

Esse foi o caminho encontrado pela Pmesp para resolver suas enormes demandas por renovação após um desastroso período de compras de armamentos de triste lembrança, armas em sua esmagadora maioria de fabricação nacional inadequadas para a tarefa policial que foram paulatinamente descartadas em favor de armamento importado mais moderno, seguro e confiável.

E essa capacidade já está sendo colocada a serviço de outras entidades governamentais de segurança pública brasileiras.

Na recente licitação de pistolas promovida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), na qual a italiana Beretta obteve o primeiro contrato com sua pistola APX, todos os testes de qualificação foram realizados pelo CMB da PMESP, e segundo seu comandante, o tenente-coronel Marco Aurélio Valério, os testes de aceitação dessas armas também serão feitos pelos laboratórios da corporação paulista, indicando claramente um esgotamento do modelo atual que demanda a realização dos testes no CAEx ou Centro de Avaliações do Exército, no Rio de Janeiro.

Imagens: Imbel/Taurus/PMESP/Roberto Caiafa



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