O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais promoveu, na manhã do dia 25 de abril, a cerimônia de passagem do cargo de Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, do almirante-de-esquadra (FN) Fernando Antonio de Siqueira Ribeiro para o almirante-de-esquadra (FN) Alexandre José Barreto de Mattos.
Presidida pelo Comandante da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, a cerimônia militar foi realizada na Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, Centro do Rio de Janeiro, e teve início com a apresentação da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais.
A ocasião marcou a entrega do estandarte do Corpo de Fuzileiros Navais ao Comandante-Geral empossado.
A solenidade contou com a tradicional salva de 17 tiros cerimoniais disparados por antigas bocas de fogo Krupp.
Fazem jus a homenagem os chefes dos Estados-Maiores de cada uma das Forças Armadas, oficiais superiores no cargo de almirante-de-esquadra, general-de-exército e tenente-brigadeiro-do-ar, ministros plenipotenciários de nações estrangeiras, enviados especiais e o Superior Tribunal Militar, por ocasião das sessões de abertura e de encerramento de seus trabalhos
Dentre as autoridades civis e militares convidadas, esteve presente o Comandante da Armada da República da Colômbia, almirante Leonardo Santamaría Gaitán.
Também prestigiaram o evento antigos Ministros da Marinha e Comandantes da Força, antigos Comandantes-Gerais do CFN, Oficiais-Generais das Forças Armadas, representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, convidados e familiares das autoridades.
De acordo com o almirante-de-esquadra (FN) Fernando Antonio, ir para a reserva após 48 anos de serviços prestados à Marinha do Brasil é motivo de grande honra pessoal e satisfação profissional.
"É um misto de alegria, por tudo o que aconteceu ao longo desses 48 anos, e de tristeza, por não fazer mais parte dessa rotina. Mas, por outro lado, é importante vermos a continuidade da nossa instituição bissecular. A gama de atividades que coordenamos tem que passar por outros Comandos, para que haja a natural oxigenação da Instituição. E é uma grande satisfação passar o Comando para um amigo, que tenho certeza que vai dar continuidade a esse trabalho de muitos e muitos anos", afirmou.
Já o almirante-de-esquadra (FN) Alexandre Mattos, revelou suas expectativas ao assumir o posto máximo do Corpo de Fuzileiros Navais.
"A Marinha é responsável por toda a minha formação pessoal e profissional. Ao longo de 45 anos, fui preparado para assumir grandes responsabilidades na minha vida profissional. Agora que cheguei ao último posto e assumi o cargo de Comandante-Geral, vou fazer o melhor que puder em prol da Marinha do Brasil. Minhas expectativas são continuar contribuindo para o engrandecimento da nossa Força e o crescimento do CFN", afirmou o novo Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais. Promovido ao atual posto em março de 2017, o almirante-de-esquadra (FN) Alexandre Mattos exerceu anteriormente o cargo de Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE).
O CFN do século XXI
Dar continuidade a essa missão não será fácil, a julgar pela repetição de termos como "contingenciamento de recursos" e similares, no discurso dos dois almirantes.
Segundo estudos publicados pela Marinha do Brasil, se forem levados em conta os conflitos não-Estatais na América Latina, não há na atualidade nenhum que possa afetar diretamente o Brasil e o Atlântico Sul, no entanto o agravamento da problemática referente à Guerra contra as Drogas vem gerando desdobramentos, inicialmente, para a região amazônica, área de possível emprego para a Marinha do Brasil e, consequentemente, para o Corpo de Fuzileiros Navais.
Como o Brasil vem se inserindo com uma maior projeção no cenário internacional, se faz necessário possuir Forças Armadas condizentes com esta aspiração. O CFN precisa possuir uma estrutura flexível o suficiente para permitir ao fuzileiro naval ter capacidade de se adaptar rapidamente a qualquer situação.
As Forças Navais, porque possuem como características a mobilidade, permanência, flexibilidade e versatilidade, se apresentam como ferramenta adequada para o cumprimento da tarefa de projeção de poder.
O CFN já possui as características necessárias para ser empregado como ferramenta de projeção de poder; no entanto, é necessário um programa de aquisição de variados navios para permitir que o caráter expedicionário possa de fato ser atendido e garantido que a estratégia de dissuasão seja efetiva.
Um primeiro e importante passo nesse sentido foi dado com a aquisição, por oportunidade, do NDM G-40 Bahia (ex-Classe Foudre na Marine Nationale). Esse moderno navio pode transportar até 800 fuzileiros navais, seus equipamentos, veículos, blindados, artilharia, equipamentos de engenharia e demais sistemas, fazendo a projeção de poder da força que vem do mar para terra (a razão de ser do CFN). O navio foi transferido para o setor operativo da Marinha em outubro de 2016.
Entre os armamentos que o CFN adquiriu ou modernizou recentemente, expostos durante a cerimônia, destaque para os veículos da família Astros (Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área).
Referência mundial em sua classe,o sistema de foguetes terra-terra destaca-se por sua grande mobilidade e capacidade de lançar foguetes e mísseis de vários calibres a distâncias entre 9 e 300 km.
Comprovado em combate durante três importantes conflitos, o Astros é versátil, podendo ser utilizado para artilharia de campanha e operação no litoral (artilharia de costa).
Outro importante sistema empregado pelo CFN, o veículo blindado de transporte de tropas M-113, modernizado para o traço B, teve seu programa de entregas finalizado em 2016 (30 exemplares).
Estuda-se agora a modernização dos blindados caça-tanques SK-105A2S, armados com um canhão de 105mm. Leves e versáteis, esses carros estão atualmente passando por uma fase de estudo e uma análise do conceito e do orçamento de viabilidade.
Estes projetos integram o Programa de Consolidação da Brigada Anfíbia no Rio de Janeiro (PROBANF), que visa aumentar o poder de fogo, a capacidade expedicionária, mobilidade e de proteção dos fuzileiros. Dezessete tanques e um veículo de recuperação 4KH7FA Greif foram recebidos a partir de 2001 (aquisição definida em 1998).
Esse programa deverá contar com a participação da Base Industrial de Defesa brasileira fornecendo diversos equipamentos previstos para a modernização.
Imagens: Roberto Caiafa