Realizada pela Marinha do Brasil através do Corpo de Fuzileiros Navais desde 1988, a Operação Formosa é o maior treinamento expedicionário que acontece anualmente no Planalto Central.
Desde o ano passado, a operação passou a incluir efetivo conjunto da Força Aérea Brasileira e do Exército Brasileiro, ratificando a interoperabilidade entre as Forças Armadas.
Fuzileiros Navais: poder de fogo aumentado com participação do Exército e da Força Aérea. Imagem: Roberto Caiafa.
O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil treinando em Formosa, pela 34ª vez, apresentou em 2022, e pelo segundo ano consecutivo, um novo formato do Exercício O Mar Invadiu o Cerrado, que simula um assalto anfíbio da praia para o interior, com a participação de tropas e meios do Exército Brasileiro e aeronaves de combate da Força Aérea Brasileira.
Portanto, a Operação Formosa 2022 foi uma grande ação combinada das Forças de Mar, Terra e Ar, com o protagonismo inicial do Corpo de Fuzileiros Navais e Aviação Naval, e posterior junção por “ultrapassagem” com as forças do Exército, mais o apoio de aeronaves de reconhecimento, ataque e caça da Força Aérea Brasileira.
O Corpo de Fuzileiros Navais empenhou mais de 160 blindados, carros de combate e viaturas operativas na 34ª Operação Formosa, além de artilharia, armas antiaéreas e vasto material de suporte logístico.
Os Super Tucano A-29, A-1M AMX e Hércules C-130 voaram missões pela Força Aérea, enquanto a Aviação Naval operou com helicópteros UH-17, UH-15 e UH-12, além de um elemento de caças AF-1 Falcão.
Juntas, essas aviações somaram 12 aeronaves ao treinamento.
Os obuseiros auto-rebocados de 105 mm Light Gun em ação. Imagem: Roberto Caiafa.
A Operação Formosa contou também com tropas verde-oliva do 32º Grupo de Artilharia de Campanha (Grupo Dom Pedro I), equipado com obuseiros L118 (Light Gun) de 105mm, similares aos empregados pelo Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais.
O Grupo D. Pedro I participou da operação com 5 peças provendo apoio de fogo às atividades desenvolvidas pela Marinha e pela Força Aérea.
O desdobramento no terreno das funções de Linha de Fogo, Central de Tiro e Topografia comprovou a eficiência do emprego do Computador de Tiro do Sistema Gênesis, e serviu também para testar o tiro real do Obuseiro L 118 Light Gun.
Essas unidades operaram de forma conjunta no terreno, trocando experiências e aumentando a cobertura de fogos para bater diferentes alvos apresentados no decorrer do exercício.
Astros 2020 disparando o foguete SS-60. Imagem: Roberto Caiafa.
O CFN, como de hábito, apresentou no terreno todos os seus meios operativos, dos fuzis M-16A2 individuais, passando por metralhadoras MAG, MINI-MI Para e .50, morteiros, armas sem recuo AT-4 e Carl Gustav, lança granadas de 40 mm, dentre outros armamentos.
Na Artilharia, os Light Gun atuaram em paralelo com os veículos lançadores do Sistema Astros 2020, tanto dos Fuzileiros Navais quanto do Exército (que ficam baseados ali mesmo, em Formosa).
Nas operações de Defesa NBQR, uma unidade equipada com material especializado foi empregada para mitigar efeitos de contaminação com armas químicas, bacteriológicas, radiológicas ou nucleares.
Veículos, pessoal e equipamentos foram descontaminados após rigorosos procedimentos que empregam maquinário técnico extremamente oneroso na sua aquisição e manutenção.
UH-17, UH-12 e UH-15, helicópteros da AViação Naval atuando na Operação Formosa 2022 (Imagem: Roberto Caiafa)
Media Day
No último dia do exercício (10), o ministro da Defesa, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o comandante da Marinha do Brasil, almirante Almir Garnier Santos acompanharam pessoalmente o encerramento da Operação Formosa, que começou no último 2 de agosto.
Ambos estiveram acompanhados de diversas autoridades militares e civis.
A preparação, reunião, engajamento e desmobilização posterior reuniu 3.500 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Nesse complexo treinamento, foram usadas todas as aeronaves, blindados, viaturas, armamentos e outros equipamentos de comunicações, logística, saúde, etc.
Forças Especiais e Precursor PQDT (Exército), Comandos Anfíbios e GRUMEC (Marinha do Brasil), PARA-SAR (Força Aérea Brasileira), Operação Formosa 2022. imagem: Roberto Caiafa.
Na demonstração as aeronaves realizaram voos à baixa altura e veículos ASTROS realizaram lançamentos de seus respectivos foguetes.
Participaram da manobra as viaturas M-113, Unimog 5000, MOWAG Piranha III, Carro Lagarta Anfíbio CLANF, caça tanques SK-105 A2S, viaturas lançadoras do Sistema Astros 2020 e os obuseiros 105 mm Light Gun auto-rebocados.
Frações de Forças Especiais dos FE, Precursores Paraquedistas, Comandos Anfíbios e Mergulhadores de Combate, mais um time do PARA-SAR, atuaram de forma decisiva atrás das linhas inimigas em missões noturnas que incluíram salto livre operacional de helicópteros e cargueiros C-130 Hércules, dentre outros perfis operacionais utilizados.
Ao final da demonstração e após uma série de saltos slop com pousos precisos, uma médica EMEM da Marinha, atuando integrada com as duplas de cada time de forças especiais, entregou ao ministro da Defesa Sergio Nogueira de Oliveira uma Bandeira do Brasil.
A Capitão-Tenente (Md) Franciane Zamparetti Callegari, médica radiologista e nuclear com especialização em Defesa NBQR. Imagem: Roberto Caiafa.
A Capitão-Tenente (Md) Franciane Zamparetti Callegari, médica radiologista e nuclear com especialização em Defesa NBQR que teve a oportunidade de saltar “conectada” a um operador de forças especiais da Marinha (salto duplo).
A oficial ressaltou a importância dessa experiência. “Essa foi a primeira vez que participei da Operação com dois saltos, e o último, com a entrega da bandeira do Brasil ao Ministro da Defesa, foi especial”.
Força de Fuzileiros da Esquadra
A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) é a tropa anfíbia da Marinha do Brasil que atua em Operações de Guerra Naval, ações com emprego limitado da força e atividades benignas.
Trata-se de uma força estratégica de pronto emprego, de caráter anfíbio e expedicionário.
Fuzileiros Navais em Formosa (Imagem: Roberto Caiafa)
Em abril desse ano, a Força de Reação Rápida dos Fuzileiros Navais foi certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como nível 3 de prontidão para as Operações de Paz, o mais elevado nível operacional para aquela organização.
A força foi assim a primeira do País a atingir tal certificação, sendo atualmente a única no mundo.
O Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga, destacou os principais desafios para a execução de uma operação desse porte, “o primeiro foi um desafio logístico para trazer essa quantidade de fuzileiros navais e marinheiros do Rio de Janeiro para Formosa, especialmente pela quantidade de equipamentos, viaturas e veículos blindados que trouxemos. O segundo grande desafio é que nós estamos operando com munição real o tempo todo, ela requer tropa qualificada e profissional”.
O blindado 8x8 MOWAG Piranha IIIC equipado com torre manual Platt para arma de 12,7mm (Imagem: Roberto Caiafa)