Caças AF-1 Falcão modernizados, programa de atualização da Marinha completa 10 anos em 2025
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Caças AF-1 Falcão modernizados, programa de atualização da Marinha completa 10 anos em 2025

A verdade é uma só: a Marinha do Brasil precisa adquirir urgentemente uma aeronave de combate mais moderna.
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Um dos A-4K do Kuweit em 1991, na 1ª Guerra do Golfo. 34 anos depois, os remanescentes desses aviões ainda voam na Aviação Naval da Marinha do Brasil. Firma: J.S Cunningham
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A modernização dos jatos McDonell Douglas A-4KU Skyhawk/AF-1 "Falcão" da Marinha do Brasil, foi um contrato anunciado há 16 anos atrás como um programa de eliminação de obsolescência gerenciado pela Embraer Defesa e Segurança em parceria com a ELTA Systems, Elbit Systems e outras empresas de Defesa de Israel. 

Mais uma vez, a empresa norte-americana Kay & Associates teve um importante papel no trabalho de fornecer diversos suprimentos e serviços demandados pela Marinha do Brasil.

Esse programa, cuja assinatura aconteceu durante a LAAD 2009, entregou uma atualização de aviônicos, sensores e sistemas de combate, incluindo um radar mais capaz, e começou a ser executado no ano de 2010, com a primeira aeronave modernizada sendo entregue em 26 de maio de 2015.

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1991, Arábia Saudita, 1ª Guerra do Golfo. Alguns A-4KU da Força Aérea do Kuweit que aparecem nessa foto ainda voam no Brasil 34 anos depois.  Firma: J.S Cunningham

Depois de um longo processo industrial, que anotou inclusive a perda de uma aeronave modernizada entregue (acidente), substituída em contrato, a operação de modernização foi dada como concluída em 2022 após a entrega de apenas seis aeronaves em 12 anos. 

O programa visava originalmente prolongar a vida útil e aumentar a capacidade operacional dos jatos, eliminando diversos gaps tecnológicos.

Retrato nítido de uma Política de Defesa brasileira frágil que não realiza os devidos investimentos em equipamentos e tecnologias atuais, a frota de seis aviões modernizados da Marinha possui sensores com algumas capacidades importantes, porém, essa meia dúzia de aparelhos não disparam mísseis modernos de nenhuma categoria, sejam para combate ar-ar, seja para engajamentos ar-supérfície ou ar-terra em apoio a uma cabeça de praia do Corpo de Fuzileiros Navais durante um assalto anfíbio, por exemplo.

Para efeito de exemplo, vamos falar de uma aeronave de um País vizinho, a Argentina, e seu acanhado jato leve Pampa III, um pequeno treinador de duplo assento inferior ao A-4 em praticamente todos os pontos sobre performance. 

Mas o Pampa III possui a integração digital MIL-STD-1760 combinada com barramento digital data-bus MIL-STD 1553, e portanto pode transportar e lançar armamento inteligente como bombas guadas por GPS do tipo JDAM ou receber pods de sensores táticos e outros equipamentos modernos, que serão reconhecidos naturalmente pelos computadores do avião. 

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O Programa de Modernização foi concluído em 2022, ocasião em que esta foto foi feita. Firma: Marinha do Brasil

De fato, o AF-1 modernizado brasileiro só consegue disparar foguetes não guiados de 70mm, bombas da série MK (81, 82, 84) e seus similares nacionalizados, e quando instalados a bordo, os dois canhões de 20mm, usados para ataque a alvos na superfície/solo e autodefesa. 

Não existem mais mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinder nos estoques do Esquadrão VF-1, e a modernização não previu a integração de nenhuma arma desse tipo, de tecnologia mais recente.

Portanto, o A-4 brasileiro emprega em 2025 exatamente a mesma configuração básica de armamento que esse avião utilizava na década de 1960 do século passado, quando foi empregado em massa pela Marinha, pelos Fuzileiros Navais e pela Força Aérea dos Estados Unidos na Guerra do Vietnam, ou no Conflito das Ilhas Falklands/Malvinas, em 1982, há mais de 40 anos atrás.

Embraer entrega el último caza AF-1B modernizado a la Marina de Brasil
2022: Embraer entrega el último caza AF-1B modernizado a la Marina de Brasil

Trata-se de um vovô que recebeu um novo par de óculos que lhe permite enxergar bem (radar ELTA 2032), que ganhou um novo aparelho de surdez (rádios criptografados com comunicação digitalizada), e ainda foi presenteado com uma sessão de rejuvenescimento (retrofit estrutural, novo sistema elétrico, novo sistema de refrigeração de aviônicos, novo conjunto de antenas de comunicação e recepção/transmissão de dados, novo lay-out de cockpit, sistema OBOGS, etc).

O problema é que, na hora de atirar para se defender ou atacar, os seis aviões brasileiros não conseguem usar nada moderno, obrigando-os a se arriscarem sobrevoando o alvo para lançar suas armas antiquadas, algo que já era totalmente inadequado em 1982, e que teve como resultado o aumento progressivo dos lugares vazios nas mesas dos refeitórios das bases aéreas argentinas após cada missão voada a baixa altura sobre as Falklands.

Há 43 anos atrás. 

Imagine fazer isso hoje, com as defesas missilísticas antiaéreas em camadas que protegem forças tarefas navais a grandes distâncias e altitudes. 

Seria suicídio travestido de bravura frente ao fogo inimigo, e a morte certa.

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O A-4B modernizado operando na Cruzex 2024. Firma: Roberto Caiafa

Traduzindo em miúdos, mesmo com a modernização, a frota brasileira desses aviões continua obsoleta pela falta de integração de armas modernas, e sua arquitetura de sensores e lay-out de cabine servem unicamente para manter atualizados uma pequena massa crítica de aviadores navais de asas fixas, renovada lentamente, já que a formação de pilotos é outro gargalo nos investimentos que anda em paralelo com a pequena quantidade de aeronaves disponíveis para voo.

A modernização dos caças teve como metas:

*Revisão Geral das aeronaves (PMGA); 

*Revisão Geral dos motores (IAI em Israel);

*Radar (Elta 2032);

*HUD (Head Up Display) moderno;

*Dois displays táticos 5”x7”, Color Multi-Function Display (CMFD); 

*HOTAS (Hand On Throttle and Stick);

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Ao longo de 27 anos no Brasil, os A-4 receberam pinturas comemorativas como esta, de 20 anos do Esquadrão VF-1, marca alcançada em 2018. Firma: Roberto Caiafa

*Sistema de geração de energia, com a substituição dos atuais geradores e conversores;

*Sistema OBOGS (On Board Oxygen Generation System), que gerará o oxigênio proveniente da atmosfera para os tripulantes, sem a necessidade de abastecimento das atuais garrafas de oxigênio;

*Rádios Rohde & Schwarz M3AR, que possuem comunalidade com os das aeronaves da FAB, para realizar, automaticamente, comunicação criptografada e que permitirão no futuro a transmissão de dados via data-link; 

*Instalação do Radar Warning Receiver (RWR);

*Instalação do 3º Rádio VHF, capaz de realizar transmissão de dados via data-link, enquanto a aeronave permanece com a escuta dos órgãos ATC (Air Traffic Controler);

*Revitalização do Piloto Automático; 

*Integração do Radar Altímetro e do TACAN; 

*Sistema inercial (EGI) de última geração;

*Integração dos instrumentos do motor;

*Instalação de Estações de briefing e debriefing, possibilitando ao piloto condições de preparar melhor a missão, garantindo assim um maior aproveitamento, economia de utilização dos aviônicos, melhor disposição das informações geradas em vôo para treinamento das equipagens e avaliação das missões;

* Envio dos motores Pratt & Whitney J52-P-408 para a empresa IAI em Israel, para uma revisão completa (overhal), retornando como novos.

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Ao longo de 27 anos no Brasil, os A-4 receberam pinturas comemorativas como esta, de 15 anos do Esquadrão VF-1, marca alcançada em 2013. Firma: Roberto Caiafa

Conclusão: A Marinha do Brasil precisa encontrar uma aeronave substituta até 2028, época prevista para cessar por completo os apoios contratuais ainda existentes a frota de jatos A-4

Isso é inadiável, ou então a Aviação Naval brasileira vai perder, de forma irrecuperável, sua capacidade de manter e operar aeronaves de asas fixas baseadas em terra, ficando restrita somente na operação de helicópteros e drones.

Para quebrar o ciclo de compras de oportunidade com tecnologias obsoletas, e passar a operar aeronaves novas que podem preparar o caminho futuro, fica o exemplo do recente contrato assinado pelos austríacos para receberem 12 jatos Leonardo M-346FA.

As doze aeronaves, do tipo caça e ataque, além da função de treinamento avançado, serão entregues junto com um Simulador de Missão Completo (FMS), um Dispositivo de Treinamento em Nível de Unidade (ULTD), oito kits de Equipamentos de Função para a configuração de Ataque de Caça, doze Dispositivos Montados em Capacete (HMD) e doze interrogadores de Identificação de Amigo ou Inimigo (IFF). 

Também estão incluídos no pacote austríaco um conjunto de Treinamento Baseado em Computador (CBT) para quatro alunos e um instrutor, sete Sistemas de Planejamento e Debriefing de Missão (MPDS), um conjunto de Treinamento Baseado em Simulação com quatro estações de trabalho para pilotos e uma estação para instrutores, um pacote de capacidade Construtiva Virtual ao Vivo (LVC) com Estação de Monitoramento em Tempo Real (RTMS), um Instrutor de Manutenção Virtual, serviços de gerenciamento de programas, integração de mísseis Link 16 e IRIS-T, certificação EMAR21 e integração COM/NAV SBAS.

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O jato italiano Leonardo M-346FA. Firma: Leonardo

 

O pacote de armamento para essa força austríaca consiste em oito pods de canhão Nexter de 20 mm, dezesseis lançadores de foguetes LAU-32 e oito pods de contramedidas eletrônicas SPEAR AECM

Esse contrato entre italianos e austríacos também inclui treinamento para pessoal de voo e técnico e suporte logístico. A aquisição está isenta dos procedimentos de contratação pública da União Europeia, devido à sua natureza governo para governo.

Para o tamanho da Aviação Naval brasileira de asas fixas, um contrato semelhante com relação ao tipo de aeronave e capacidades seria providencial, mas com uma quantidade menor na frota, algo em torno de oito aeronaves. 

Esse arranjo poderia entregar a Marinha do Brasil uma capacidade militar tecnologicamente atual, introduzir sua Avição Naval na seara das smart weapons, conectibilidade e consciência situacional no combate usando datalink e radar modernos, com uma disponibiloidade de dois assentos assegurando a formação e mantenimento/treinamento de uma elite de pilotos navais atualizados e realisticamente doutrinados no emprego de armamento stand-off, mísseis ar-ar e ar-solo modernos, etc. 

Tudo isso para permitir ao Alto Comando do Poder Naval brasileiro ganhar tempo decidir qual será sua aeronave de combate principal, pois o treinamento para esse vetor será outra entrega do M-346FA quando estiver operando em mãos brasileiras. 

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O jato italiano Leonardo M-346FA. Firma: Leonardo



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