Angola busca financiamento brasileiro para adquirir três jatos KC-390 da Embraer

O presidente do Brasil, Luis Inácio da Silva, ao receber o presidente de Angola, João Lourenço, em visita oficial, declarou que Brasil e Angola trabalham juntos para alcançar seu melhor momento comercial, com a ajuda de uma série de acordos firmados na última sexta-feira (23/05), que podem incluir a venda de até três jatos de transporte militar KC-390 Millennium, fabricado pela Embraer. 

Segundo o presidente brasileiro, Brasil e Angola têm instrumentos de cooperação na área da defesa e o Brasil terá um importante papel na modernização da frota aérea e marítima do País africano. “A Embraer está à disposição para atualizar a frota angolana de aeronaves EMB-314 Super Tucano, bem como para fornecimento de aeronaves adicionais desse modelo. O Governo do Brasil também está fazendo gestão junto à Embraer e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para abrir uma linha de financiamento que permita aos angolanos comprar até três aviões KC-390”.

O dirigente brasileiro pontuou na sua fala que "Angola é um bom pagador, e que isso tem de ser levado em conta pelos investidores brasileiros. Alguns dos acordos assinados nesta sexta-feira viabilizarão a retomada das linhas de financiamento, que representarão novas oportunidades para as duas economias".

“Eu vou repetir aqui para a imprensa brasileira escrever em letras garrafais:  Angola sempre foi um bom pagador, e quitou sua dívida com 5 anos de antecedência. Por isso, ninguém tem de ter medo de vender alguma coisa ou fazer qualquer empréstimo à Angola, porque os angolanos são cumpridores dos seus deveres”, disse o presidente brasileiro ao sugerir mais investimentos de empresários brasileiros naquele país.

Esse temor de calote por parte do empresariado brasileiro não é infundado. 

Em um passado recente, o atual presidente decidiu perdoar dívidas de vários países africanos. Durante a era PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil, houve um esforço para renegociar e, em alguns casos, perdoar dívidas de países africanos. O objetivo era estreitar as relações econômicas e políticas com o continente, especialmente em áreas como investimento, comércio e desenvolvimento. 

O Brasil concedeu alívios de dívida a vários países africanos, totalizando cerca de US$ 900 milhões. 

Para citar um exemplo, e de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), atualizados até agosto de 2023, os países africanos, juntos, deviam cerca de US$ 42 bilhões de dólares ao banco. Os países com a maior dívida são Egito (US$ 12,5 bilhões), Angola (US$ 3,1 bilhões) e África do Sul (US$ 3 bilhões).

Pauta Comercial Brasil x Angola

Em encontro no Palácio do Planalto, em Brasília, Luis Inácio e João Lourenço discutiram uma série de temas bilaterais, regionais e multilaterais, com o objetivo de ampliar e diversificar a pauta comercial entre os dois países. “É importante lembrar que o Brasil já teve um fluxo comercial com Angola de US$ 4,5 bilhões, e agora estamos em um patamar de apenas US$ 1,5 bilhão”, disse o presidente. Na estratégia apresentada “é importante que a Petrobras volte a ter uma participação ativa na prospecção e na pesquisa de combustível fóssil e também de petróleo e gás”.

Investimentos

Em seu discurso, o presidente angolano disse que as duas delegações tiveram “momentos de conversas muito proveitosas”, e que “sem sombra de dúvida, vão reforçar ainda mais nossos já muito bons laços de amizade. Queremos ver investimento privado brasileiro em Angola e investimento privado angolano no Brasil”, acrescentou.

E João Lourenço concluiu “Ainda tem muito por construir em termos de estradas, autoestradas, portos, ferrovias, aeroportos, além de infraestruturas de energia e água. Contamos com os empresários brasileiros na execução dessas empreitadas. Acreditamos que isso vai acontecer no interesse de ambos os países”.