R. Torres (Edge): "Queremos fornecedores na América Latina. No Brasil encontramos preços e prazos mais baixos do que na Europa"
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R. Torres (Edge): "Queremos fornecedores na América Latina. No Brasil encontramos preços e prazos mais baixos do que na Europa"

Edge Group anuncia escritório no Brasil, parceria com a Marinha e acordos com Condor, Kryptus, Siatt e Akaer
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Rodrigo Torres, CFO da EDGE Brasil. Foto: Edge Group
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Antes da LAAD Defense & Security 2023 abrir suas portas no Riocentro, no último dia 11 de abril, tornar realidade a 13ª edição do evento era considerado um marco de retorno à normalidade após a Pandemia do Covid 19.

Havia uma unanimidade quanto a isso, e muita expectativa.

Após o encerramento da feira no dia 14, veio a constatação de uma edição surpreendente, ocasião em que surgiu um grande nome que promete impactar forte no mercado brasileiro e sul-americano, “The Edge Group”, dos Emirados Árabes Unidos (EAU).

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O enorme estande do Edge Group na LAAD 2023 exibiu munições de precisão guiadas. Foto: EDGE Group

Alçado à condição de “empresa interessada na compra da Avibras”, informação desmentida durante a LAAD 2023 nesta entrevista, o The Edge Group confirma uma tendência que vem ganhando peso e corpo cada vez maiores, o eixo de cooperação tecnológico/militar Brasil/Golfo Pérsico.

The Edge Group, como toda empresa internacional de grande porte, apresentou na LAAD 2023 seu modelo de negócios e pilares de atuação, do qual falaremos neste artigo mais adiante, mas o mais importante, apresentou um brasileiro estrategicamente posicionado na Base Industrial brasileira, o ex-secretário de Produtos de Defesa, Marcos Degault, como seu novo executivo para os mercados de América Latina, e o experiente Rodrigo Torres, como Chieff Financial Officer (CFO) para o Brasil.

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Marcos Degault (a direita) durante encontro com oficiais do alto comando da Aeronáutica. Foto: Edge Group

Isso é bastante significativo, e o vigor tecnológico e portifólio robusto da empresa, exibido em um enorme estande, serviu como palco para o anúncio de acordos de parcerias e desenvolvimento de produtos, sistemas e serviços com diversas empresas e instituições brasileiras, assim como pavimentou o caminho para a instalação de um escritório da companhia no País.

As propostas e objetivos são ambiciosos, e as tecnologias, impressionantes.

A empresa dos Emirados Árabes Unidos trouxe a LAAD 2023 aplicações militares que empregam tecnologias autônomas avançadas para terra mar e ar, sistemas de armas inteligentes ou smart weapons, e sistemas e capacidades de guerra eletrônica/cyber war.

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O ministro da Defesa do Brasil é recebido no estande do Edge Group por Rodrigo Torres, durante a LAAD Defense & Security 2023. Foto: Roberto Caiafa

Para conhecer um pouco mais sobre esse novo player que se apresenta no mercado sul-americano, Infodefensa entrevistou a Rodrigo Torres, Chieff Financial Officer para o Brasil do The Edge Group.

O que é o The Edge Group?

Criada em 2019 como resultado da fusão de 20 empresas de Defesa e Segurança do mercado interno, por determinação dos Governantes dos Emirados Árabes Unidos, a Edge surgiu para organizar e dar escala as necessidades industriais e preservar o Estado dos Emirados nas questões relativas à soberania do País. A empresa é nova, mas o histórico é de muita experiencia acumulada. Sob esse guarda-chuva do Estado, Edge Group inclusive começou a adquirir algumas empresas estrangeiras de nicho, dentro de um modelo mais global de negócios.

E por que América Latina e Brasil?

A Edge já namora a região há pelo menos três anos. Existe um relacionamento muito forte, e precisamos estar na América Latina por três motivos, o primeiro, obviamente, comercial, entendemos que a região apresenta um enorme potencial de negócios tanto em defesa quanto forças da lei e segurança. O segundo é a questão do desenvolvimento de novas tecnologias em parceria, e o Brasil tem sido muito relevante internacionalmente em várias dessas novas capacidades. O terceiro ponto é o desenvolvimento de fornecedores, de uma cadeia logística. Nós já temos uma ótima experiência com fornecedores brasileiros bem competitivos que oferecem preços e prazos menores que os europeus, por exemplo. Essa é a nossa primeira LAAD, nossa primeira campanha de apresentação, buscamos conhecer o mercado sem pressa, pois a Edge é uma empresa estatal, então não somos caracterizados pelo imediatismo comercial, estamos atuando construindo uma relação estratégica de longo prazo, e o Brasil é fundamental dentro desse processo.

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Rodrigo Torres é um experiente executivo com passagem por grandes montadoras de veículos. Foto: Roberto Caiafa

E como tem sido a visitação das FFAA brasileiras?

Tem sido muito interessante. Os militares da Marinha, Exército e Força Aérea ficaram surpresos com algumas de nossas tecnologias e capacidades.

O que está sendo apresentado pelo grupo na LAAD 2023?

Somos uma empresa de tecnologia, e estamos focados nos semiautônomos de emprego terrestre, aéreo ou naval (drones, embarcações, veículos), na guerra eletrônica (eletronic warfare) e nas chamadas smart weapons, categoria onde entram os mísseis, armas guiadas stand-off. Esses três pilares definem o portifólio de apresentação da Edge na América Latina. Evidente que atendemos um escopo maior de produtos devido a nossa origem segmentada em mais de 20 empresas, portanto também podemos produzir veículos blindados, embarcações e munições, mas o foco é a tecnologia e desenvolvimento de novos produtos. Essa busca pelo novo traz como benefício a não dependência/influência tecnológica de outros países/eixos de interesses, permitindo ao Brasil e aos EAU ampliarem suas possibilidades de negócios complementando capacidades.

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O projeto OPV talhado para o ProNaPa de 500 toneladas. Foto: Edge Group

A imprensa generalista brasileira atribuiu a Edge interesse em comprar a Avibras Aeroespacial e Defesa nos meses que antecederam a LAAD 2023, e curiosamente, os estandes das duas empresas estão um de frente para o outro (risos). A empresa brasileira, que hoje passa por uma crise agravada por uma recuperação judicial, a 3ª em sua história, esteve realmente no “radar” do The Edge Group?

Absolutamente não. Isso nunca existiu. Entendemos e sabemos da relevância e tamanho da Avibras, que possui tecnologias importantes como o Astros, mas até mesmo pela situação que a empresa vive neste momento, não consideramos nenhum tipo de negócio. Como afirmei antes, o The Edge Group tem um pensamento de longo prazo, queremos primeiro conhecer o mercado latino-americano e brasileiro, esse é o nosso pensamento no momento. Assim como a Avibras é importante, a Embraer, a Kryptus, a SIATT, a AKAER, a Condor, empresas com as quais anunciamos algum tipo de cooperação e negócios durante a feira, também são. Estamos conhecendo o mercado local, e essa notícia foi mera especulação.


ROBO TESTE CAEX REMAX4 EDGEO UGV THeMIS ou Tracked Hybrid Modular Infantry System, da empresa Milrem Robotics (Edge Group), foi equipado com um sistema de armas remotamente controlado REMAX 4 e demonstrado após a feira para o Exército Brasileiro. Foto: Edge Group

Teremos fábrica da Edge no Brasil?

Entendemos que a questão da produção local é importantíssima para o Brasil, mas isso tem de fazer sentido do ponto de vista econômico para acontecer. E sabemos o quanto isso é importante, também buscamos esse resultado para os Emirados Árabes Unidos em nossos negócios.

Os programas estratégicos das três forças armadas brasileiras apresentam demandas por sensores sofisticados como radares, equipamentos complexos como navios e sistemas de combate com alto poder de fogo como veículos blindados, mais os serviços logísticos, o treinamento e o gerenciamento desse ativos nacionais. O que The Edge pode oferecer para as Forças Armadas Brasileiras que faça a diferença?

O que The Edge oferece de melhor, e muito importante para o Brasil e América Latina, é a sensível questão do preço de sistemas de armas e tecnologias militares. Nossa empresa entrega sistemas que apresentam a mesma performance do similar ocidental concorrente, ou até superior, em muitos casos, por um valor de aquisição menor e com financiamento diferenciado, dependendo do cliente em tela. Na parte educacional, temos empresas voltadas para o treinamento e capacitação, na guerra eletrônica nossas soluções podem ajudar as FFAA brasileiras a se atualizarem ainda mais nessa importante arena. Também temos um robusto portifólio de mísseis solo-solo, ar-solo e ar-ar que podem complementar as capacidades de um fabricante de aviões, para citar um exemplo, a Embraer Defesa e Segurança (leia-se Super Tucano). Investimos muito em pesquisa e desenvolvimento, prova disso é que assinamos um acordo de desenvolvimento conjunto com a Marinha do Brasil durante a LAAD 2023 visando criar um míssil anti-navio de longo alcance (embarcado) e um míssil supersônico superfície-superfície (defesa costeira) que exceda as capacidades atuais do mercado.

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Cerimônia de anúncio do acordo enre Edge Group e Marinha do Brasil. Na lista, mísseis supersônicos de defesa costeira e mísseis antinavio de longo alcance, mais capazes que o MANSUP. Foto: Edge Group

O que Edge Group alinhou e/ou assinou na LAAD 2023 com as outras empresas brasileiras citadas na pergunta anterior?

Anunciamos acordos estrategicamente importantes para capitalizar sinergias conjuntas para a exploração de oportunidades comerciais mutuamente benéficas com a Condor, líder mundial em tecnologias não letais, com a SIATT, especializada em armas inteligentes e integração de sistemas de alta tecnologia, com a Kryptus, um fornecedor multinacional de criptografia altamente personalizável, confiável e segura, segurança cibernética e soluções de defesa cibernética, e com a AKAER, especializada no fornecimento de soluções tecnológicas na área aeroespacial e de defesa. Os acordos visam fornecer estruturas para o fornecimento conjunto de capacidades críticas para apoiar os usuários finais do País.

Akaer e EDGE assinam MOU durante LAAD (3)

Cerimônia de anúncio do MOU entre a brasileira Akaer e The Edge Group, dos Emirados Árabes Unidos. Foto: Edge Group

 



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