Para que o Brasil precisa de uma fábrica de helicópteros em Itajubá?
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Para que o Brasil precisa de uma fábrica de helicópteros em Itajubá?

A qualidade do helicóptero UH-60M dos EUA é indiscutível, mas a escolha do Blackhawk pelo Brasil é, no mínimo, questionável
Helibras Caiafa
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Em um processo de aquisição conduzido no exterior, o Exército Brasileiro está comprando 12 novos helicópteros UH-60M Blackhawk, fabricados nos Estados Unidos, um pacote avaliado em cerca de US$ 950 milhões, se todas as opções forem exercidas.

Com cadência de entrega absolutamente "lenta", na medida em que o Brasil precisou primeiro aguardar a tramitação burocrática no Congresso Norte-Americano para aprovar a venda, o que aconteceu no mês de maio último (após mais de dois anos), e depois concorrer a uma agenda de entregas com no máximo dois exemplares/ano, completando a dúzia de aparelhos pretendidos por volta de 2030, essa compra precisa de alguns questionamentos.

Helicóptero UH-60M de la Fuerza Aérea mexicana. Imagen: JAQC.Um dos novos UH-60M Força Aérea Mexicana. Firma: Infodefensa

Para um País de dimensões continentais, que passa por mais uma emergência nacional como as enchentes que arrasaram o Estado (Província) do Rio Grande do Sul e expuseram inúmeras deficiências nas Forças Armadas brasileiras e sua capacidade de pronta resposta, demandar seis anos para receber 12 helicópteros por quase um bilhão de dólares ou seis bilhões de reais (junho/24) não parece vantajoso, e fica menos compreensível se o leitor for informado que existe uma fábrica de helicópteros no Brasil precisando de encomendas para manter empregos brasileiros e capacidades industriais conquistadas a duras penas nos últimos 50 anos.

A qualidade do helicóptero norte-americano UH-60M é indiscutível, mas a opção brasileira pelo Blackhawk é no mínimo questionável , ainda mais quando se sabe que o atual Governo vem batendo repetidamente na tecla de total apoio a Base Industrial de Defesa brasileira e, na hora de concretizar isso em compras, coloca praticamente um bilhão de dólares na conta da indústria aeroespacial norte-americana, garantindo empregos nos EUA em detrimento da preservação de empregos e capacidades no Brasil.

Cabina de vuelo de un helicoptero UH-60M con los equipos totalmente digitales. Foto: SemarO cockpit de um UH-60M Blackhawk mexicano. Firma: Infodefensa

Isso fica ainda mais interessante quando se sabe que os helicópteros fornecidos via FMS ou Foreign Military Sales estão condicionados a regras que determinam até mesmo que tipo de armamento pode ou não ser fornecido ao comprador, considerando primeiro o interesse norte-americano. 

Os 12 Falcões Negros que o Exército vai receber até 2030 são bons aparelhos de manobra, transportes de tropas, mas desdentados, sua única opção de armamento limitada a uma metralhadora de alta cadência de tiro, montada na porta lateral da aeronave.

Ou seja, esses helicópteros não disparam mísseis anticarro ou foguetes guiados, e não podem ser reconfigurados com outras armas e sensores sem autorização do fornecedor, o Governo Norte-Americano. 

Os UH-60M não são vetores de armas ou plataformas de combate, mas aeronaves de transporte de emprego militar. 

Traduzindo, pode-se comprar o helicóptero em suaves prestações, mas quem determina o grau de letalidade dessas máquinas é o vendedor, e não o comprador, ou seja, o Brasil não controla o que pode ou não fazer com esses helicópteros que custariam praticamente um bilhão de dólares gerando empregos nos Estados Unidos.

Qual é a vantagem disso?

Helicópteros UH-60M mexicanos, el equipo mas moderno de ala rotativa a su servicio. Foto, García.Dois dos novíssimos UH-60M da Força Aérea Mexicana. Firma: Infodefensa

 A dúvida é legítima, especialmente quando o Brasil possui uma fábrica de helicopteros que precisa de novas encomendas para manter empregos brasileiros e capacidades essenciais para a Aviação do Exército e Aviação Naval, e a máquina que essa indústria oferece é multifuncional, pode ser reconfigurada da função de transporte para ataque, operando mísseis anticarro modernos, a escolha do cliente, sem qualquer limitação de integração, feita pela engenharia brasileira e mantendo o Brasil no controle do nível de letalidade que precisa para se defender.

Essa máquina pode ser revertida para uma configuração utilitária ou de transporte em questão de horas, atendendo as necessidades de tempos de paz.

H-145M durante operações aéreas de resgate: fundamental para salvar vidas.Um H-145 em operação com o CBMMG. Firma: Roberto Caiafa

Considerando o valor do negócio, existe um modelo de helicóptero no mercado que pode atender o Exército Brasileiro com maior retorno para a sociedade brasileira e sua economia, e essa opção é a Helibras e o helicóptero médio biturbina H-145M na versão de cinco pás, que seria produzido sob licença em Itajubá.

A versatilidade desse helicóptero, mais a existência de uma sólida capacidade logística da Helibras no Brasil, incluindo a montagem e manutenção dos motores do modelo pelo Grupo Safran, representa uma possibilidade de negócio que pode ser ainda maior, já que a Aviação de Segurança Pública nos Estados da Federação, Unidades Aeromédico e SAR no País estão equipadas, majoritariamente, com antigas versões do Esquilo/Fennec monoturbina, e poderiam se reequipar com os novos H-145M fabricados em Minas Gerais.

H145M ForceH-145M armado na versão "Force": configuração pode ser revertida para utilitário com facilidade. Firma: Airbus Helicopters



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