Para a realização da Operação “Lançamento de Armas III – 2024” , foram mobilizadas pela Marinha do Brasil as Fragatas “Defensora”, “Constituição” e “Liberal” (remanescentes da classe Niterói), dois caças AF-1 “Skyhawk”, pertencentes ao 1º Esquadrão de Interceptação e Ataque (VF-1), e um helicóptero AH-11B “Super Lynx”, do 1º Esquadrão de Esclarecimento e Ataque.
Durante a comissão, foram, ainda, realizados exercícios de controle de avarias, simulando situações de combate, visando testar e aprimorar a prontidão das tripulações dos navios na resposta a possíveis eventos adversos, como incêndios e alagamentos a bordo.
Lançamento de míssil Aspide 2000: seu substituto, o MBDA Sea Ceptor, entrará em serviço com a fragata Tamandaré. Firma: MB
MBDA Aspide 2000
A parte míssilística do exercício constou de dois disparos do sistema Albatros/Aspide 2000, fabricado pela MBDA e integrado as fragatas classe Niterói durante a atualização de meia vida ou MODFRAG, realizada no início dos anos 2000 no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
O Albatros/Aspide 2000 é um sistema de mísseis superfície-ar naval de origem italiana utilizado como defesa de ponto para fragatas, com design semelhante ao sistema US RIM-7 Sea Sparrow.
Várias peças e componentes são intercambiáveis, sendo possível lançar mísseis Sea Sparrow a partir do Aspide 2000 com pequenas modificações.
O míssil Aspide 2000 é uma variante melhorada do míssil ar-ar AIM-7E Sparrow que utiliza um lançador octuplo US Mk 29, também usado pelo sistema Sea Sparrow.
O momento em que o míssil Aspide 2000 deixa o lançador. Firma: MB
O míssil Aspide é um míssil de radar semi-ativo homing (SHAR). Isso requer que o alvo seja iluminado por um radar de controle de fogo de onda contínua (CW), e somente um alvo é engajado por vez.
É possível combinar o lançador óctuplo com um sistema de armazenamento e recarga com capacidade para mais 16 mísseis. As fragatas classe Niterói possuem esse sistema.
O Aspide 2000, versão mais capaz do míssil, apresenta alcance de 25 km e a altitude máxima de 8 km, e foi adotado pela Itália para uso em várias de suas fragatas. O míssil da MBDA também foi um sucesso de exportação, estando em uso com 16 nações em mais de 70 navios.
Considerado obsoleto para os padrões atuais, o Aspide 2000 deverá ser substituído pelo novo MBDA Sea Ceptor ou CAMM-ER, que introduz o engajamento multi-alvos, maior velocidade e alcance, sendo disparado de um inédito sistema VLS ou vertical launch system instalado na proa das fragatas classe Tamandaré, cujo primeiro exemplar deverá ser lançado ao mar no próximo dia nove de agosto.
O lançador do Aspide 2000 na popa da Fragata Defensora em ação. Firma: MB
Alvo Aéreo Banshee
A interceptação e a destruição simulada de um VANT "alvo aéreo Banshee", confirmou a capacidade de emprego dos caças AF-1 na destruição de alvos aéreos armados de porte reduzido que representem ameaça.
Os caças AF-1 “Skyhawk” se deslocaram da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia para a área do exercício, e após a detecção do drone “Banshee”, lançado da Fragata “Constituição”, as aeronaves interceptadoras foram vetoradas pelo time da Fragata “Defensora”, que realizou a orientação de navegação inicial dos caças, que empregaram os dois canhões de 20 mm sobre o alvo, de forma simulada.
Lançamento do drone/UAV Banshee pela Fragata Constituição. Firma: MB
Além do poder de fogo dos mísseis utilizados, o nível do adestramento dos militares envolvidos foi fundamental para atingir o alcance do propósito do treinamento. “Dias de mar são, também, oportunidades de adestramento da tripulação. A Operação foi igualmente muito bem-sucedida nesse sentido”, avaliou o Capitão de Mar e Guerra Caetano Quinaia Silveira, Comandante do 1º Esquadrão de Escolta.
Nota do Autor: Após o término do estoque de mísseis AIM-9 Sidewinder de curto alcance e guiamento IR, fornecidos junto com os caças AF-1 Skyhawk no final dos anos de 1990, não houve por parte da Marinha do Brasil a compra de um novo míssil ar-ar de qualquer tipo, o que torna o AF-1 Skyhawk mais obsoleto ainda, pois depende inteiramente dos seus dois canhões de 20mm para combates ar-ar próximos, sendo incapaz de lutar na arena BVR ou beyond visual range, apesar de possuir um bom radar a bordo, o israelense ELTA EL/M-2032. Na configuração atual, os seis jatos modernizados, quando atacando alvos de superfície, podem lançar apenas bombas da série MK (MK82, MK83, MK84), sem qualquer tipo de guiamento, foguetes de 70mm e projéteis de 20mm dos dois canhões. Se esse setup já era considerado um completo suicídio na guerra moderna travada em 1982 nas Falklands, que dirá em pleno século XXI.
O drone Banshee na mira do AF-1 Skyhawk (circulo vermelho): abatido com disparos de 20mm. Firma: MB