Tiago Silva (CEO da Edge Latam): “O modelo desenvolvido no Brasil pode e deve ser replicado em outros países da América Latina”
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Tiago Silva (CEO da Edge Latam): “O modelo desenvolvido no Brasil pode e deve ser replicado em outros países da América Latina”

O CEO do grupo dos Emirados Árabes Unidos para a América Latina abordou temas como os mísseis Siatt, Condor não letais, parceria com a Emgepron e tecnologias de segurança pública
Tiago silva edge LATAM CEO
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Tiago Silva, atual CEO do Edge LATAM, assumiu o cargo em julho de 2024 com o objetivo de impulsionar a estratégia de crescimento da empresa na região, com foco em investimentos e parcerias de peso. Ele está liderando a expansão do Grupo EDGE na América Latina, com foco em setores como defesa e segurança pública. 

A região é considerada um foco estratégico para o grupo, devido à crescente demanda por soluções avançadas em sistemas autônomos, sensores e guerra eletrônica. O Brasil, em particular, desempenha um papel crucial como centro de inovação e colaboração para o grupo.

O Grupo EDGE tem realizado investimentos e parcerias estratégicas no Brasil, incluindo a aquisição de participações majoritárias na SIATT (fabricante de mísseis) e CONDOR (dispositivos não letais), empresas brasileiras de tecnologia. 

Além disso, o grupo firmou acordos com a EMGEPRON, empresa naval brasileira, para impulsionar o desenvolvimento de soluções de defesa.

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Tiago Lima, CEO Edge LATAM. Firma: Edge Group

Infodefensa entrevistou a Tiago Lima sobre esses e outros desenvolvimentos recentes e futuros planejados pelo EDGE LATAM.

Infodefensa: A Marinha do Brasil comemorou recentemente seu aniversário, e o EDGE Group marcou a ocasião em seus canais destacando marcos importantes da parceria entre as duas instituições. Qual é o papel da SIATT nessa parceria e o que podemos esperar da empresa nos próximos meses?

Tiago Lima: A SIATT é um pilar fundamental na parceria entre o EDGE Group e a Marinha do Brasil. Desde que o EDGE adquiriu 50% de participação na empresa, em 2023, a SIATT se consolidou como peça-chave no desenvolvimento de soluções de alta tecnologia voltadas à soberania nacional.

Com o investimento do EDGE, a SIATT acelerou significativamente o desenvolvimento do MANSUP, míssil antinavio de fabricação brasileira, em parceria com a Marinha. Trata-se de um projeto estratégico não apenas para o Brasil, mas também em âmbito internacional, dado seu forte potencial de exportação. O MANSUP é símbolo da capacidade tecnológica do Brasil — fruto direto da combinação entre expertise nacional, capital internacional e sólidas parcerias institucionais.

A SIATT também está avançando com o MANSUP-ER, versão de alcance estendido, e outros projetos estratégicos, como o Max 1.2 AC e o SisGAAz. Estamos expandindo nossa presença industrial com uma nova fábrica em Caçapava e uma nova unidade em São José dos Campos, ampliando a capacidade produtiva e abrindo novas frentes para exportação de tecnologias de defesa.

Hoje, a SIATT é um exemplo claro de como a integração entre a indústria nacional e o investimento internacional qualificado pode gerar impacto de longo prazo, fortalecendo o ecossistema de defesa do Brasil e entregando soluções de relevância global.

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O míssil antinavio MANSUP. Firma: MB

Infodefensa: Os recentes protestos nas ruas de Los Angeles, Califórnia, evidenciaram a importância de itens de segurança não letal para o equipamento das forças policiais encarregadas da ordem pública. Qual é o papel da CONDOR na parceria com o EDGE Group no acesso a novos mercados de soluções não letais?

Tiago Lima: A aquisição de 51% da CONDOR em 2024 marcou um movimento estratégico para unir tradição e inovação. Assim como a SIATT, a CONDOR passou a integrar a bem-sucedida trajetória do EDGE Group na América Latina desde 2023.

Ao unirmos forças com uma empresa brasileira consolidada, líder global em tecnologias não letais e com presença em mais de 85 países, ingressamos estrategicamente em um segmento que até então não estava presente em nosso portfólio — fortalecendo ainda mais nossas ofertas de defesa e segurança.

Com o investimento do EDGE, a CONDOR está reforçando sua base industrial no Rio de Janeiro e se preparando para uma nova fase de expansão. Está prevista uma unidade nos Emirados Árabes Unidos para ampliar o acesso a mercados estratégicos na África e na Ásia, além de uma nova planta em São Paulo voltada ao desenvolvimento de soluções tecnológicas, como câmeras corporais e sensores.

Nosso objetivo é impulsionar a evolução da CONDOR para uma nova geração de produtos, combinando sua expertise em tecnologias não letais com a inovação tecnológica que molda o futuro da segurança global.

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O drone CONDOR Drop é uma das tecnologias que estão impulsionando a expansão da empresa em novos mercados. Firma: Roberto Caiafa

Infodefensa: SIATT e CONDOR são exemplos da importância do Brasil no seu Mercado Primário — a América Latina. Dentro da estratégia do EDGE Group, quais outros países latino-americanos podem desempenhar papéis-chave na expansão da presença do grupo no continente e em quais setores?

Tiago Lima: A América Latina é um foco estratégico para a expansão global do EDGE, impulsionada pela crescente prioridade que a região dá à defesa e à segurança pública, além da urgência das demandas operacionais. Esses desafios representam oportunidades significativas para o EDGE aplicar suas soluções avançadas em sistemas autônomos, sensores e guerra eletrônica, fortalecendo a capacidade da região de monitorar e proteger suas vastas fronteiras.

O Brasil exerce um papel central nesse contexto, servindo como plataforma para o crescimento e o desenvolvimento do EDGE em toda a América Latina. Como empresa global, buscamos ativamente oportunidades de investimento internacional e parcerias de longo prazo, pautadas em benefícios mútuos.

Recentemente, nosso Diretor-Geral e CEO, Hamad Al Marar, visitou a Argentina e o Chile para compreender melhor os mercados locais. Nosso objetivo é expandir de forma estruturada e deliberada, sempre respeitando as necessidades específicas de cada governo, ao mesmo tempo em que contribuímos para a segurança regional, a soberania e a autonomia tecnológica.

Hamad Al Marar CEO
Hamad Al Marar, CEO do EDGE Group. Firma: EDGE

Infodefensa: A segurança pública é um mercado vasto e complexo na América Latina. O EDGE construiu parcerias importantes com forças de segurança federais e estaduais no Brasil. Esse modelo pode ser replicado em outros países do continente?

Tiago Lima: O modelo desenvolvido no Brasil pode — e deve — ser replicado em outros países da América Latina. Desde 2023, por meio de parcerias com governos, atores locais e forças de segurança federais e estaduais, demonstramos como tecnologias como drones, sistemas de comando e controle, inteligência e soluções não letais podem enfrentar desafios estruturais.

Cada país latino-americano possui desafios específicos, desde o combate ao crime organizado até a proteção de fronteiras e a segurança urbana. O diferencial do EDGE está em sua capacidade de ouvir, adaptar-se e co-criar soluções com os governos locais de forma ágil, interoperável e escalável.

Infodefensa: O Exército Brasileiro e os Fuzileiros Navais — guardadas as proporções de suas respectivas forças — estão conduzindo importantes programas de modernização e aquisição de novos sistemas. Em quais setores o EDGE Group pode atender às novas demandas das Forças Armadas, considerando o portfólio da empresa?

Tiago Lima: Buscar parceiros globais e construir parcerias de sucesso é um dos pilares da estratégia de negócios do EDGE. Desde o início das operações no Brasil, a estratégia de longo prazo da empresa tem se alinhado a instituições nacionais estratégicas, incluindo Marinha, Força Aérea, Exército e Fuzileiros Navais.

Nos últimos 18 meses no Brasil, o EDGE tem se concentrado fortemente em identificar oportunidades para apoiar as demandas operacionais dinâmicas das Forças Armadas. Nosso portfólio é amplo, modular e altamente adaptável às necessidades específicas de cada força.

De sistemas de vigilância baseados em inteligência artificial a tecnologias integradas de cibersegurança e combate a drones, fornecemos ferramentas escaláveis e interoperáveis para atender às crescentes demandas de defesa e segurança. Também oferecemos tecnologias voltadas à comunicação segura e à vigilância de fronteiras — temas de prioridade crescente na região.

Infodefensa: A Inteligência Artificial tem dominado a discussão sobre novas capacidades de defesa. Ao mesmo tempo, as demandas energéticas para alimentar a IA crescem exponencialmente. O EDGE Group tem planos para esses mercados na América Latina, em conexão com a defesa?

Tiago Lima: A Inteligência Artificial desponta como o principal motor da transformação industrial nos próximos anos — seja nos Emirados Árabes Unidos, na América Latina ou na Europa. Enxergamos seu papel estratégico como base da transformação digital em todos os domínios de alta tecnologia, viabilizando soluções mais eficazes, responsivas e integradas frente aos desafios globais emergentes.

No EDGE, demos um passo decisivo nessa direção ao lançar nosso Centro de Excelência em Inteligência Artificial. Essa iniciativa reúne talentos de ponta, expertise profunda e infraestrutura de última geração em um único hub, guiado pela inovação e pelo compromisso com o avanço das capacidades de defesa e segurança da próxima geração.

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