Gen. Paixão (Brasil): "O Comando de Artilharia importa muito que o radar M200 Vigilante seja um sucesso" (2)
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Gen. Paixão (Brasil): "O Comando de Artilharia importa muito que o radar M200 Vigilante seja um sucesso" (2)

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General-de-brigada Moises da Paixão Junior, Comando de Artilharia do Exército Brasileiro. Foto: Roberto Caiafa
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Nesta segunda parte da entrevista ao Infodefensa.com, dividida em três partes, o general de brigada Moises da Paixão Junior, chefe do Comando de Artilharia do Exército Brasileiro, detalha o simulador SiS-Astros, o moderno sistema de ensino construído no Centro de Treinamento de Artilharia de Mísseis e Foguetes.


Ele também destacou a importância do radar M200 Vigilante, projetado pela Embraer, para o futuro desenvolvimento de um radar de contra-bateria. "É uma tecnologia que outras nações não transmitem e a capacidade brasileira está em um importante nível de maturidade, mas o investimento deve continuar, pois é muito importante para o Comando de Artilharia que esse radar seja um sucesso, pois isso abrirá o caminho trabalhar em uma versão dedicada à contra-bateria", assegurou.


DSC 2963O Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes. Foto: Roberto Caiafa

Como funciona atualmente o Centro de Treinamento de Artilharia de Mísseis e Foguetes?

O Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes realiza a formação do militar que vai operar o Sistema Astros. Desde 2003/2004, quando o general Sinclair James Mayer decidiu concentrar as forças Astros no Forte Santa Bárbara, já ocorriam cursos de instrução e formação/qualificação de pessoal, e essas atividades ganharam mais impulso a partir de 2007. Em 2018, já em instalações próprias, o Centro ampliou os cursos para todo o Brasil, e hoje são oito cursos e sete estágios, com mais dois cursos aguardando aprovação do Estado Maior. Assim que o militar artilheiro chega transferido para o Comando de Artilharia, ele é matriculado, e em dois meses e meio vai aprender o básico sobre a operação Astros, o que torna sua adaptação segura e com excelente aproveitamento ao longo do ano de instrução. 

O que significou a colaboração da Universidade Federal de Santa María?

A importância da simulação, mais que comprovada, ficou em evidência graças a parceria com a Universidade Federal de Santa Maria e seus professores e alunos. As duas mesas táticas digitalizadas, e seus video-walls, e o simulador Sis-Astros tornaram o ensino desse complexo sistema algo muito prático, eficiente e interativo. Pode-se treinar desde o nível escalão superior até o nível sub-unidade, com as estações de ensino primeiro fornecendo ao instruendo o conhecimento individual e posteriormente a simulação virtual ampliando essa instrução para ações coletivas, os militares passando a agir como um time. Para homenagear o trabalho desses professores e alunos, cito a liderança da professora Lisandra Manzoni Fontoura, coordenadora técnica do Sistema Integrado de Simulação ASTROS – Grupo de Mísseis e Foguetes (SIS-ASTROS GMF).  A equipe da professora Lisandra desenvolveu um Simulador Virtual Tático (mesa tática sensível ao toque e vídeo wall), a integração dele com outros simuladores já em uso pelo Exército e softwares para treinar procedimentos em computadores pessoais. Esse grupo também realizou a especificação de requisitos de simuladores do tipo cabine a serem desenvolvidos pela indústria. Estamos agora no processo de revisão dos manuais, pois a nossa doutrina é muito dinâmica. "Onde tudo se inicia", esse é o lema do Centro de Instrução de Mísseis e Foguetes. Aqui realizamos capacitação profissional de recursos humanos em altíssimo nível.

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Alunos do CIAMF realizam o TBC ou treinamento baseado no computador. Foto: Roberto Caiafa

O que você pode dizer sobre a fase atual da Bateria de Busca de Alvos , uma capacidade inédita no Exército?

A busca de alvos pela Artilharia de Campanha, especialmente focada na contra bateria, é hoje vital para o emprego eficaz dessa arma, e não deve ficar compartimentada somente dentro de ações de inteligência e/ou reconhecimento, apesar de somar esforços nesse sentido também. A busca de alvos reativa detecta, localiza o alvo inimigo e fornece a informação para o fogo de contra-bateria, exatamente como temos visto nos combates na Ucrânia. Com a criação do Comando de Artilharia, existe uma previsão de uma bateria de busca de alvos que vai ter como "clientes principais" os dois grupos de mísseis e foguetes. O Estado Maior do Exército determinou as diretrizes doutrinárias, com apoio do Comando de Operações Terrestres, e medidas administrativas estão em curso para seleção de pessoal e sua designação para o Comando de Artilharia. Os manuais da Bateria de Busca de Alvos também ficaram prontos e foram aprovados em abril de 2022. A Bateria de Busca de Alvos vai ser formada de três seções, uma de radar de busca de alvos, uma de vigilância terrestre e uma seção SARP equipado com sistema de aeronave remotamente pilotada. Esse SARP ainda está em estudos para definição, entre outras coisas, do nível de formação necessária ao piloto operador, qual será a logística, a capacidade dos sensores e em qual nível ou categoria ele será enquadrado. 

Que tipo de radares e sensores serão necessários?

Enquanto essa definição não vem do Estado Maior, vamos planejando o que será necessário para o recebimento e operação desse material, de que forma isso será feito e demais ações, por exemplo, a seção de vigilância terrestre vai demandar um radar do tipo SENTIR M20, deverão ser selecionados e fornecidos telêmetros laser/optrônicos portáteis (para citar um exemplo de binocular já avaliado pelo EB, o GIM-LR da Safran Gectronix AG), sensores acústicos/sonoros capazes de reconhecer ruídos, vibrações e assim detectar movimentação inimiga por triangulação, e mesmo balões cativos de observação, suspensos sob a área a ser vigiada e equipados com sensores diversos para uso diuturno. Outro equipamento fundamental, o radar de contra-bateria, será atendido pelo desenvolvimento nacional de uma versão do M-200 Vigilante talhado especificamente para tarefas de contra-bateria. A idéia é começar as entregas pelos equipamentos da seção de vigilância terrestre, mas quem vai definir isso será o Estado Maior do Exército. A questão agora e manter a continuidade desse processo, pois como visto na Ucrânia, a artilharia reconfirmou uma dimensão que na verdade nunca perdeu. A Bateria de Busca de Alvos terá emprego tático, e nas questões estratégicas, as informações sobre os alvos a serem batidos pelos mísseis de cruzeiro deverão vir de uma estrutura maior, envolvendo o escalão superior e a liderança do Estado Brasileiro.

Embraer presenta el Saber M200 Vigilante, el nuevo radar de defensa aérea de Brasil

Apresentação do radar M200 Vigilante na Embraer Campinas. Foto: Roberto Caiafa

O que o radar M200 oferece à Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro?

General Paixão: Em continuidade do que falávamos dsobre busca de alvos, e sobre o radar de contra bateria, podemos afirmar que essa família de radares é fruto de um longo desenvolvimento que começou a muitos anos com o M20 SENTIR, o SABER M60, o M-200S de controle de tráfego aéreo, o M-200 Vigilante para tarefas de vigilância a baixa altura e demais versões planejadas. O prosseguimento do desenvolvimento do M-200 Multimissão é o que mais nos motiva, pois dele pode-se realizar o posterior desenvolvimento do M200 Contra Bateria. Essa é uma tecnologia que outras nações não repassam, e a capacidade brasileira encontra-se em um nível  de maturidade importante, mas o investimento precisa continuar, pois para o Comando de Artilharia importa muito que esse radar seja um sucesso, pois assim estará pavimentado o caminho para os trabalhos de uma versão dedicada de contra bateria. Precisamos observar que um radar multimissão tem suas limitações, e um equipamento dedicado precisa atender as exigentes condições de trajetografia de projéteis, esse é o nosso maior objetivo com a evolução dessa tecnologia de radares nacionais, obtermos essa vantagem militar tecnológica com uma família de sensores totalmente nacional.

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O Simulador Virtual Tático (mesa tática sensível ao toque e vídeo wall) é um dos componentes do SiS-Astros. Foto: Roberto Caiafa



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