No próximo dia 9 de agosto, a Marinha do Brasil e o Consórcio Águas Azuis lançam ao mar a fragata Tamandaré, primeira de sua classe com quatro navios encomendados.
A retomada da construção naval militar de alta tecnologia é o mais importante legado desse programa, mas existem outras importantes conquistas que estes quatro navios estão a proporcionar não só a Marinha do Brasil como para a Defesa da Nação Brasileira.
Com as Fragatas Classe Tamandaré, o Brasil volta a possuir navios de guerra atuais, feitos para o combate, que introduzem capacidades inéditas localmente, mas sobejamente conhecidas ao redor do mundo.
A mais comentada, a capacidade de transportar e lançar mísseis de diferentes tipos usando um sistema de lançadores verticais ou “VLS”, pela sigla em inglês, inserido no casco do navio, na sua proa.
Com essa tecnologia integrada aos sensores, o navio é capaz de lançar mísseis superfície-ar antiaéreos, mísseis de cruzeiro TLAM ou mísseis antinavio.
Esse tipo de sistema já é universalmente empregado pelas marinhas modernas, e de fato o Brasil alcança essa capacidade algumas décadas depois da grande maioria, mas antes tarde do que nunca.
Como Força Naval, o Brasil não está “avançando para o futuro” com estes quatro navios, mas sim eliminando uma distância abissal que havia entre flutuar e combater, entre ser um Poder Naval ou apenas um “Tigre de Papel”.
A Fragata Constituição (F-42) e a Fragata Liberal (F-43) navegam juntas escoltando o NAM Atlântico. Firma: Roberto Caiafa
Fragatas Classe Niterói
De projeto original britânico, as fragatas classe Niterói, construídas no Reino Unido e no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, foram essenciais para que a Marinha sobrevivesse a um longo e difícil período de transição, abandonando conceitos da primeira metade do século XX para tentar acompanhar as mudanças da segunda metade, dominada pelo conceito da “Guerra Fria”.
Esses seis navios, entregues entre 1976 e 1980, introduziram os mísseis superfície x superfície do tipo MM40 Exocet, mísseis de defesa antiaérea de ponto do tipo Áspide 2000, torpedos MK.46 anti-submarino em reparos triplos, um canhão naval de 4,5 polegadas MK8 e duas estações CIWS com canhões de fogo rápido Bofors de 40mm.
Seus sensores radar e sonar tinham um bom desempenho, e o convoo na popa operava helicópteros do tipo Lynx e Fennec, com serviços de hangar e espaço para um Destacamento Aéreo Embarcado (DAE).
A Fragata Liberal (F-43) lança o seu AH-11B Wild Lynx do 1° Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (EsqdHA-1). Firma: Roberto Caiafa
Por mais de 40 anos, essa pequena frota de seis escoltas suportou o peso de enormes responsabilidades atuando em águas nacionais ou participando de missões de paz das Nações Unidas/ONU, apresentando um desempenho satisfatório apesar dos inúmeros problemas operacionais causados pela obsolescência de seus sistemas.
Hoje, as cinco fragatas sobreviventes continuam operando (a Niterói foi aposentada em 2019), mas todas serão desativadas à medida que as novas classe Tamandaré forem aceitas pelo Setor Operativo da Esquadra.
Mais Tamandaré
O Brasil, com seus vastos recursos naturais, uma costa de quase 8 mil km e um mar territorial repleto de óleo e gás, não pode se contentar em construir apenas quatro fragatas classe Tamandaré.
A Fragata Niteroi (F40), desativada em 2019, é vista aqui ao lado da Constituição (F42), na Base Naval do Rio de Janeiro. Firma: Roberto Caiafa
Mais dois lotes de quatro navios, totalizando uma frota de 12 fragatas Meko já seria um compromisso mais condizente com as necessidades de defesa naval brasileira. A extensão do contrato para apenas mais dois navios, como noticiado até o momento, é claramente insuficiente.
Também existe espaço para que a Marinha do Brasil volte ao tema de navios de maior deslocamento e complexidade, como fragatas de seis mil toneladas, e novas alianças com diferentes parceiros internacionais podem surgir para atender essa demanda.
Italianos e sul coreanos, além dos alemães, oferecem projetos, sensores e armamentos em negócios que podem incluir a nacionalização e produção local, para proporcionar a Marinha do Brasil uma classe superior de navios nos próximos anos.
A fragata União (F45) com sua tripulação em Postos de Continência a Autoridade. Firma: Roberto Caiafa