A-29N: Como são os aviões com padrão OTAN que Embraer vai produzir em Portugal
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A-29N: Como são os aviões com padrão OTAN que Embraer vai produzir em Portugal

O A-29N é o resultado da experiência da EDS no desenvolvimento de uma plataforma turboélice para o programa US LAS
CAPA NATO ST
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Apresentado pela Embraer Defesa e Segurança durante a LAAD 2023 em meados de abril, o Super Tucano OTAN (A-29N) gerou muitas especulações sobre quem vai fabricar exatamente o que, por quem e onde isso vai acontecer.

O curto e seco anúncio oficial da Embraer sobre o Memorando de Entendimento, divulgado na segunda (24) listou as quatro empresas portuguesas previamente conhecidas: Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto - CEiiA, Empordef Tecnologias de Informação, S.A. - ETI, GMVIS Skysoft, S.A. - GMV e a OGMA S.A. e acrescentou “aspas”, obviamente muito positivas, de seus executivos em comando.

Mas o Super Tucano OTAN não começou a sua história nesse anúncio em abril de 2023.

De fato, em 2018 já surgem declarações de executivos da Embraer mostrando que a empresa estava gestando um novo Super Tucano.

SUPER TUCANO BROCHUREa   ES may 2018 29A compatibilidade OTAN do A-29N permite usar o avião em cooperação com tropas no solo. Imagem: EDS

Isso está sendo feito através de um intenso trabalho para desenvolvimento e integração de sistemas envolvendo o A-29N, de modo que este atenda às necessidades dos países membros da Organização Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante as fases de desenvolvimento (atual), produção (próxima) e suporte à operação em vida útil.

A Embraer em Portugal (leia-se OGMA) e a Força Aérea Portuguesa tiveram um importante papel durante os primeiros anos desse desenvolvimento.

Ponto de Partida

A configuração que dá origem ao A-29N é resultado da experiência da EDS no desenvolvimento de uma plataforma turboélice para o Programa LAS, da Força Aérea dos Estados Unidos da América.

A Embraer e a empresa norte-americana Sierra Nevada modificaram ou melhoraram diversos pontos da aeronave, além de introduzir capacidades novas necessárias para um avião de ataque ágil capaz de executar missões CAS (close air suport), caça-helicópteros, ataque-leve, escolta aérea e patrulhamento de fronteiras, dentre muitas outras, especialmente a noite.

SUPER TUCANO BROCHURE   ES may 2018 68O A-29N é capaz de executar ataques noturnos de precisão com armamento guiado stand-off. Imagem: EDS

Para atender ao Programa LAS, a célula do Super Tucano recebeu reforços estruturais e pontos de fixação para placas de blindagem composta, leves e extremamente eficientes, colocadas nas laterais da fuselagem central e na região ventral abaixo do cockpit.

Ao que tudo indica, isso vai ser mantido no A-29N.

Os dois pontos duros (hard-points) em cada asa foram otimizados com cabides mais modernos, digitalizados, que reconhecem o armamento instalado e atualizam o sistema de combate da aeronave com dados sobre a quantidade de munições disponíveis, sendo capazes de lançar bombas guiadas stand-off e mísseis com alcance suficiente para evitar que a aeronave sobrevoe as defesas antiaéreas inimigas.

O novo databus que está sendo integrado ao A-29N, com suas cablagens e conexões, assim como o seu software nativo, processam e disponibilizam os dados de armas e sensores para o piloto de forma limpa e rápida nas três telas multifuncionais a cores, no painel frontal e no head-up display grande angular.

Tudo preparado para emprego de óculos de visão noturna de geração avançada, em missões de grande complexidade operacional, tanto empregando os modelos de NVG adaptados ao capacete, mais antigos, quanto os novos sistemas incorporados as viseiras dos pilotos.

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O painel do A-29N é dominado pelas tres telas MFD coloridas, um HUD grande angular e um painel frontal de comando. Imagem: EDS

O A-29N também vai dispor da capacidade single-pilot operation (quando apenas um piloto comanda o avião). 

Tecnicamente, o A-29N deverá ser capaz de transportar e lançar, usando as estações das asas, mísseis anticarro guiados do tipo HellFire/Spike/ similares (cabide para dois mísseis por estação), bombas guiadas a laser/gps/radio de vários tipos, loitering munitions ou drones ISR, mísseis ar-solo diversos, e mísseis ar-ar para autodefesa. 

Os cabides internos e o cabide central serão “molhados” para receber tanques de combustível extras, alijáveis. 

Cada País usuário poderá adicionar seus “módulos” de armamentos ao sistema central via upload de atualizações de software.

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As duas metralhadoras de 12,7mm devem ser mantidas no A-29N. Imagem: EDS

As duas metralhadoras de 12,7mm devem ser mantidas, já que trocá-las por canhões de 20mm envolveria adicionar mais peso ao avião e a execução de custosas modificações e testes demorados.

No ventre da aeronave, mais próximo do nariz, o A-29N vai receber um novo sistema EOS (eletro-optical system) com designador de alvos laser, câmeras infravermelhas, CCD a cores e visão termal, de longo alcance, usados para detecção, designação e seguimento automático de alvos estáticos e móveis.

Leve e compacto, esse EOS é giro estabilizado e apresenta alta resolução de imagens. 

Fundamental para as missões noturnas de ataque, esse sensor terá como principal caraterística a sua fácil integração ao A-29N, baixo peso e conexões robustas com os sistemas de comunicações e datalink OTAN a bordo, permitindo distribuir inteligência e atualizar a execução de missões em voo, se necessário.

SUPER TUCANO BROCHURE   ES may 2018 2O EOS no ventre da aeronave, mais próximo do nariz, é fundamental para o sucesso em combate do A-29N. Imagem: EDS

O sistema também deverá incorporar os modos IFF e RWR da Aliança, de modo a fornecer ao piloto consciência situacional e alerta em missões reais com amplo emprego de guerra eletrônica (jamming), visando aumentar a sobrevivência da aeronave. 

A suíte defensiva deverá contar com um sistema MAWS (alerta de aproximação de míssil), lançadores de chaffs e flares, e capacidade para empregar decoys.

O A-29N deverá aproveitar toda a experiência de suporte pós-venda da Embraer para as 260 aeronaves Super Tucano entregues, acrescentando a otimização da manutenção padrão NATO.

Esses trabalhos de manutenção da frota A-29N deverão ser concentrados possivelmente em Alverca ou Beja, sendo a segunda base aérea a preferida para a instalação de uma Escola Internacional de Formação de Pilotos, tanto oriundos de países da Aliança quanto de países africanos sob influência portuguesa (ex-colônias).

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O simulador de missão 180º do A-29N deverá ser conectado em rede, dentre outros recursos. Imagem: EDS

Isso é importante para reforçar que o A-29N também é um treinador avançado especializado e multimissão, capaz de formar com rapidez e qualidade pilotos que irão voar os jatos de combate da primeira linha das nações usuárias.

O uso de simuladores para o A-29N, sofisticados e de alta resolução, conectados em rede, será essencial nessa tarefa de formação, economizando preciosas horas de voo/combustível e reduzindo o desgaste da frota. 

Voar no mundo real, somente quando for absolutamente necessário e imperativo.

Quanto a motorização que será empregada pelo A-29N, ainda não foram divulgados maiores detalhes, mas acredita-se que o propulsor atual, o confiável turboélice Pratt & Whitney PT6A-68C de 1.600 s.h.p deverá ser mantido, possivelmente recebendo algumas melhorias para elevar sua potência a casa de 2000 s.h.p. 

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O portifólio de produtos aeronáuticos da Embraer Defesa e Segurança. Imagem: Embraer



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